Por Renato Vieira
Para evitar problemas com o regime militar, Chico Buarque passou 15 meses na Itália, no fim dos anos 1960. Em Roma, ele conheceu Ennio Morricone, morto nesta segunda-feira, 6. Os dois se juntaram para fazer um álbum que, durante décadas, foi cobiçado por colecionadores. Em Per Un Pugno Di Samba – um trocadilho com o título original do filme Por Um Punhado de Dólares (1964), de Sergio Leone, para o qual Morricone fez a trilha – Chico interpretou sucessos da carreira vertidos para o italiano por ele e Sergio Bardotti, que fez a ponte para que Morricone se integrasse ao trabalho.
O álbum foi uma tentativa da gravadora RCA de emplacar Chico no mercado fonográfico italiano, mas a repercussão foi nula e o disco somente teve uma edição brasileira em 2003. As orquestrações grandiosas de Morricone vestiram músicas como Rotativa e Tu Sei Una Di Noi, respectivamente versões em italiano de Roda Viva e Quem te Viu, Quem te Vê. O resultado é curioso e bem diferente das gravações originais.
Três das 12 faixas eram inéditas: Não Fala de Maria, Nicanor e Samba e Amor, cujas versões originais em português foram registradas posteriormente, no álbum Chico Buarque de Hollanda nº4 (1970), que saiu quando o cantor e compositor já estava de volta ao Brasil.
Houve também outra versão de Per um Pugno Di Samba com os vocais gravados em português, Sambas do Brasil. O disco foi reeditado em CD no exterior com outra capa, mas permanece inédito no País.