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Comércio: muitos não vão reabrir

JF PIMENTA

Segundo levantamento re­alizado pela Vendrame Con­sultores, entre os dias 29 de junho e 3 de julho, com nove mil negócios, somente 35% das empresas no Brasil busca­ram produtos e serviços volta­dos para a biossegurança dos colaboradores em meio a pan­demia do novo coronavírus (covid-19). Ou seja, 65% das empresas não estão seguindo portaria publicada no Diário Oficial da União no dia 18 de junho de 2020, que estabelece todas as medidas a serem se­guidas visando à prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão da covid-19 nos ambientes de trabalho, en­tre elas, a sanitização.

Dorival Balbino: “Diante das dificuldades financeira para pagar funcionários e fornecedores e mesmo da falta de perspectiva, saber que um terço dos empresários já teria se preparado para a reabertura segura e responsável não é um número de todo ruim”

Mas o problema é ainda maior. Muitos não consegui­rão reabrir as portas. É o que avalia o presidente da Asso­ciação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto – Acirp. “Qualquer estatística sobre como as empresas têm se comportado ou podem vir a ser comportar quando as res­trições forem relaxadas tem que considerar que muitos empresários já nunca mais irão mais abrir as portas de seus negócios, outros abrirão com a capacidade extrema­mente reduzida e outros ainda estudam como e se voltarão a funcionar”, disse Balbino.

Balbino comentou os nú­meros da pesquisa nacional. “Diante das dificuldades finan­ceira para pagar funcionários e fornecedores e mesmo da falta de perspectiva, saber que um terço dos empresários já teria se preparado para a reabertura segura e responsável não é um número de todo ruim”.

O presidente da Acirp ex­plicou que a entidade tem rea­lizado campanhas junto a seus associados para esclarecer e conscientizar sobre a impor­tância dos protocolos sanitá­rios nos setores do comércio, serviço e indústria. Para isso foram produzidas cartilhas, re­alizadas visitas aos associados e promovidas lives sobre as me­lhores práticas.

Abertura responsável
A associação defende a abertura responsável e gradual do comércio, bem como dos setores de serviços e de bares e restaurantes e diz que, por isso, tem total ciência de que seguir as recomendações dos especia­listas em saúde e epidemiologia é fundamental. “Porém, em Ri­beirão Preto, onde o comércio segue há mais de 120 dias ou fechado ou extremamente res­tringido, a situação das empre­sas é tão grave que muitos não tem mais perspectivas de aber­tura”, salientou em nota.

Acirp defende a abertura responsável e gradual do comércio, bem como dos setores de serviços e de bares e restaurantes

Pesquisa
Ainda de acordo com os dados lavantados pela Ven­drame Consultores, dentro do cenário atual, o investimento em medidas de biosseguran­ça ainda deve crescer cerca de 25%, devido a abertura gra­dual das atividades, chegando a 40% no total. São Paulo, o estado com o maior número de infectados pela covid-19 no Brasil, lidera o ranking de busca pelos serviços, seguido por Goiás e Mato Grosso.

Empresários do ramo de alimentação esperam retorno lento dos clientes aos estabelecimentos
Apesar da liberação gradual do funcionamento de bares, restau­rantes, buffet e outras atividades do segmento de alimentação em algumas cidades (Ribeirão Preto não está nesta lista e continua com os estabelecimentos fechados) os donos de pequenos negócios do setor enfrentam, a partir de agora, o desafio de atrair novamente os clientes.

Em pesquisa online realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurante – Abrasel, entre 28 de maio e 08 de junho, 71% dos empresários avaliaram que menos da metade da clientela vai retornar aos estabelecimentos de alimentação nos 30 primeiros dias posteriores à reabertura. Na opinião de 53% dos entrevistados, a segurança sanitária é o critério mais importante nesta retomada, seguido pelo fato de que os clientes devem voltar a frequen­tar primeiramente os locais que já costumavam ir (20%).

Ao todo, 1.532 empresários, de 26 estados e do Distrito Federal, foram ouvidos pela Pesquisa “Situação e Perspectivas do Segmento de Alimentação Fora do Lar”, sendo 32% deles Microempreendedor Individual (MEI), 28% Microempresa (ME), 37% Empresa de Peque­no Porte (EPP) e 2% composto por médias ou grandes empresas. A maioria dos participantes possui apenas uma empresa no ramo da alimentação, com predominância de restaurantes, lanchonetes e similares que operam em lojas de rua.

