O varejo de Ribeirão Preto fechou 2018 com queda de 1,74% nas vendas, a quinta retração seguida – o último balanço anual positivo do setor foi constatado em 2013, com crescimento de 1,23%. Os lojistas da cidade já haviam constatado déficit de 1,13% no acumulado de 2017. O índice do ano passado, porém, foi melhor do que o de 2016 (queda de 2,73%) e de 2015 (recuo de 3,78%) e pior que o recuo de 0,46% de 2014.
Os dados da Pesquisa Movimento do Comércio foram divulgados nesta quarta-feira, 20 de fevereiro, pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp). “Esse resultado aponta no sentido de um aprofundamento da crise econômica para o segmento, que vem sofrendo quedas sucessivas desde 2014”, explica Marcelo Bosi Rodrigues, economista responsável pelo estudo.
No ano passado, o comércio de Ribeirão Preto fechou dez dos doze meses no “vermelho”. Em dezembro, nem o Natal ajudou e as vendas caíram 0,60% em comparação com o mesmo período de 2017. O varejo ribeirão-pretano havia interrompido a série de déficits com leve recuperação de 0,79% em agosto, depois de seis meses de déficit. Até então, os lojistas só haviam obtido saldo positivo em janeiro, com aumento de 1,36%.
Em setembro houve retração de 0,39%. Em 2018, em Ribeirão Preto, houve recuo de 2,9% em julho e junho fechou em queda de 1,95%. Fevereiro terminou com baixa de 2,36%, assim como março, com 1,99%, e abril, de 2,59%. Em maio, porém, caiu 3,99%. Foi um dos mais relevantes resultados negativos dos últimos anos, reflexo da greve dos caminhoneiros que parou o País. Em novembro houve queda de 3,12%, o terceiro pior do ano, atrás do de maio, com retração de 3,99%, e do de outubro, de 3,19%.
Os nove setores pesquisados fecharam o ano no “vermelho” e o pior resultado foi registrado no de livraria/papelaria (-2,91%), seguido por seguido por cine/ foto (-2,60%), tecidos/enxoval (-2,41%), ótica (-2,40%), presentes (-1,71%), eletrodomésticos -(1,61%), vestuário (-1,16%), calçados (-0,67%) e móveis (-0,23%).
Segundo Rodrigues, para o início de 2018 a expectativa era de uma lenta recuperação das vendas. “Por conta das turbulências envolvendo o curto e polêmico governo Michel Temer, o ano acabou mostrando sucessivos resultados negativos, principalmente na época da greve dos caminhoneiros ocorrida em maio”, observa.
Empregos
No que se refere ao emprego, o resultado foi de uma leve queda de 0,17% nos postos de trabalho em 2018. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia, o saldo do comércio local, ano passado, foi de 1.770 carteiras assinadas, com 28.043 contratações e 26.273 dispensas.
“Levando-se em consideração as quedas sucessivas das vendas nos últimos sete anos, o número relativo ao emprego não reflete o momento negativo enfrentado pelo varejo, demonstrando que o comerciante tem optado por manter os postos de trabalho, uma vez que as lojas já estão com seus quadros funcionais bastante reduzidos”, analisa Rodrigues.
Entre os setores, embora as movimentações oscilem entre positivas e negativas, a maioria se mantém perto da estabilidade, com variações menores que um ponto percentual para cima ou para baixo. Apenas cine/foto teve redução dos quadros funcionais durante o ano de 1,04%.
Modalidade de pagamento
No que diz respeito a modalidade de pagamento utilizada no comércio não houve surpresa. A tendência de utilização do cartão de crédito vem se confirmando a cada ano e, em média, representa 54,15%. Pagamentos à vista somaram 35% e os a prazo, com cheques pré-datados ou carnês, 10,85%.