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China, nova onda de covid e cenário comercial brasileiro

Os novos casos de covid-19 na China levantaram pre­ocupações nos últimos dias em todo o mundo. Além da questão sanitária que é, naturalmente, a principal preocu­pação, outro temor diz respeito aos impactos da doença nos mercados globais. Um dos principais parceiros comerciais de diversos países, incluindo o Brasil, a China tem uma política de combate a covid muito restritiva. Em diversos momentos cidades inteiras chegaram a ser isoladas.

Com o crescimento de novos casos, o mundo volta-se novamente para a maior nação asiática. Em 2022, as tran­sações comerciais entre Brasil e China já movimentaram mais de US$ 76 bilhões em exportações e US$ 51 bilhões em importações, o maior volume entre todos os países com os quais nos relacionamos e que pode vir a ser prejudicado em razão dos novos avanços da pandemia.

As consequências de uma nova onda da covid-19 são imprevisíveis e podem ser desastrosas. Na parte econô­mica, o mundo ainda se recupera dos efeitos causados pela crise sanitária, que provocou problemas nas cadeias de suprimentos, gerando atrasos e pressão sobre a cadeia produtiva e contribuindo para o aumento da inflação em todo o mundo.

Neste sentido, um novo surto poderia afetar diretamente a economia brasileira, que ainda enfrenta fortes desafios para voltar aos níveis de estoque e produção de antes da pandemia. Um dos maiores exportadores para o país asiático, o Brasil é altamente dependente de insumos dos chineses.

As importações daquele país suprem uma demanda importante do Brasil por meio de produtos como compo­nentes eletrônicos, compostos químicos e equipamentos de telecomunicação. Assim sendo, a paralisação pode trazer sérios problemas para as empresas brasileiras. Como con­sequência do atraso nas entregas dos produtos importados, a necessidade de capital de giro das empresas brasileiras aumenta, uma vez que essas pagam pelos produtos de forma antecipada. Linhas de financiamento para impor­tação que sejam mais flexíveis se tornam uma ferramenta essencial para a gestão de risco.

Na outra ponta, os consumidores também são afetados com o atraso nos gargalos de produção. Isso significa mais tempo para a produção de produtos e, dependendo do setor, pode ocorrer até mesmo a falta ou escassez de alguns deles. Consequentemente, o consumidor terá mais dificuldade para encontrar o que procura, além de maior tempo de espera para conseguir acesso aos bens de consumo desejados.
Com produtos em falta ou escassos, outra medida consequencial é o aumento dos preços, o que prejudica duplamente o público que, além de ter mais dificuldade para encontrar alguns itens, terá que pagar mais caro por eles. Em suma, o agravamento da crise tem potencial para impactar fortemente a economia brasileira.

A despeito disso, é importante cautela e atenção ao cenário no mercado chinês. A importância da China na economia global, bem como a integração com outros paí­ses, a exemplo do Brasil, demandam mais cuidado e adoção de ações para proteger o mercado, sob pena de a população enfrentar novos aumentos no preço dos produtos.

Por fim, o desenvolvimento de novos parceiros comer­ciais com histórico consistente de exportação tanto para o Brasil quanto para outros países, a utilização de ferra­mentas de acompanhamento da cadeia de suprimentos e a obtenção de linhas de crédito específicas para o comércio internacional podem ajudar as empresas brasileiras contra eventualidades em razão da pandemia.

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