Ribeirão Preto registrou inflação de 3,95% em fevereiro, na comparação com o mês anterior, a quinta alta seguida. O preço da cesta básica de alimentos superou a barreira de R$ 700 pela primeira desde o início da série histórica, iniciada em maio. Passou de R$ 675,74 em janeiro para R$ 702,46 – também o maior valor em dez meses –, acréscimo de R$ 26,72.
O percentual de aumento (3.95%) também é o mais elevado da série. A cidade abriu 2024 com reajuste de 3,89% em janeiro ante dezembro, quando o pacote de alimentos essenciais custava R$ 650,42, aporte de R$ 25,32. Em novembro, custava R$ 630,83. Ou seja, encerrou o ano passado com alta de 3,11% e despesa de mais R$ 19,59 para o consumidor.
Já havia constatado alta de 3,70% em novembro, em relação aos R$ 612,02 de outubro, acréscimo de R$ 18,81. Em setembro chegou a R$ 590,32 – menor valor registrado desde maio, quando o Índice Mensal passou a ser divulgado pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp).
A alta do pacote com os mesmos produtos é a quinta seguida após três meses seguidos de deflação. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 21 de fevereiro. A coleta ocorreu na sexta-feira (16). Os analistas da Acirp percorreram 15 estabelecimentos: onze supermercados/hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as cinco regiões da cidade.
Custava R$ 610,98 em agosto, R$ 645,33 em julho, R$ 679,67 em junho e R$ 672,82 em maio. O acumulado em 2023 foi de 0,91% em oito meses. Neste primeiro bimestre de 2024, já está em 9,62%. O levantamento é feito pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB-Acirp) do Departamento de Relações Jurídicas e Institucionais, braço econômico da Acirp, e não tem caráter fiscalizador.
Os pesquisadores responsáveis pela pesquisa afirmam que o aumento de preços se deve, principalmente, a fatores de demanda e condições climáticas. Os analistas do IEMB-Acirp destacam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já prenunciava os aumentos dos alimentos devido ao clima.
“O Copom vem apontando as temperaturas mais altas e da mudança no ritmo pluviométrico como causas para o aumento do custo médio dos alimentos, em especial dos itens que têm origem no campo. O clima, de fato, tem impactado as colheitas e os valores finais que chegam ao consumidor”, explica Livia Piola, analista do IEMB–Acirp
O grupo alimentar que mais pesa sobre as despesas do ribeirão-pretano, com 35,94% do valor total da cesta, é o da carne. Frutas e legumes absorvem 31,55% do orçamento, seguidos dos farináceos (18,75%), laticínios (5,81%), leguminosas (4,76%), cereais (2,5%) e óleos (0,69%).
Em relação ao poder de compra, considerando uma remuneração de R$ 1.412 (salário mínimo), deduzidos 7,52% de descontos da Previdência Social, tem-se que o piso líquido é na ordem de R$ 1.305,82, de tal modo que um trabalhador de média idade comprometeria cerca de 53,79% de sua renda apenas com gastos alimentares.
“Foi uma alta de 1,3 ponto percentual em um mês. Em carga horária, equivale a trabalhar 118,35 horas das 220 horas previstas na jornada do assalariado só para comprar comida”, destaca Livia Piola. O reajuste de 6,97%do salário-mínimo ajudou a minimizar o impacto.
Entre os vilões da cesta básica de alimentos de fevereiro destacam-se o tomate italiano (14,88%), açúcar cristal (10,79%), banana nanica (10,27%), farinha de trigo sem fermento (5,93%), arroz branco tipo 1 (5,63%), leite longa vida (3,19%) e o quilo da alcatra (2,15%).
A alta da banana nanica ocorreu devido ao reajuste praticado pela Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte) frente às chuvas de granizo e ventanias registrados nos dias 13 e 14 de fevereiro, que impactaram na produção da fruta. Por outro lado, caíram os preços do óleo de soja (–7,11%), do feijão carioca (-4,73%) – devido às safras recordes em 2023 e menor demanda externa pela China – e da margarina com sal (-3,36%).
A analista lembra ainda que a alta de 14,88% no preço do tomate italiano ocorreu devido à queda nas produções no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, provocada pela chuva intensa. O aumento do açúcar cristal foi impulsionado pela queda de produção na Índia, que fez elevar em 20% a cotação internacional.
Entre os preços coletados, os produtos que apresentaram maior desvio padrão, isto é, aqueles que tiveram maior variação de valor entre um estabelecimento e outro, são a alcatra (cerca de R$ 5,13 de diferença), cujo quilo custa em média, R$ 42,08, e o café em pó (R$ ,2,83), sendo que o preço médio do kg é de R$ 27,93. A diferença no preço do tomate italiano chega a R$ 2,55 (custa R$ 10,19 o quilo) e a batata inglesa registrou variação de R$ 2,54 (o quilo custa R$ 9,65).
Cesta é mais cara na região Central
Pelo segundo mês consecutivo, a região Central apresentou o kit mensal mais caro de Ribeirão Preto. Saltou de R$ 712,18 em janeiro para R$ 771,58 em fevereiro, acréscimo de R$ 59,40 e aumento de 8,34%, impulsionado pelos aumentos de 40,07% no preço da banana nanica e de 23,35% do açúcar cristal.
A Zona Norte tem a cesta mais barata. Passou de R$ 638,10 em janeiro para R$ 643,67, avanço de 0,87% e R$ 5,57 a mais. Puxaram a alta a farinha de trigo (+21,74%), o tomate italiano (+17,24%) e leite longa vida (+9,00%).
Na Zona Leste, saltou de R$ 707,52 para R$ 741,02, aporte de R$ 33,50 e aumento de 4,73%.
Na Zona Sul, passou de R$ 686,57 para R$ 713.69, aumento de 3,95% e acréscimo de R$ 27,12. Por fim, na região Oeste, subiu de R$ 650,50 para R$ 663,59, aporte de R$ 13,09 e crescimento de 2,01%, segundo os dados da pesquisa IEMB-Acirp.
Dados do estudo – A cesta utilizada baseia-se no decreto lei nº 399, que regulamenta o salário mínimo brasileiro e apresenta o tipo e a quantidade de alimentos de acordo com a região administrativa brasileira. O custo médio total de uma cesta de consumo alimentar capaz de atender as necessidades energéticas e nutricionais de um indivíduo em idade representa para o índice da Acirp o marco da linha de indigência na cidade.
A lista inclui alcatra bovina (6 kg), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 quilos), arroz branco tipo 1 (3 quilos), farinha de trigo (1,5 quilo), batata inglesa (6 quilos), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).
Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, uma vez que 60% dos ribeirão-pretanos preferem comprar este produto nestes estabelecimentos.