Tribuna Ribeirão
Cultura

Comédia de Martha Medeiros no Pedro II

Em uma produção origi­nal da Turbilhão de Ideias, com apoio do Ministério da Cultura e Bradesco Seguros, a peça “Sim­ples Assim” retorna aos palcos do Brasil em uma turnê por quatro cidades, em três diferen­tes estados do país. A montagem volta para o cenário teatral na­cional em Belém (PA), Campi­nas (SP), Vitória (ES) e Ribeirão Preto, onde estará em cartaz no dia 7 de maio, primeiro domin­go do mês, às 19 horas.

Antes disso, o espetáculo já tinha passado por São Pau­lo (SP), Belo Horizonte (MG), Palmas (TO), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Uberlândia (MG), Goi­ânia (GO) e Curitiba (PR) em um total de 68 apresentações. O espetáculo é apresentado pelo Grupo Bradesco Seguros desde sua estreia.

Baseado na obra de Martha Medeiros, o texto foi adaptado pela própria autora, ao lado de Rosane Lima. No elenco estão Georgiana Góes, Maria Eduar­da de Carvalho e Mouhamed Harfouch, sob a direção de Ernesto Piccolo. A idealização e concepção do projeto é do produtor Gustavo Nunes, em uma produção original da Tur­bilhão de Ideias.

A peça é marcada por his­tórias entrelaçadas e apresen­ta figuras simultaneamente distópicas e reais, como um casal que apenas interage pelo celular, uma mulher que contrata uma dublê de si mesma e uma jovem que de­cide viajar para Marte e aban­donar o amante.

Em todos os casos, há es­paço para uma indagação: para onde foi a simplicidade do afeto tête-à-tête? O enre­do traz reflexões sobre a roda da vida e a humanidade em meio ao caos moderno e à so­lidão tecnológica, repleta de informações e desencontros.

A comédia reflete sobre o cotidiano com humor e afeto, como é usual na obra da escri­tora, uma das mais celebradas cronistas brasileiras. As duas coletâneas em que a peça se baseia reúnem cerca de 200 crônicas e dessa pesquisa re­sultaram dez cenas que são um retrato das relações interpesso­ais no mundo contemporâneo.

Martha Medeiros afirma que a peça traz o espírito de nossa época: “A vida é difí­cil, mas a simplicidade salva. Corruptos existem, mas eles nada podem contra a mor­te. A tecnologia nos domina, mas o amor segue imperioso. Tudo se entrelaça. É um texto para rir e pensar sobre essa birutice toda”, explica.

Martha ainda acrescenta que as cenas exploram detalhes dessas relações no cotidiano, procurando o que permanece de humano nos personagens em meio a tantas transforma­ções. “Montar a peça hoje é abrir um espaço de pensamen­to e, ao mesmo tempo, de pra­zer para os espectadores, de­sejando que eles possam rir e refletir sobre nossa linda e atri­bulada humanidade”, conclui.

Rosane Lima, coautora, lem­bra que a estrutura do texto de Simples Assim segue um mo­delo inspirado em “A Ronda”, clássico do austríaco Arthur Schnitzler, com cenas aparente­mente independentes, mas com um personagem sempre se repe­tindo no quadro seguinte. Com isso, os atores se revezam em vá­rios personagens.

“Eu também sabia que te­ríamos um elenco pequeno e um número razoável de per­sonagens, situação que esse formato favorece. ‘A Ronda’ foi escrita na virada do sécu­lo XX, um período de gran­des transformações sociais, morais, etc., possibilitando uma analogia atraente com o momento atual”, diz.

“Na ciranda de ‘Simples Assim’ não surgem apenas casais, como na peça de Sch­nitzler, mas também relações de irmãs, amigos, emprega­dos, o que, além de ampliar o espectro de visão da peça, contempla a variedade e o alcance das crônicas da Mar­tha”, define Rosane Lima.

Ernesto Piccolo considera “Simples Assim” a peça mais atual da escritora. “É a mais an­tropológica. Ela tem um lado muito humano e também traz lampejos sociais e políticos muito atuais, retrata o nosso desconforto com as coisas que estão acontecendo no mundo”.

