Morreu nesta sexta-feira, 14 de junho, em São Paulo, aos 76 anos, Clóvis Rossi, jornalista da Folha de S. Paulo, ganhador de vários prêmios jornalísticos e autor dos livros “Clóvis Rossi, enviado especial, 25 anos ao redor do mundo” e “O que é jornalismo”. Ele estava em casa, onde se recuperava de enfarte sofrido há uma semana. Nascido em 25 de janeiro de 1943, no bairro do Bexiga, em São Paulo, Rossi começou no jornalismo em 1963. Trabalhou nos jornais Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil.
Teve ainda passagens pelas revistas Isto É e Autoesporte e pelo Jornal da República e manteve blog no espanhol El País. Clóvis Rossi trabalhou desde 1980 na Folha, foi correspondente em Buenos Aires, na Argentina, e escreveu reportagens de grande repercussão no país durante os períodos de abertura política, aprovação da Constituição de 1988, posses de presidentes da República e mudanças da política externa brasileira. Deixa mulher, três filhos e três netos.
O ataque cardíaco foi informado pelo jornalista em sua última coluna, publicada na quarta-feira (12). Com o título de “Boletim médico”, Rossi fez questão de contar aos seus leitores o motivo de, no domingo anterior, não ter escrito como de costume. “É uma satisfação devida ao leitor, se é que há algum. Sofri um micro-infarto na sexta (7), fiz a angioplastia, recebi um stent e, na terça (11) outra angioplastia, com mais quatro stents”, explicou.
Com total transparência, Rossi ainda informou que os médicos calculavam que poderia ter alta na quinta-feira (13) e voltar à atividade profissional normal na próxima semana. Considerado um dos mais prestigiados jornalistas do País, Clóvis Rossi começou a carreira em 1963 e passou por alguns dos principais veículos de impressa nacionais.
Experiente, Rossi ganhou diversos prêmios internacionais de jornalismo, entre eles o Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, pelo conjunto da obra, e o da Fundação Nuevo Periodismo Ibero-Americano, criada por Gabriel García Márquez. Palmeirense e torcedor do Barcelona, onde morou, Rossi está sendo velado no Cemitério Gethsêmani, em São Paulo. O enterro será neste sábado (15), às onze horas.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, falou sobre a morte do jornalista durante o evento “A Construção do Brasil”, realizado Brasília. “Não posso deixar de registrar uma tristeza na data de hoje. Já que estamos falando de história e já que estamos falando de Brasil, um dos maiores jornalistas da história do Brasil faleceu, Clóvis Rossi”, disse.
“Ficam aqui as nossas homenagens e a nossa declaração de respeito e solidariedade e de pêsames à família, aos amigos e à Folha de S.Paulo, onde ele trabalhou durante tantos anos”, ressaltou o ministro durante a abertura da palestra do jornalista e historiador Laurentino Gomes.
O prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) também emitiu nota de pesar. “O jornalismo brasileiro amanheceu de luto nesta sexta-feira, 14 de junho, pelo falecimento de Clóvis Rossi, um dos maiores nomes da imprensa nacional. Seu compromisso com a verdade, com a qualidade da notícia, com a ética profissional e com o respeito ao público leitor são marcas do trabalho sério que inspirou gerações”, diz o comunicado.
“A prefeitura de Ribeirão Preto e o prefeito Duarte Nogueira se solidarizam com a família e amigos neste momento de pesar. Nossas orações e abraços à viúva e nossa amiga, Catarina Rossi”. Para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o jornalismo brasileiro perde um de seus principais expoentes. “A compreensão do mundo fica mais difícil sem o olhar dedicado e racional de Clóvis Rossi. Meus sentimentos e solidariedade aos amigos e familiares”, escreveu o governador em seu Twitter.
A jornalista Miriam Leitão, da GloboNews e colunista do jornal O Globo manifestou em sua conta no Twitter o pesar pela morte de Rossi. “Morreu um dos grandes do jornalismo. Clóvis Rossi é um ícone, de alta competência. Suas análises tinham sempre muita informação porque permaneceu sendo repórter por toda a sua vida. Rossi era mestre e suas lições ficam”, escreveu.
O escritor e jornalista Gilberto Dimenstein, que atuou na Folha de S.Paulo por quase 30 anos e foi colega de Rossi, foi outro a tecer elogios ao profissional. “Não conheci um único jornalista que não admirasse Clovis Rossi. Tinha a garra de um foca e sabedoria de um veterano. Com ele, morre não apenas um grande ser humano. Mas um estilo de jornalista.”