Por Hugo Luque
O Comercial vai a Indaiatuba (SP), neste domingo, às 10h, enfrentar o Primavera, no Estádio Ítalo Mário Limongi, pela partida de volta das oitavas de final da Copa Paulista. Se o primeiro semestre foi de tristeza, seca de vitórias e rebaixamento para o torcedor alvinegro, a segunda metade de 2024 está se transformando em esperança de título inédito.
Para continuar na disputa, o Leão do Norte precisa vencer o Fantasma da Ituana. Na ida, disputada terça-feira, no Palma Travassos, a equipe de Ribeirão Preto saiu na frente logo no início, mas deu bobeira e, com um homem a menos, sofreu o empate em 1 a 1 nos minutos finais.
Caso a igualdade estampe mais uma vez o placar, a classificação será decidida nos pênaltis. Embora seja motivo de preocupação para quem torce, o técnico Renato Peixe garante que todo o plantel foi preparado para a disputa na marca da cal.
“Nós já estávamos treinando [pênaltis] esta semana, porque acho que como tudo, você tem de ter o hábito de treinar. Vários jogadores treinam no dia a dia, sabemos do regulamento, então pode ter certeza que, se sair [a decisão por] pênaltis, estaremos preparados para isso também”, afirmou.
A ida
Sobre o primeiro duelo, o comandante destacou o bom número de chances criadas, sobretudo nos primeiros minutos, quando o Bafo pressionou o adversário e conseguiu o gol.
“A equipe se comportou muito bem, mostramos isso no início do jogo, de cara. Fizemos um primeiro tempo muito bom, poderíamos ter ampliado ainda no primeiro tempo, mas não conseguimos. No segundo tempo, a primeira chance de gol foi no nosso pé. Depois, a equipe do Primavera equilibrou o jogo, as substituições fizeram efeito e empurraram nossa equipe para trás.”
“Acho que é uma característica dos meus times. Eu gosto que o jogador finalize, que termine a jogada [chutando] em gol, porque assim aumenta a chance de nós fazermos o gol, tanto é que o primeiro foi uma bola jogada na área que o Macena segurou muito bem, fez um grande giro e finalizou bem. Em seguida, tivemos várias chances. O Danielzinho acertou um chute de fora da área que tiraram em cima da linha. O Ninho também acertou um belo chute no segundo tempo”, analisou o técnico.
Apesar da criação de oportunidades, o Comercial não conseguiu concluir como deveria e perdeu a chance de largar em vantagem diante de sua torcida. O fator preocupante, entretanto, é que o Alvinegro não vive um bom ano como visitante.
Em 11 jogos disputados fora de casa, a equipe conquistou apenas uma vitória, além de dois empates e oito derrotas. A boa notícia é que, destes cinco pontos somados em outros campos, quatro foram na Copa Paulista, com o atual elenco, e a vitória foi justamente com Peixe como treinador.
“A gente sai com aquele gostinho amargo. Aqui dentro, nós sabíamos que seria um jogo muito difícil, até porque a equipe do Primavera, como falamos antes do jogo, é um grande time. Sabíamos que seria um jogo muito acirrado, porque é uma decisão”, comentou o técnico.
Jogo quente
O histórico de confrontos entre Comercial e Primavera é recheado de decisões. As equipes disputaram o título da Segunda Divisão do Paulista de 2018, que ficou com o clube de Indaiatuba após vitória de virada, nos acréscimos, na casa do Leão. No último mata-mata, porém, deu Bafo. Em 2020, o time de Ribeirão Preto eliminou o Fantasma, coincidentemente, nas oitavas de final da Copa Paulista.
Tamanha rivalidade nos últimos anos se traduziu em polêmicas no primeiro encontro, no Palma Travassos. Além de discussões entre atletas durante e após o jogo, a arbitragem de Gustavo Holanda de Souza foi criticada por Peixe, especialmente por um pênalti não assinalado para os comercialinos e pela expulsão do zagueiro Luciano, na sequência do lance, que o técnico alega ter evidenciado uma falta de critério do responsável pelo apito.
“Ele foi muito mal tecnicamente. São dois lances cruciais. Para mim, foi pênalti. Se é no meio-campo, ele daria falta. Se é na lateral, ele daria falta, porque o cara segurou a bola [com a mão] quando tomou um corte dentro da área, mas ele não deu. A expulsão é o que falei de ter sido mal tecnicamente. Cinco minutos antes, tivemos dois lances: uma cotovelada no Carlinhos e, logo em seguida, o zagueiro deles derrubou o João [Marcos]. Se a gente levar em consideração, o João já tinha dado o tapa e o zagueiro passou a ser o último homem. O árbitro não fez nada, não deu. O Luciano não era o último homem e foi um lance na lateral. Lógico que, para ser expulso, não tem de ser falta lá atrás, mas houve falta de critério. Fomos prejudicados em relação à arbitragem”, opinou.
Quem joga
A escalação do Leão para o duelo permanece um mistério, mas uma mudança é certa. Por ter levado o cartão vermelho, Luciano não estará à disposição e deve ser substituído por Guilherme Café, escolhido para cobrir a lacuna deixada pelo defensor no fim do jogo de ida.
Quanto às outras posições, é possível que Peixe faça alterações. O treinador admitiu que o início de pressão constante em casa foi pensado após estudar o adversário. Diante da torcida adversária, todavia, tudo pode mudar, até mesmo a estratégia inicial, dependendo do poder de adaptação alvinegro.
“Carrego comigo desde que atuava como atleta que nós temos de nos adaptar à partida o mais rápido possível. Lógico que você desenha o que pode acontecer, mas, na hora, tudo é totalmente diferente. As duas equipes estarão atentas aos detalhes, porque será decidido nos detalhes. Acho que a pressão maior ficou para a equipe do Primavera, porque vai jogar em casa, tem de se expor um pouco mais e vai querer fazer o resultado logo nos 90 minutos, porque quando você vai para os pênaltis, tudo pode acontecer. Lógico que tem a qualidade de quem vai bater, o nosso goleiro pode pegar vários pênaltis, mas se a gente puder decidir nos 90 minutos, vai ser melhor”, completou o técnico.
De acordo com o comandante, o meio-campista Emerson Silva e o atacante Wendel não são cartas fora do baralho, embora seja improvável que a dupla se recupere de seus problemas físicos a tempo. Peixe afirmou, entretanto, que o caso de Emerson não é tão grave.
Um provável time titular tem: Marcos; Carlinhos, Guilherme Teixeira, Guilherme Café e Italo; Tenner, Ninho e Roberto Baggio (Emerson Muller); Gustavo Henrique, Danielzinho (João Marcos) e Macena.