O varejo de Ribeirão Preto voltou a registrar queda nas vendas, depois de começar o ano com novo fôlego – fechou janeiro com alta de 1,36%, mas depois já são seis resultados negativos seguidos. Em julho, houve retração de 2,9% em comparação com o mesmo período de 2017, quando o setor encerrou o mês com leve crescimento de 0,08%.
Em junho, houve retração de 1,95% em relação ao mesmo período de 2017, quando o setor encerrou o mês com recuo de 1,58%. Neste ano, fevereiro terminou com retração de 2,36%, assim como março, com 1,99%, e abril, de 2,59%. Em maio, porém, o recuo foi de 3,99% em comparação com o mesmo período de 2017, quando os lojistas já haviam constatado baixa de 1,56%. A queda foi uma das mais relevantes dos últimos anos, reflexo da greve dos caminhoneiros que parou o País.
Os dados são da Pesquisa Movimento do Comércio, realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp), divulgados nesta segunda-feira, 20 de agosto. As vendas do setor subiram 0,38% em dezembro – o Natal ajudou a interromper uma sequência de três meses seguidos no “vermelho”, mas o carnaval interrompeu a boa fase. Entre as empresas entrevistadas em julho, 63,8% consideraram as vendas de 2018 piores do que as do ano anterior, enquanto 29,8% disseram o contrário e para 6,4% os dois períodos foram equivalentes.
As vendas no varejo ribeirão-pretano caíram 1,13% no acumulado do ano passado. O índice foi melhor do que os de 2016 (queda de 2,73%) e 2015 (recuo de 3,78%) e pior que a retração de 0,46% de 2014. O pior resultado de 2017 foi registrado em outubro – nem o Dia das Crianças conseguiu segurar os negócios do setor –, com recuo de 2,84%, apesar de o Sincovarp ter informado em fevereiro que o resultado foi de -2,68% com ajustes.
Em novembro a queda foi de 1,21% e, em setembro, as vendas recuaram 0,63%, depois de registrar crescimento de 1,13% em agosto e de 0,08% em julho. O sindicato já havia registrado queda de 1,58% em junho, 1,56% em maio, 1,78% em abril, 0,87% em março, 2,47% em fevereiro e 1,97% em janeiro.
Setorial
Entre os setores, o pior resultado foi apresentado por vestuário (7,25%) seguido por móveis (5,60%), ótica (4,35%), tecidos/enxoval (3,35%), presentes (1,80%), livraria/papelaria (1,15%), eletrodomésticos (0,72%) e calçados (0,35%). Nenhum segmento apresentou crescimento.
Emprego
Com relação aos postos de trabalho, a pesquisa registrou queda de 0,19%, que pode ser interpretada como estabilidade. Entre as empresas entrevistadas, 93,7% mantiveram o quadro funcional em julho, 4,2% delas demitiram e 2,1% contrataram. Os segmentos de eletrodomésticos e calçados demitiram, mostrando redução de seus quadros em 1,14% e 1,04%, respectivamente, enquanto o de tecidos/ enxoval contratou, aumentando seu quadro em 0,47%.
Análise
Segundo Marcelo Bosi Rodrigues, economista responsável pelo estudo, no campo macroeconômico, os números estão relativamente dentro do controle, exceto quando surge uma incerteza internacional e joga o dólar para cima e as bolsas para baixo, contribuindo para o fraco desempenho da economia real.
“O país precisa urgentemente de uma definição: ou vamos continuar a deixar tudo nas mãos do Estado, com uma carga tributária insana e caminhar para o socialismo ou abandonamos de vez essa ideia e fortalecemos o liberalismo econômico, a livre iniciativa e o empreendedorismo. No atual momento, a indefinição está nos paralisando e mantendo a economia em banho maria”, explica. Para Rodrigues, a economia que já vinha tendo dificuldade para crescer desde o início do ano perdeu ainda mais a força após a greve dos caminhoneiros.
“O país se encontra em compasso de espera pelas eleições federais e enfrenta uma grave crise de identidade ideológica, com o poder judiciário corporativista, hora intervindo em uma direção, hora em outra, dando a impressão de que as instituições não têm um rumo definido a seguir e, na verdade, em geral o caminho é atuar em benefício próprio. Se tem um ponto em que existe consenso é quando o assunto é aumento do próprio salário, do resto, ‘cabe recurso’”, finaliza.