A China disse que relatos e imagens de mortes de civis na cidade ucraniana de Bucha, após a retirada de forças russas, são “profundamente perturbadores” e defendeu que o caso seja investigado. Porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian disse nesta quarta-feira, 6 de abril, que o país apoia todas as iniciativas e medidas “destinadas a aliviar a crise humanitária” na Ucrânia e está “pronta para continuar trabalhando junto com a comunidade internacional para evitar que civis sejam feridos”.
A matança de civis em Bucha pode ampliar a pressão internacional sobre a China, por sua postura amplamente favorável à Rússia e tentativas de guiar a opinião pública em relação à guerra. O governo chinês vem se recusando a criticar a Rússia pela invasão da Ucrânia. Pequim também é contrária às sanções econômicas impostas a Moscou e acusa os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de provocarem a guerra e alimentarem o conflito, ao enviar armas à Ucrânia.
O Kremlin disse nesta quarta-feira que as negociações de paz entre Moscou e Kiev não estão progredindo com a velocidade ou a energia que se esperava. Em teleconferência, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os trabalhos para estabelecer nova rodada de conversações estão em andamento, mas que ainda há longo caminho a percorrer para alcançar qualquer progresso.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, acusa o Ocidente de tentar atrapalhar as negociações entre Rússia e Ucrânia ao alimentar uma “histeria” sobre supostos crimes de guerra cometidos pelas forças de Moscou. Kiev e o Ocidente dizem que há evidências – incluindo imagens e depoimentos de testemunhas coletados pela Reuters e por outras organizações de imprensa – de que a Rússia cometeu crimes de guerra na cidade ucraniana de Bucha.
Moscou nega a acusação, que chama de “monstruosamente forjada”. O secretário-geral da Otan acredita que a guerra na Ucrânia pode durar muito tempo – meses ou até anos. Para Jens Stoltenberg, não há sinais de que a Rússia tenha desistido do objetivo de controlar o território ucraniano. Ele destaca a necessidade de reforçar o apoio militar à Ucrânia. Stoltenberg acredita que a retirada das tropas russas de Kiev, a capital ucraniana, serve apenas para que os militares se reagrupem e lancem forte ofensiva na regiões Leste e Sul do país.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quarta-feira que irá assinar uma ordem executiva que proibirá investimentos americanos na Rússia. Em discurso a líderes empresariais, o democrata afirmou que continuará aumentando os custos econômicos a Moscou por conta da guerra na Ucrânia.
“Vamos coordenar com aliados sanções contra o sistema financeiro russo”, indicou ainda, em medidas que deverão afetar mais bancos russos. Além disso, Biden disse que irá continuar providenciando equipamento e ajuda militar para a Ucrânia. “Guerra pode durar longo tempo, mas vamos ficar ao lado dos ucranianos”, aponta o presidente.
A União Europeia (UE) irá criar uma reserva estratégica de capacidade de resposta, o que inclui um estoque de 540,5 milhões de euros, composta por equipamentos, medicamentos, vacinas e outras terapias para tratar pacientes expostos a agentes de emergência QBRN (ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares).
Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, classificou como inadmissível a agressão da Rússia à Ucrânia. Cobrado sobre uma posição clara do Brasil em relação ao conflito em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, França rechaçou críticas de que o Brasil tenha uma posição dúbia sobre o tema.
“No caso desse conflito, nós temos um lado claro, que é a paz mundial. A agressão é inadmissível. O lado do Brasil está muito claro. É a defesa do interesse nacional e a busca pela paz. E essa posição é respeitada aí fora”, afirmou antes de criticar as sanções econômicas que países do Ocidente impuseram à Rússia como forma de pressionar por um cessar-fogo.