“Estou aprendendo a dizer não, me ver, me compreender. É uma oportunidade para viver melhor, ser independente”, diz Rosangela Antônio Leite, participante do coletivo Maria Sai do Pote, um projeto que busca promover, por meio da produção e venda de palhas italianas, o empoderamento feminino e a autonomia financeira de mulheres em situação de vulnerabilidade social, moradoras da comunidade do Jardim Aeroporto, na Zona Norte de Ribeirão Preto.
A coordenadora do coletivo, Juliana Salvetti, conta que a iniciativa surgiu em novembro do ano passado, com o intuito de ajudar as mulheres a saírem, por si, da vulnerabilidade social e da dependência financeira. As atuais participantes fazem parte da primeira turma que concluiu o curso de empoderamento, que abordou aspectos emocionais como autoestima, amor-próprio e autorresponsabilidade, promovido pela ONG Todos na Fraternidade.
Responsável pela gestão financeira do projeto, Juliana diz que, além de um empreendimento, a Maria Sai do Pote proporciona a libertação de situações enfrentadas diariamente, como a invisibilidade social e a violência. “É a possibilidade de proporcionar para essas mulheres liberdade de escolha. Se elas querem viver uma vida assistencial ou exercer uma vida plena que toda pessoa, especialmente uma mulher, tem total direito de ter”, afirma.
Nova cozinha – Atualmente as mulheres da Maria Sai do Pote produzem as palhas em um local emprestado, que é compartilhado com outros projetos, com eletrodomésticos e utensílios doados. Com o intuito de expandir a iniciativa, o coletivo lançou uma campanha de arrecadação de fundos e recursos para a construção de uma cozinha própria para a produção dos doces artesanais.
O objetivo é melhorar a qualidade de vida e garantir o sustento do grupo de mulheres participantes. A iniciativa com com auxílio dos alunos do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), A campanha visa arrecadar doações em dinheiro, por meio de uma vaquinha virtual, e utensílios e equipamentos para equipar a cozinha e auxiliar na produção das palhas.
Além disso, o coletivo também aceita contribuições por meio de serviços manuais e auxílio de profissionais como advogados, arquitetos e pedreiros, para a construção do espaço físico. A nova cozinha busca garantir mais conforto, liberdade para a produção e, assim, maior rentabilidade e sustentabilidade financeira para o negócio.
“Muitas mulheres têm filhos pequenos e precisam levar até o local, então temos que deslocar outras participantes para cuidar das crianças e elas acabam perdendo a produção. Com a cozinha, vamos integrar essas duas funções e ter um processo mais efetivo, com maior disponibilidade de horários, espaço adequado e equipamentos para continuar com o nosso projeto”, destaca a coordenadora Juliana.
A campanha representa não apenas um esforço para melhorar as condições de trabalho das mulheres, mas também um passo em direção à igualdade de gênero, buscada desde a fundação do coletivo. A historiadora Sandra Molina, idealizadora do Todos na Fraternidade, ressalta que o fortalecimento feminino é essencial para uma sociedade mais justa e com menos desigualdades.
“Quando uma mulher tem isso, ela tem menos chance de sofrer violência e ser desrespeitada. O empoderamento é visceral porque a pobreza é feminina e os índices de violência contra a mulher em nosso país são altíssimos”. As doações em dinheiro estão sendo realizadas por meio de uma vaquinha virtual, disponível no link: https://www.catarse.me/mariasaidopote.
Além disso, foi criado um grupo de WhatsApp para reunir os voluntários interessados em contribuir com o projeto. Para participar, basta acessar https://chat.whatsapp.com/J3dH3JXCRmuGUFaJS2DQk8. Mais informações sobre a campanha podem ser encontradas no Instagram do coletivo (@mariasaidopote).