O comércio varejista deve movimentar um recorde de R$ 3,74 bilhões em vendas na campanha de promoções da Black Friday deste ano, que acontece nesta sexta-feira, 27 de novembro, calcula a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se confirmado, o faturamento será 6% maior que o da temporada de liquidações de 2019, quando somou R$ 3,67 bilhões.
Porém, descontada a inflação do período, as vendas terão crescimento real de 1,8% em relação a igual período do ano passado, cerca de R$ 70 milhões a mais. “Será a primeira data do varejo a registrar crescimento este ano, pelo menos até agora. Desde a Páscoa até o Dia das Crianças, todas as datas comemorativas registraram queda nas vendas”, lembra o economista Fabio Bentes, responsável pelo cálculo da CNC.
Em Ribeirão Preto, o montante pode chegar a R$ 25,3 milhões, acréscimo de R$ 500 mil em relação aos R$ 24,8 milhões do ano passado se a alta nas vendas seguir a tendência nacional prevista pela CNC, de 6%, já descontada a inflação e com crescimento real de 1,8%. O volume vendido pelo comércio eletrônico terá um salto de 61,4% na campanha de promoções da Black Friday deste ano, enquanto as lojas físicas venderão 1,1% a mais.
No entanto, as vendas online motivadas pela data devem ficar em torno de R$ 400 milhões, enquanto os R$ 3,34 bilhões restantes serão arrecadados em lojas físicas. O levantamento considera que a nova onda de contaminação e internações pela covid-19 no país não se traduza em fechamento de estabelecimentos comerciais até a Black Friday.
Se as medidas de restrição à disseminação do novo coronavírus forem novamente impostas nas próximas semanas, a projeção da CNC para uma elevação de 2,2% nas vendas do Natal deste ano em relação ao de 2019 pode ser ameaçada.
A Black Friday foi incorporada ao calendário do varejo nacional em 2010, mas já é a quinta data mais relevante para o setor, atrás do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais, aponta a CNC. Em 2020, o segmento de eletroeletrônicos e utilidades domésticas deve movimentar R$ 1,022 bilhão, seguido pelos ramos de hipermercados e supermercados (R$ 916,9 milhões), móveis e eletrodomésticos (R$ 853,4 milhões), vestuário, calçados e acessórios (R$ 328,7 milhões) e perfumaria e cosméticos (R$ 247 milhões).
Os comerciantes estão otimistas e contam com o pagamento do décimo terceiro salário para aquecer as vendas. Em Ribeirão Preto, a expectativa é que o benefício deve injetar cerca de R$ 728 milhões na economia. A estimativa da Associação Comercial e Industrial (Acirp) prevê em torno de R$ 409 milhões na primeira parcela, que será paga até 30 de novembro.
Prevê também mais R$ 319 milhões na segunda parcela, que será creditada até 20 de dezembro – já com os descontos. De acordo com projeção da própria CNC, em todo o Brasil o pagamento do décimo terceiro salário aos trabalhadores injetará R$ 208 bilhões na economia ao fim deste ano.
Segundo uma coleta diária de preços de mais de dois mil itens agrupados em 48 linhas de produtos ao longo dos últimos 40 dias encerrados em 15 de novembro, os produtos com mais chances de terem descontos atrativos são os consoles de videogame, que ficaram 19% mais baratos no período.
Em seguida aparecem notebooks, 17% mais baratos no período anterior às promoções; games para PC (14% mais baratos); calça masculina (13% mais baratos); aspirador de pó e água (-11%); Smart TV Box (-10%); e tênis (-8%).
Na direção oposta, ficaram mais caros nas semanas que antecedem a Black Friday – e por isso menos propensos a descontos efetivos – os óculos de sol (10%), joysticks (15%), camisas de clubes de futebol (17%), colchões (21%) e bicicletas (22%).
“A loja que vende uma bicicleta vai ter que dar um desconto de pelo menos 30% para chamar atenção. O desconto, para ser efetivo, teria que ser ao menos de 23%. E a gente pesquisa os cinco modelos de bicicletas mais vendidos em cinco lojas diferentes”, diz o economista Fábio Bentes.
Para amenizar transtornos aos consumidores durante a Black Friday que acontece em estabelecimentos comerciais físicos e online, o Procon-SP está realizando reuniões com as principais empresas que promovem promoções e descontos na data.
A fim de evitar dor de cabeça, o consumidor deve comparar preços entre lojas para avaliar se o valor é realmente promocional, checar endereço da empresa que oferta produtos, observar o prazo de entrega e conferir as políticas de troca de mercadorias. Segundo o Procon-SP, no ano passado, foram registradas durante a data 2.360 reclamações, sendo o principal problema relatado a demora ou não entrega do produto, com 41,86% do total das queixas.