A China planeja enviar astronautas para a Lua antes de 2030, em mais um passo no que parece estar se tornando uma nova disputa pela conquista do espaço. Os Estados Unidos, por sua vez, pretendem voltar a ter astronautas na superfície lunar até o fim de 2025.
Em coletiva de imprensa, o vice-diretor da Agência Espacial Tripulada da China, Lin Xiqiang, confirmou o ambicioso projeto de Pequim nesta segunda-feira, 29 de maio, mas sem anunciar uma data específica. Segundo Lin, a China está se preparando inicialmente para uma “curta estadia na superfície lunar e exploração conjunta humano-robótica”.
“Temos uma estação espacial próxima da Terra e um sistema de transporte de humanos”, complementado por um processo para selecionar, treinar e apoiar novos astronautas, afirmou Lin. Um cronograma de duas missões tripuladas por ano é “suficiente para realizar nossos objetivos”, acrescentou.
A China enviará nesta terça-feira (30) um astronauta civil ao espaço pela primeira vez, como parte de uma missão na estação Tiangong, anunciou a Agência Espacial de Voos Tripulados do país. “O especialista em carga útil Gui Haichao é professor da Universidade Aeronáutica e Astronáutica de Pequim”, anunciou Lin Xiqiang.
Até o momento, todos os astronautas chineses enviados ao espaço eram integrantes do Exército Popular de Libertação. Gui Haichao, de 34 anos, será “o principal responsável pela operação em órbita das cargas experimentais de ciência espacial”, destacou Lin.
Ele “sentiu interesse pelo setor aeroespacial pela primeira vez ao ouvir no rádio as notícias sobre o primeiro chinês a viajar ao espaço”, Yang Liwei, em 2003, destacou a universidade nas redes sociais. O comandante da missão será Jin Haipeng – em sua quarta missão espacial, de acordo com a imprensa estatal – e o terceiro tripulante será o engenheiro Zhu Yangzhu.
A decolagem está prevista para 9h31 locais (22h31 de Brasília nesta segunda-feira) no Centro Jiuguan de Lançamento de Satélites, informou a Agência Espacial. Durante o governo do presidente Xi Jinping, a China intensificou as operações para conquistar o “sonho espacial”.
A segunda maior economia do mundo investiu um grande orçamento no programa espacial, comandado pelos militares, com a esperança de enviar astronautas à Lua. Pequim tenta alcançar Estados Unidos e Rússia depois de anos de atraso. Além de uma estação espacial, a China planeja construir uma base na Lua.
A Agência Espacial pretende concretizar uma missão lunar tripulada até 2029. O país está à margem da ISS desde 2011, quando Washington proibiu a Nasa de colaborar com Pequim. O módulo final da estação Tiangong (que significa “palácio celestial”) foi acoplado no ano passado à principal estrutura. A estação contém vários equipamentos científicos de vanguarda.
Inclusive “o primeiro sistema de relógio espacial atômico frio”, segundo a agência estatal de notícias Xinhua. Após a conclusão, a Tiangong deverá permanecer em órbita terrestre baixa, a uma distância entre 400 e 450 km acima do planeta por pelo menos dez anos, concretizando a ambição do país de manter uma presença humana no espaço por um longo período de tempo.
A estação terá uma tripulação permanente, em um sistema de rodízio com equipes de três astronautas, que conduzirão experimentos científicos e ajudarão a testar novas tecnologias. A China não planeja utilizar a Tiangong em um sistema de cooperação mundial, como a Estação Espacial Internacional (ISS), mas Pequim declarou que está aberta à colaboração estrangeira.