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CGU vai revisar 234 casos de sigilo

© Reprodução/Controladoria-Geral da União

O ministro da Controlado­ria-Geral da União (CGU), Vi­nícius de Carvalho, anunciou que o órgão irá analisar ou revisar 234 casos que estavam sob sigilo de 100 anos duran­te o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre tais casos, segundo ele, 111 são de acesso à informação e foram negados alegando risco à segu­rança nacional.

Trinta e cinco ofereciam risco à segurança do presiden­te e de seus familiares. A CGU vai revogar o sigilo do processo administrativo instaurado pelo Exército em 2021 e que tinha como alvo o então ministro da Saúde e general Eduardo Pazuello. O caso do ex-minis­tro, agora deputado federal (PL-RJ), é parte desse pacote.

Outros 49 abrangiam infor­mações consideradas pessoais; e 16 eram relativos à proteção das atividades de inteligência. Ainda segundo a CGU, 23 pedi­dos foram negados por “outros motivos”. “A partir de segun­da-feira (6), quem demandou essas informações começará a receber o resultado das decisões da CGU”, informa o ministro.

A medida decorre de de­terminação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A partir do despacho do presi­dente da República foi deter­minado que fizéssemos revisão e reanálise de casos envolvendo sigilo com base em fundamen­tos questionáveis, no sentido de banalizar o sigilo e prejudi­car a política de transparência pública”, diz Carvalho.

A determinação pela trans­parência de gastos federais já resultou na divulgação, em 12 de janeiro, de gastos com o cartão corporativo dos ex-pre­sidentes da República entre 2003 e 2022. As informações liberadas abrangem os manda­tos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), Dilma Rousseff (2011-2016), Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019-2022).

Acesso à informação
De acordo com a controla­doria, entre 2019 e 2022 foram registrados 511.994 pedidos de acesso à informação. Destes, 64.571 foram negados total ou parcialmente. “O que me chamou a atenção foi o fato de que, deste total, apenas 2.510 foram objeto de recurso para a CGU, o que revela que muita gente desiste ao longo do ca­minho, após ter o pedido ini­cial negado”, afirma Carvalho.

“Veja que a porcentagem de recursos feitos à CGU é menor do que 5%”, dizse o mi­nistro. Ainda segundo Carva­lho, 1.335 dos cerca de 2,5 mil pedidos que foram objeto de recurso receberam uma nega­tiva, como resposta ao pedido de acesso à informação.

Retrocessos
Segundo o corregedor, o critério foi adotado porque “nos últimos anos testemunha­mos alguns retrocessos impor­tantes em relação ao acesso à informação e a toda política de transparência de um governo aberto”. Tendo por base o ma­terial que está sob análise, ele avalia que o governo anterior acabou por “utilizar determi­nadas categorias para ampliar os sigilos, de forma a dificultar acesso à informação”.

Ele usou como exemplo de categorias, as de segurança nacional e de proteção de da­dos pessoais para situações em que elas não se enquadram. “A transparência é decorrência lógica do princípio da publi­cidade de nossa Constituição, que ajuda e muito no aprimo­ramento de políticas públicas e no monitoramento da ação go­vernamental. É portanto algo instrumental.”

Casos sob análise
O ministro evitou falar de casos concretos, quando per­guntado por jornalistas. Sua equipe, no entanto, enumerou exemplos que estão sob análi­se. Entre eles estão entradas e saídas de pessoas em prédios públicos; o assassinato da vere­adora do PSOL Marielle Fran­co; gastos do ex-presidente Bolsonaro com motociatas e pagamentos de cachês de artis­tas feitos pela Caixa Econômi­ca Federal.

O ministro lembrou que servidor público que não cum­pre a lei de acesso à informação “é passível de responsabiliza­ção”, mas que a CGU terá todo cuidado para evitar injustiças ao fazer a análise das motiva­ções de negativas de acesso à informação. “O que avaliamos é o argumento que foi dado”, diz.

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