Tribuna Ribeirão
Economia

Com alimentos, inflação dobra para mais pobres

© Fernando Frazão/Agência Brasil

Por causa dos preços dos alimentos, a inflação de janeiro pesou quase duas vezes mais para as famílias de baixa renda do que para as pessoas mais ricas, mostra o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Ren­da, divulgado nesta terça-feira, 15 de fevereiro, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Apli­cada (Ipea). O indicador desa­grega por faixas de rendimento o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indexador oficial de preços no país –, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta­tística (IBGE).

Em janeiro, o IPCA avan­çou 0,54%, acumulando alta de 10,38% em doze meses. Para as famílias de renda “muito baixa” (até R$ 1.808,79 ao mês na soma de todos de um domicílio, na classificação do Ipea), os preços subiram em média 0,63%, enquanto para as pessoas de renda “alta” (acima de R$ 17.764,49 ao mês por domicílio) a alta fi­cou em 0,34%.

No acumulado em doze meses, o IPCA ficou em 10,5% para os de renda “muito baixa” e em 9,6% para quem tem ren­da “alta”. “Não obstante ao fato de que o grupo de alimentos e bebidas tenha sido o princi­pal foco de inflação para todas as classes, o impacto da alta dos alimentos foi bem mais intenso para as famílias de renda muito baixa”, diz a nota do Ipea.

Isso ocorre porque a par­ticipação de itens básicos ou despesas essenciais é maior na cesta de consumo das famílias mais pobres. Enquanto isso, a cesta de consumo dos mais ricos tem participação maior de serviços e gastos não es­senciais, como turismo e lazer, mesmo que, em termos abso­lutos, seus gastos com alimen­tos superem as despesas dos mais pobres.

Segundo o Ipea, os preços de legumes, frutas e verdu­ras foram os grandes vilões da inflação para os mais po­bres. Itens importantes da cesta básica ficaram mais ba­ratos em janeiro, como o ar­roz (-2,7%), o feijão (-3,0%) e aves e ovos (-0,8%). Só que os reajustes dos produ­tos “in natura” falaram mais alto, como no caso da cenoura (27,6%), laranja (14,9%), bana­na (11,7%), batata (9,7%), das carnes (1,3%), do café (4,8%) e do óleo de soja (1,4%).

Por outro lado, as famílias mais ricas experimentaram um alívio nos preços de com­bustíveis. Já há sinais de novos reajustes dos combustíveis no atacado, mas, em janeiro, eles ainda estavam em queda no IPCA. Como as famílias mais pobres dificilmente têm carro particular e, portanto, tendem a gastar pouco com combustí­vel, esse alívio pouco interfere na inflação média para essas faixas de renda.

“A queda dos combustí­veis – gasolina (-1,1%) e etanol (-2,8%) –, das passagens aé­reas (-18,4%) e do transporte por aplicativo (-18%) fez com que o grupo de transportes trouxesse um forte alívio infla­cionário para a faixa de renda alta”, diz a nota do Ipea, citan­do também os planos de saú­de, outro tipo de gasto que não costuma fazer parte da cesta de consumo dos mais pobres. “A deflação de 0,69% dos planos de saúde gerou uma descom­pressão do grupo de saúde e cuidados pessoais” no IPCA dos mais ricos, segundo o Ipea.

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