Após ser criticado por juristas e analistas, o candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) afirmou que as declarações de que, se eleito, colocaria o Judiciário e o Ministério Público de volta em suas “caixinhas” foram tiradas de contexto para gerar intrigas. Na ocasião, também disse que o ex -presidente Luiz Inácio Lula da Silva “só teria chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder”. As declarações foram dadas em Ananindeua, no Pará, onde o candidato participou da convenção estadual do seu partido nesta quarta-feira, 25, e são uma resposta às informações reveladas em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
No Pará, o pedetista disse que essa declaração foi tirada do contexto. “Quando eu disse a gente, eu não quis dizer eu. Quis dizer os democratas, os que têm compromisso com o Estado democrático de direito, com o restabelecimento da autoridade, do império da lei que, no Brasil, parece estar completamente deformada”.
Segundo ele, o termo caixinha foi uma figura de linguagem usada para explicar que Judiciário e Ministério Público “não podem se meter em tudo”. “Isso é uma expressão que todo mundo conhece. Só a fraude tenta fazer esse tipo de intriga. No Brasil, está cada um trabalhando fora da sua caixa”, disse o candidato.
Ciro defendeu, ainda, a necessidade de restaurar “o império da lei”. “O Judiciário julga, o Legislativo legisla e o Executivo executa. Não é possível que o Judiciário queira executar. (Não é possível) que no Brasil cada prefeito esteja subordinado ao constrangimento, à humilhação de um jovem membro do Ministério Público que, ainda que de boa fé, deforme reputações, se meta onde não deve. O País não aguenta mais essa baderna”, declarou pouco antes de subir ao palanque.
Reações
As declarações do candidato à Presidência do PDT nas eleições 2018, Ciro Gomes, de que é necessário restaurar a autoridade do poder político”, fazendo com que juízes e o Ministério Público voltassem para suas “caixinhas”, foi criticada por juízes e analistas nesta quarta-feira, 25. Para eles, as falas do pedetista põem em risco a independência do Judiciário.
“Isso faz parte da reação de parte da política ao trabalho de juízes independentes. O mundo político precisa entender que o país precisa e quer trilhar outro caminho”, avalia Fausto De Sanctis, desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.