Tribuna Ribeirão
Ciência e Tecnologia

Cientistas decifram pela 1ª vez a fusão nuclear no coração do Sol

Uma equipe internacional de cerca de 100 cientistas conhecida como a “Colaboração de Borexino” conseguiu pela primeira vez uma medição direta das reações nucleares que ocorrem no coração do Sol.

Localizado debaixo de uma montanha na cordilheira dos Apeninos, na Itália, o experimento de Borexino é um detector de neutrinos, partículas subatômicas fugidias que são constantemente emitidas pelo Sol, mas que geralmente passam por nosso planeta sem interagir com a matéria que o compõe.

Estima-se que a cada segundo mais de 65 bilhões de neutrinos atinjam cada centímetro quadrado da superfície de nosso planeta. Mas os cientistas só podem detectá-los usando equipamentos extremamente grandes, em locais com níveis de radiação de fundo extremamente baixos. Por isso detectores como o de Borexino são geralmente enterrados sob montanhas, que funcionam como um “escudo” protegendo-o contra a radiação de fundo.

Reprodução

Enterrado sob os montes Apeninos no centro da Itália, o detector de Borexino detecta neutrinos como flashes de luz produzidos quando eles colidem com elétrons em 300 toneladas de um material cintilador orgânico ultra puro. Imagem: Borexino Collaboration

Os cientistas já haviam detectado neutrinos resultantes da fusão de hidrogênio em hélio, processo que é responsável por 99% da energia produzida por nosso Sol. Mas os neutrinos detectados pela equipe de Borexino tem a assinatura de um outro processo chamado Carbono-Nitrogênio-Oxigênio (CNO).

Este processo é a fonte dominante de energia em estrelas mais pesadas que nosso Sol, mas segundo Andrea Pocar, físico da Universidade de Massachussets em Amherst, nos EUA, nunca havia sido detectado diretamente em qualquer estrela desde que foi proposto teoricamente na década de 1930.

A descoberta aumentou a vida útil do detector de Borexino, que entrou em operação em 2007 e seria desativado no final deste ano. “A confirmação da fusão CNO em nosso Sol, onde opera a apenas 1% da energia total, reforça nossa confiança de que entendemos como as estrelas funcionam”, disse Pocar.

Fonte: Futurism

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