Fabiano Ribeiro
Muitas pessoas buscam por hobby ou paixão colecionar objetos dos mais variados estilos. Pode ser discos, HQ’s (história em quadrinhos), moedas, cédulas, carros, enfim, há uma gama imensa de itens colecionáveis. É quase que natural, em alguma fase da vida, seja na infância ou na adulta, ter esse desejo. Alguns mantêm a coleção e elas se tornam parte de suas rotinas, já outros desistem no meio ou começo do caminho.
O supervisor de merchandising e músico profissional, Gustavo Mendonça Bovo faz parte do primeiro grupo. Começou a colecionar ainda criança e hoje, aos 45 anos, possui um acervo de vários itens, a maioria com ligação à cultura pop.
São discos de vinil, CD´s, DVD´s, pôsteres de filmes, VHS´s, fitas K7, HQ´s, Comic Books, livros, cédulas e moedas antigas, ingressos de shows, carrinhos temáticos (de filmes e super-heróis), bonecos de filmes de terror, Action Figures (parecidos com estatuetas que são cópias perfeitas de personagens e que se movimentam), itens de cinema, como fitas de rolo, copos temáticos, cartazes e funkos (bonecos cabeçudos de praticamente todas as áreas da cultura pop), além de portfólios de desenhistas e revistas de música. Tudo isso bem arquivado e cada um com uma história a ser contada, que Gustavo tem na cabeça, no coração e na ponta da língua.
O músico lembra que começou a colecionar na infância. “Por volta dos 5 ou 6 anos com os famosos Playmobils, Comandos em Ação, Falcon e Carrinhos da Matchbox. Logo na sequência, com 7 anos, ganhei meu primeiro disco de vinil, exatamente em 1982. Foi o álbum ‘The Number Of The Beast’ do Iron Maiden. Aquilo transformou minha mente de uma tal maneira, que daquele momento em diante, passei a colecionar discos e nunca mais parei”, conta.
Gustavo revela que os discos de vinil ele tem até hoje e que a coleção “cresceu assustadoramente de lá pra cá”. Já os primeiros bonecos ele deu para os filhos, para estimulá-los a colecionarem também. “Porém, eles não são do ramo e todos esses brinquedos acabaram se perdendo com o tempo. De todos eles, só restaram alguns Comandos em Ação, dois Falcons, um Condor e um Torax”, diz.
Todos os itens da coleção estão armazenados em um cômodo fechado. Uma vez por mês ele tira a poeira e limpa com extremo cuidado. “A maioria dos itens mantenho em móveis apropriados para as devidas coleções e uma grande parte dos bonecos, guardados nas caixas originais. Cédulas e moedas em pastas próprias, revistas, livros, Comic Books e HQ´s em estantes com portas”, conta.
A diferença entre colecionador e acumulador
Mas qual a diferença entre colecionar e acumular objetos. Gustavo tem uma boa resposta para a pergunta. “Vejo que nos dias de hoje o colecionismo tomou vertentes estranhas. Pessoas que se dizem colecionadoras, basicamente acumulam as coisas para ter um determinado status no meio, para falar que tem, mas no fundo, não fazem uso desse conteúdo”.
Ele exemplifica. “Cito essa nova onda dos discos de vinil. Conheço várias pessoas que frequentam as feiras de discos, participam dos grupos do Facebook ou WhatsApp, compram discos, mas na verdade nem o aparelho que toca o disco eles possuem. Vejo isso basicamente como acumulação e não como coleção. Pra mim, colecionar algo é acima de tudo, ter um vinculo afetivo e usar isso de alguma forma, tomar proveito de todo o conteúdo na íntegra. Se coleciona discos, que tenha aonde escutá-los, se coleciona livros, que no mínimo os leiam, se coleciona DVD´s ou VHS´s, que tenha um aparelho de DVD ou um Vídeo Cassete, como eu tenho até hoje e funcionando e se coleciona fitas K7, que tenha um tape no seu carro ou um deck no seu som para escutá-las. Agir assim, é o mínimo de coerência e bom senso que farão de você um colecionador e não um acumulador”, defende.
Outro ponto, Gustavo sabe a história de cada personagem, conta um detalhe de cada disco, livro, moeda, cédula, livro, enfim, cada item de sua coleção.
Com relação aos amigos e familiares, o músico diz que a maioria ama e fica admirada com sua paixão. “Querem ver, tocar, perguntam mil coisas e acham superinteressantes. Outros me acham maluco, uma minoria! Dizem que fico preso a coisas que não terei acesso quando partir dessa vida para outra, porém, respeito a opinião deles. Como sou ateu e acredito somente nessa vida, nem ligo e sigo colecionando. Se um dia eu perceber que a minha vida está acabando, vendo tudo ou presenteio algum familiar ou amigo que ame essas coisas como eu”.
Espaço
O problema de espaço existe como todo grande colecionador de diversos itens tem. “Até algum tempo atrás, conseguia armazenar tudo num quarto, hoje tenho coisas na minha casa toda e na casa da minha mãe. Tudo que compro, é adquirido com muita pesquisa, conhecimento e admiração”.
Com uma coleção grande e itens raros, Gustavo é procurado por outros colecionadores do Brasil e de várias partes do mundo, como EUA, Japão e Argentina. “Já vendi poucos itens da minha coleção, coisa mínima mesmo, mas comprei tudo de volta. Trato bem os colegas, mas a resposta é sempre a mesma: muito obrigado, mas não está à venda!”, finaliza.