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Chuva “lava” fumaça da Austrália no sul do Brasil

REUTERS/DIVULGAÇÃO

As chuvas que caíram em Santa Catarina, parte do Pa­raná e do Mato Grosso do Sul nesta quarta-feira (8) impedi­ram o avanço das partículas de fumaça que foram observadas na terça-feira (7) no Rio Gran­de do Sul, após aparecerem no Chile e na Argentina.

O fenômeno é chamado por especialistas como “depo­sição úmida”. Para os leigos, é como se a chuva lavasse a atmosfera. O banho impediu que a fumaça australiana, vista pelos gaúchos, atingisse outros estados brasileiros.

“A tendência desse mate­rial era continuar avançando sobre o continente sul-ame­ricano, mas, em função das chuvas, as partículas suspen­sas no ar foram carregadas e depositadas na superfície”, detalha a pesquisadora do Ins­tituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ariane Fras­soni dos Santos de Mattos.

Segundo ela, a fumaça veio parar no continente por causa da circulação atmosférica a 12 quilômetros da superfície da Terra. “Lá em cima o vento sopra de oeste para leste. A Terra gira também de oeste para leste”. Além desse mo­vimento, foi observado na atmosfera “correntes de ja­tos ou canais que funcionam como tubos de ventos mais intensos”. Esses fenômenos trouxeram a fumaça austra­liana até o Rio Grande do Sul.

Para a especialista, a cir­culação da fumaça demonstra que a atmosfera é fluída e di­nâmica. “Uma perturbação em alguma região do globo terres­tre vai responder em forma de ondas e vai alterar a circulação atmosférica”, acrescenta.

Noite ao meio da tarde
A circulação da atmosfera entre regiões é conhecida dos brasileiros. Os ventos que en­tram no continente sul-ameri­cano pela Guiana Francesa ou pelo Estado do Pará percorrem a Amazônia e chegam à Cor­dilheira dos Andes, onde são rebatidos e descem até as regi­ões Sul e Sudeste, conforme a época do ano, além de passar pelo Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina.

Um exemplo disso, foi o episódio ocorrido em 26 de agosto do ano passado, regis­trado no canal do professor Gustavo Baptista, do Depar­tamento de Geociências da UnB, quando o céu escureceu em São Paulo no meio da tarde por causa da fumaça vinda da Amazônia Legal.

O especialista refuta com­parações entre os incêndios ocorridos na Amazônia bra­sileira e na Austrália, que tem grande parte da área central desértica. “Os incêndios lá têm sido naturais, e no nosso caso são provocados pelo homem, porque são utilizados como forma de limpar os terrenos que foram desmatados. É uma consequência do desmata­mento da Amazônia”, assinala o acadêmico preocupado com o “desprestígio do monitora­mento e controle ambiental”.

A floresta que queimou na Austrália é do tipo savana, como é o cerrado brasileiro. A floresta australiana existe em meio a um clima quente e seco, enquanto a Floresta Amazôni­ca é quente e úmida.

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