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Coletivo quer mudar nome de dois bairros

FOTOS: ALFREDO RISK

Se o projeto de lei de Ramon Faustino, do Coletivo Ramon Todas as Vozes (Psol), que proíbe homenagens em locais públicos de Ribeirão Preto para persona­gens históricos que defenderam a escravidão, o nazismo, a euge­nia e a ditadura, for aprovado no plenário da Câmara de Verea­dores e sancionado pelo prefei­to Duarte Nogueira (PSDB), a prefeitura terá de mudar o nome de dois bairros tradicionais da Zona Leste da cidade.

O Jardim Castelo Branco e o Jardim Castelo Branco Novo foram batizados em home­nagem ao 26º presidente do Brasil, Humberto de Alencar Castello Branco, um dos arti­culadores do golpe militar de 1964 e que governou o país durante os chamados “anos de chumbo”, entre 1964 e 1967.

A sugestão faz parte do do­cumento “Posicionamento e contextualização – Projeto de lei número 196/2021”, do Cole­tivo Ramon Todas as Vozes. No documento, os autores afirmam que o nome dos bairros Caste­lo Branco Novo e Velho é um exemplo de afronta para toda a cidade e evidencia a falta de res­peito com os homens e mulhe­res que “sofreram as consequ­ências da ditadura empresarial e militar na nossa cidade”.

Diz ainda que “uma parcela da população foi perseguida, espancada e encarcerada e ou­tra, sendo progressivamente marginalizada: os negros e po­bres”, afirma o texto. Os dois conjuntos habitacionais foram inaugurados pela prefeitura de Ribeirão Preto em 1977, na segunda gestão de Antônio Duarte Nogueira (1937-1990), da extinta Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que apoiava a ditadura militar.

O Coletivo também sugere que o Parque Rubem Cione, lo­calizado na Zona Oeste da cida­de, tenha o atual nome alterado. “Um exemplo sobre como pode­mos resignificar a história conta­da sob um único ponto de vista, é onde se localiza o Parque Ru­bem Cione. Poderíamos sugerir, por exemplo, que o local receba o nome de ‘Parque Zumbi dos Palmares’ por sua importância na luta contra todas as formas de opressão e da representatividade para todos nós, negras e negros”, diz outro trecho do documento.

O advogado, professor e his­toriador Rubem Cione (1918- 2007) escreveu vários livros sobre Ribeirão Preto e persona­gens da cidade. O projeto de lei também quer proibir futuras homenagens em locais públi­cos para personagens históri­cos que defenderam a escravi­dão, o nazismo e a eugenia, um conceito criado na Inglaterra em 1883 que visava à exclusão de elementos indesejados da sociedade a fim de “melhorar” geneticamente a população. Para isso, teorizava que era preciso “cruzar” pessoas com boas características genéticas.

O coletivo popular propõe que ruas e avenidas com nomes dessas pessoas passem a fazer re­ferências às populações negra e indígena. Nos casos em que esta substituição não puder ser feita deverão ser inseridas, nestes lo­cais, informações visíveis sobre seu contexto histórico-cultural. O município também deverá implantar, todo ano, no mínimo três monumentos, esculturas ou obras artísticas que promovam referências históricas das popu­lações negra e indígena.

“Queremos que toda popu­lação de Ribeirão Preto possa olhar de forma crítica seja para a bandeira da cidade ou para uma estátua e ver que em nosso pas­sado tivemos o bandeirante, se­nhor de escravos, mas também tivemos a resistência quilom­bola e negra na construção de Ribeirão Preto. Nós fazemos parte da formação da cidade”, conclui o coletivo popular.

A proposta ainda não tem previsão para ser analisada em plenário, caso receba parecer favorável da Comissão de Cons­tituição, Justiça e Redação (CCJ) da Câmara de Vereadores, mas vai gerar polêmica. Para im­plementar o projeto, caso seja aprovado, Ribeirão Preto de­verá criar um conselho partici­pativo permanente, composto pelos poderes Executivo, re­presentantes que atuam com a temática da relações raciais e organizações da sociedade ci­vil. Será responsável pela aná­lise dos nomes a serem dados nos prédios, áreas públicas, monumentos, estátuas e obras.

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