O varejo de Ribeirão Preto interrompeu a série de queda nas vendas depois de seis resultados negativos consecutivos e fechou agosto com leve alta de 0,79% em comparação com o mesmo período do ano passado. A celebração do Dia dos Pais ajudou a alavancar os negócios. Apesar do crescimento ínfimo, os lojistas estão mais otimistas para o Natal. Até então, o comércio ribeirão -pretano só havia obtido saldo positivo em janeiro, com aumento de 1,36%.
Em julho, houve retração de 2,9% e junho fechou em queda de 1,95%. Fevereiro terminou com recuo de 2,36%, assim como março, com 1,99%, e abril, de 2,59%. Em maio, porém, a baixa foi de 3,99%%. Foi um dos mais relevantes resultados negativos dos últimos anos, reflexo da greve dos caminhoneiros que parou o País. Os dados são da Pesquisa Movimento do Comércio, realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp), divulgados nesta quinta-feira, 20 de setembro.
As vendas do setor subiram 0,38% em dezembro – o Natal ajudou a interromper uma sequência de três meses seguidos no “vermelho”, mas o carnaval interrompeu a boa fase. Entre os empresários entrevistados, 47,9% declararam que as vendas de agosto de 2018 superaram as do mesmo período do ano passado, enquanto, 45,8% consideraram o contrário e, para 6,3%, os volumes vendidos foram equivalentes.
As vendas no varejo ribeirão-pretano caíram 1,13% no acumulado do ano passado. O índice foi melhor do que os de 2016 (queda de 2,73%) e 2015 (recuo de 3,78%) e pior que a retração de 0,46% de 2014. O pior resultado de 2017 foi registrado em outubro – nem o Dia das Crianças conseguiu segurar os negócios do setor –, com recuo de 2,84%, apesar de o Sincovarp ter informado em fevereiro que o resultado foi de -2,68% com ajustes.
Em novembro a queda foi de 1,21% e, em setembro, as vendas recuaram 0,63%, depois de registrar crescimento de 1,13% em agosto e de 0,08% em julho. O sindicato já havia registrado queda de 1,58% em junho, 1,56% em maio, 1,78% em abril, 0,87% em março, 2,47% em fevereiro e 1,97% em janeiro.
Setorial
Entre os setores, o melhor resultado foi apresentado por vestuário com elevação de 3,85%, seguido por cine/foto (2,76%), móveis (2,75%), calçados (2,03%) e presentes (1,58%). Os segmentos que registraram queda nas vendas foram os de tecidos/ enxoval (3,09), livraria/papelaria (1,58%), ótica (0,75%) e eletrodomésticos (0,49%).
Emprego
Com relação ao emprego, o estudo apurou uma queda suave de 0,14% no número de postos de trabalho em agosto. Entre as empresas entrevistadas, 93,7% mantiveram o quadro de funcionários inalterado, enquanto, 4,2% demitiram e 2,1% contrataram. Entre os setores, apenas os de livraria/papelaria e eletrodomésticos mostram variações negativas no número de funcionários no mês, sendo 0,72% e 0,55%, respectivamente.
Análise
Segundo Marcelo Bosi Rodrigues, economista do Sincovarp, responsável pelo estudo, é importante ressaltar que um resultado positivo, independente de sua magnitude, é sempre uma boa notícia, ainda mais com o cenário complicado que vive nosso país às vésperas das eleições. “É fato que alguns indicadores macroeconômicos se mantêm estáveis, como a taxa de juros básica e os índices de inflação, o que é bom, mas por outro lado, o dólar e o desemprego, ambos em alta, deixam a economia estagnada”, explica.
De acordo com Rodrigues, vivemos em compasso de espera pela nova cúpula do governo que irá assumir um país endividado e dividido, carente de reformas estruturais, que parte dos candidatos afirma serem desnecessárias. “Este cenário de incertezas é sempre ruim para a economia, pois coloca em compasso de espera tanto investidores, quanto consumidores”, diz
“Mas o fato que já passamos por momentos piores e não podemos perder nossas esperanças no futuro. Devemos ir às eleições com a consciência de que, somente por nossas mãos, conseguiremos transformar o complicado cenário político em que nos encontramos, para devolver a estabilidade política e a credibilidade econômica”, finaliza.