O varejo de Ribeirão Preto voltou a registrar queda nas vendas. O balanço do mês passado indica recuo de 3,19% em comparação com o mesmo período de 2017. Nem o Dia das Crianças aqueceu os negócios. O resultado de outubro foi o oitavo negativo e o segundo pior deste ano, atrás apenas do de maio, com retração de 3,99% devido à greve dos caminhoneiros. O comércio ribeirão-pretano havia interrompido a série de déficits com leve recuperação de 0,79% em agosto, depois de seis meses no “vermelho”.
Até então, os lojistas só haviam obtido saldo positivo em janeiro, com aumento de 1,36%. Em setembro houve retração de 0,39%. Neste ano, em Ribeirão Preto, houve recuo de 2,9% em julho e junho fechou em queda de 1,95%. Fevereiro terminou com baixa de 2,36%, assim como março, com 1,99%, e abril, de 2,59%. Em maio, porém, caiu 3,99%. Foi um dos mais relevantes resultados negativos dos últimos anos, reflexo da greve dos caminhoneiros que parou o País.
As vendas do setor subiram 0,38% em dezembro – o Natal ajudou a interromper uma sequência de três meses seguidos no “vermelho”, mas o carnaval interrompeu a boa fase. Apesar dos números, os lojistas acreditam que a situação vai melhorar até dezembro, quando as lojas vão atender em horário especial de olho no décimo terceiro salário, que deve injetar cerca de R$ 730,80 milhões na economia local.
Os dados divulgados nesta segunda-feira, 19 de novembro, são da Pesquisa Movimento do Comércio, realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp). Entre os empresários entrevistados, 64,5% afirmam que as vendas de outubro de 2018 foram piores do que no mesmo período do ano passado, enquanto 29,2% dizem o contrário e 6,3% consideram os dois períodos equivalentes.
Entre os setores pesquisados, apenas o de calçados fechou o mês com superávit de 1,50%. Os oito restantes registraram quedas significativas. Os piores números foram para eletrodomésticos (6,20%), presentes (5,48%), móveis (4,50%), vestuário (4,43%), livraria/papelaria (2,60%), ótica (2,50%), tecidos/enxoval (2,40%) e cine/ foto (2,15%).
As vendas no varejo ribeirão-pretano caíram 1,13% no acumulado do ano passado. O índice foi melhor do que os de 2016 (queda de 2,73%) e 2015 (recuo de 3,78%) e pior que a retração de 0,46% de 2014. O pior resultado de 2017 foi registrado em outubro – nem o Dia das Crianças conseguiu segurar os negócios do setor –, com recuo de 2,84%, apesar de o Sincovarp ter informado em fevereiro que o resultado foi de -2,68% com ajustes.
Em novembro, a queda foi de 1,21% e, em setembro, as vendas recuaram 0,63%, depois de registrar crescimento de 1,13% em agosto e de 0,08% em julho. O sindicato já havia registrado queda de 1,58% em junho, 1,56% em maio, 1,78% em abril, 0,87% em março, 2,47% em fevereiro e 1,97% em janeiro.
Emprego
No que se refere ao emprego no comércio, a pesquisa apurou que, apesar da queda nas vendas, ocorreu uma pequena elevação no número de postos de trabalho em outubro, de 0,25%. Entre as empresas entrevistadas, 95,8% declararam que mantiveram seus quadros funcionais inalterados, enquanto 4,2% disseram ter contratado no período e nenhuma das consultadas declarou ter demitido. Os setores que contrataram foram eletrodomésticos (1,82%) e tecidos/ enxoval (0,45%).
Análise
Segundo Marcelo Bosi Rodrigues, economista do Sincovarp, responsável pelo estudo, uma das principais inimigas da economia é a incerteza. “O cenário político indefinido e extremamente polarizado que dominou o país no período que antecedeu as eleições mantiveram a economia em compasso de espera”, comenta o especialista.
“Nenhum agente econômico, com o mínimo de juízo, ousou tomar decisões com grandes desdobramentos nesse período, o que resultou em uma estagnação da atividade econômica em geral. O comércio também sofreu com esse clima de incerteza e acabou amargando a queda observada. Passadas as eleições, as reações dos mercados foram positivas, indicando que apesar do resultado observado, o final do ano pode reservar surpresas positivas. É o que se espera”, finaliza Rodrigues.