“A Martha consegue tra­duzir tudo de uma maneira popular, que se comunica com todos”, elogia Georgia­na Góes. O espetáculo pro­põe focar no que realmente importa, tenta alcançar a simplicidade, que é algo tão complexo e difícil.

“É preciso buscar gente que converse e se escute, que se aproxime pelo afeto, pelo cari­nho, pela empatia, pelo interes­se pela vida do outro. É trocar, ouvir e ser ouvido”, emenda. “’Simples Assim’ marca meu retorno aos palcos depois de quase três anos de pandemia e um medo profundo de nunca mais poder voltar ao lar, que é o teatro”, pontua Maria Eduar­da de Carvalho.

“Isso somente já seria mo­tivo de intensa comemora­ção, mas a sorte soprou para o meu lado uma volta pra casa cercada de grandes ami­gos, um diretor com quem amo trabalhar e o texto de uma autora de quem sou fã devota”, diz. Para Mouhamed Harfouch, “Martha Medeiros constrói um mosaico de crô­nicas muito perspicaz, que somadas à direção ágil do Ernesto Piccolo, nos permi­te um jogo muito divertido, nesta radiografia, nada sim­ples, dos tempos atuais”.

A transposição do texto para o palco
Uma das mais importantes escritoras brasileiras da atualidade, Martha Medeiros teve outras obras adap­tadas para o teatro como “Divã” e “Doidas e Santas”. É a primeira vez que ela assina também a versão do texto para o palco. “As peças foram adaptadas com liberdade total, com minha obra servindo como base, mas agora é diferente, não há uma releitura dos meus textos”, diz.

“Em ‘Simples Assim’, eles estão mais íntegros. Claro que há também a adaptação da craque Rosane Lima, mas o espírito da peça está mais sintonizado com o que escrevo nos jornais. Há um compromisso real com minhas ideias e meu espírito”, explica. O projeto nasceu de uma ideia do produtor Gustavo Nunes.

Ele viu potencial nas crônicas de Martha para gerar um espetáculo sobre a vida caótica e hiper conectada que vivemos na atualidade. A parceria entre os dois rendeu ainda duas temporadas da web-série “M de Martha”, no YouTube, eo curso “A Arte da Crônica”, na Plataforma Xpertise, além de outros projetos em parceria. Diretor de “Doidas e Santas”, Ernesto Piccolo já é familiarizado com o universo da escritora e foi uma escolha natural.

Ingressos
Os ingressos custam R$ 100 (plateia A), R$ 80 (plateia B e frisa) e R$ 50 (balcão nobre e balcão simples). A meia-entrada sai por R$ 50, R$ 40 e R$ 25, respectivamente. Estão à venda no site Mega Bilheteria (www.megabilheteria.com).

A meia-entrada vale para estudantes, pessoa com deficiência e um acompanhante, idosos (pessoas com mais de 60 anos), diretores, coordenadores pedagógicos, supervisores e titulares de cargos do quadro de apoio das escolas das redes estadual e municipais, professores da rede pública estadual e das redes municipais de ensino.

O Theatro Pedro II informa que não é permitido crianças menores de 12 anos na fila A dos setores balcão nobre e balcão simples, por determinação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), devido a altura do guarda corpo. Ingressos para cadeirantes são destinados ao setor frisa do teatro.

Não será permitida a entrada após o início do espetáculo, não havendo troca de ingresso e nem devolução do dinheiro. Para melhor conservação do Theatro Pedro II é proibido o consumo de bebidas e alimentos dentro das salas de apresentação.

O Theatro Pedro II fica na rua Álvares Cabral nº 370, no Quarteirão Paulista, Centro Histórico de Ribeirão Preto. O local tem capacidade para 1.588 pessoas, mas parte foi interditada por segurança. Atualmente conta com 1,3 mil lugares. Porém, vai disponibilizar cerca de 1.070 poltronas.

O telefone para mais informações é (16) 3977-8111. O espetáculo não é recomendado para menores de 12 anos, que podem participar acompanhados dos pais. O espaço é o terceiro maior teatro de ópera do Brasil. O uso de máscara é opcional.

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