De acordo com o levantamento, antes da pandemia, 70% dos negócios estavam com situação financeira estável ou crescendo e investindo (19%), porém com o avanço da covid-19, 54% tiveram perdas acima de 75% no faturamento, com destaque para serviços de Buffet, que foram mais impactados. A pesquisa apontou ainda uma diferenciação do impacto nos estabelecimentos que funcionam dentro de shopping centers, que sofreram mais com os efeitos da pandemia (quedas acima de 75% para 82% deles), assim como os que estão dentro de clubes e academias, hotéis ou prédios corpora­tivos (redução acima de 75% para 70% deles); enquanto os que têm lojas de rua, 47% apresentaram queda.

Na visão do presidente do Sebrae, Carlos Melles, a pesquisa res­salta a importância de garantir a segurança de clientes, funcionários e fornecedores para uma retomada segura nos estabelecimentos de alimentação fora do lar. “Estamos diante de um novo momento de consumo e, mais uma vez, o empreendedor precisa se reinventar para atrair clientes para dentro de seus negócios. É fundamental comuni­car com transparência as adaptações providenciadas e os cuidados com a segurança dos alimentos, com o distanciamento entre clientes e a devida higienização do espaço”.

O presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, destaca a situação crítica que milhares de empreendedores do setor enfrentam por todo o Brasil. “A pesquisa nos ajuda a mapear as necessidades e os enormes desafios que bares, restaurantes e lanchonetes estão encarando. Em algumas cidades já estamos há quase quatro meses fechados; em outras, só nos permitem abrir as portas com restrições que podem inviabilizar o negócio. Mas o importante é que estamos preparados para a retomada. A própria pesquisa mostra que os em­presários entenderam a importância de se adaptar para reconquistar a confiança do cliente”, afirma.

Impactos no funcionamento
O segmento de alimentação fora do lar foi um dos primeiros a sofrerem os impactos das medidas preventivas do isolamento social e fechamento do comércio para impedir a transmissão da covid-19. Enquanto 31% dos negócios fecharam temporariamente ou de vez, a maioria que conseguiu se manter apostou no delivery ou no drive thru/take out (retirada no local). Aliás, a pandemia transformou os serviços de entrega em uma necessidade para aqueles negócios que buscaram alternativas para continuar com a cozinha em funciona­mento mesmo diante das restrições.

De acordo com a pesquisa, 72% das empresas estão realizando delivery, sendo que que 1 em cada 4 começou a utilizar o serviço de entregas durante o período. Apesar de 60% das empresas do setor utilizarem delivery por meio de aplicativos, apenas 21% dos empre­sários estão satisfeitos com os serviços oferecidos. O levantamento mostra ainda que o delivery feito pela própria empresa tem sido uma opção muito considerada, sendo utilizada por 69% das empresas. Na hora de escolher o tipo de delivery, os empreendedores avaliam prin­cipalmente o conhecimento do consumidor sobre o aplicativo (26%), a possibilidade de delivery próprio (25%) e taxas mais baixas (21%).

A pesquisa também destaca que os negócios do ramo da alimen­tação fora do lar fortaleceram a presença nas redes sociais, principal­mente no Instagram (59%) e no Whastapp (57%). Ao mesmo tempo, o levantamento aponta que 58% dos empresários não tiveram iniciativa para promover o negócio com ações diferenciadas que poderiam aju­dar a minimizar as perdas durante a crise, como a venda de vouchers, campanhas específicas, ações de solidariedade, entre outras.

Dados da pesquisa Sebrae
– Apenas 22% conseguiram empréstimo desde o começo da crise. Os bancos foram as instituições financeiras mais procuradas.
– A renegociação foi uma alternativa para muitos empresários. 68% tiveram que renegociar o aluguel. Além disso, 65% tiveram que renegociar dívidas ou prazos com os fornecedores.
– Em relação à mão de obra, 45% demitiram, 55% suspenderam contratos e 51% reduziram a jornada de trabalho/salário.
– 38% dos empresários acreditam que o setor vai demorar entre 6 e 12 meses para voltar ao nível antes da crise.

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