A cesta básica na cidade teve novo aumento em novembro e agora custa R$ 630,83, alta de 3,07% em relação aos R$ 612,02 de outubro, acréscimo de R$ 18,81. Em setembro chegou a R$ 590,32 – menor valor registrado desde maio, quando o Índice Mensal passou a ser divulgado pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp).
A alta do pacote com os mesmos produtos é a segunda após três meses seguidos de deflação. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 23 de novembro. A coleta ocorreu no dia 17. Os analistas da Acirp percorreram onze supermercados/hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as cinco regiões da cidade.
De maio até novembro, a cesta básica em Ribeirão Preto acumula deflação de 2,13% nos preços do kit mínimo, ante queda de 5,05% até outubro e de 8,41% até setembro, quando caiu 3,38% em relação aos R$ 610,98 de agosto, desconto de R$ 20,66. Custava R$ 645,33 em julho, R$ 679,67 em junho – maior valor da série – e R$ 672,82 em maio.
O levantamento é feito pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB-Acirp) do Departamento de Relações Jurídicas e Institucionais, braço econômico da entidade, e não tem caráter fiscalizador. Os pesquisadores responsáveis pela pesquisa afirmam que o aumento de preços entre outubro e novembro se deve, principalmente, a fatores de demanda e condições climáticas.
“Nesse sentido, com a aproximação das festas de fim de ano e a injeção do 13º na economia, observa-se um crescimento do consumo das famílias, incluindo itens alimentares, cujo choque de demanda gera um aumento dos preços alimentares”, explica Lucas Ribeiro, analista do IEMB-Acirp.
Ele destaca ainda que o elevado crescimento das temperaturas (associado ao fenômeno El Niño) altera o padrão de chuvas, impactando no desenvolvimento de safras, especialmente as mais sensíveis ao clima, como a dos alimentos in natura.
“Apesar das previsões para a inflação dos alimentos em 2023 ser menor que em 2022, espera-se uma aceleração inflacionária para o próximo ano, principalmente para o primeiro trimestre de 2024, puxado pelas condições climáticas”, diz Ribeiro.
O grupo alimentar que mais pesa sobre as despesas do ribeirão-pretano, com 38,96% do valor total da cesta, é o da carne. Frutas e legumes absorvem 27,1% do orçamento, seguidos dos farináceos (20,94%), laticínios (5,97%), leguminosas (3,82%), cereais (2,45%) e óleos (0,76%).
Em relação ao poder de compra, considerando uma remuneração de R$ 1.320, (salário mínimo), deduzido do 7,52% de descontos da Previdência Social, tem-se que o piso líquido é na ordem de R$1.220,74, de tal modo que um trabalhador de média idade comprometeria cerca de 52,39% de sua renda apenas com gastos alimentares
O aumento chega a 2,26 pontos percentuais relativamente ao mês anterior. “Assumindo uma carga horária de trabalho mensal de 220 horas, esse indivíduo precisaria trabalhar cerca de 115,26 horas para adquirir a referida cesta, 4,96 horas a mais que em outubro”, diz a pesquisa da Acirp.
Entre os vilões da cesta de novembro, destaca-se o açúcar cristal. O produto sofreu aumento de 7,63%, impulsionado pelo fenômeno do El Niño. Com a seca observada em países africanos e o excesso de chuva na Europa, prejudicando a produção de beterraba sacarina, observa-se tanto uma redução das colheitas de cana-de-açúcar bem como uma maior pressão sobre os preços do açúcar.
Ademais, com o crescimento da demanda por biocombustíveis face à elevação da cotação internacional do barril de petróleo, uma maior fração das safras de cana-de-açúcar são destinadas às refinarias para geração de etanol e outros combustíveis, de modo que a oferta de açúcar no mercado caia, elevando seus preço. Em Ribeirão Preto, o aumento do preço do produto foi puxado principalmente pela região Central (alta de 23,15%).
Porém, a cotação mais cara foi encontrada na região Sul (R$3,67/ kg). Já a alcatra registrou aumento de 5,31% devido ao crescimento da demanda face à aproximação das festas de fim de ano. Em Ribeirão Preto, o maior crescimento no preço do produto ocorreu na região Sul (9,85%), enquanto verifica-se a maior cotação na região Leste (R$ 46,19/kg).
Entre os preços coletados, os produtos que apresentaram maior desvio padrão, isto é, aqueles que tiveram maior variação de valor entre um estabelecimento e outro, são a carne alcatra (R$ 6,38) e o café em pó (R$ 3,19). Assim como nos meses anteriores, a variância da carne e do café é devido ao fato de tais produtos serem commodities comercializadas em mercado futuro.
Cesta é mais cara na Zona Sul de RP
A região Sul apresentou o kit mensal mais caro de Ribeirão Preto em novembro, de R$ 656,81, ante R$ 624,81 de outubro, R$ 32,00 a mais e alta de 5,12%. Os alimentos que mais impulsionam a alta foram banana nanica (10,94%), alcatra (9,85%) e açúcar cristal (8,78%).
A Zona Norte tem a cesta básica mais barata: R$ 575,54, contra R$ 531,58 de outubro, aporte de R$ 43,96 e aumento de 8,27%, o mais expressivo do mês. Nessa área, o aumento foi puxado por pão francês (31,71%), banana nanica (20,04%) e óleo de soja (19,38%).
Na Zona Oeste, subiu de R$ 594,31 para R$ 612,02, aporte de R$ 17,71 e aumento de 2,98%. Na região Leste, disparou de R$ 635,55 para R$ 655,60, elevação de 3,16% e acréscimo de R$ 20,05. Depois de ter registrado em outubro os maiores valores da cidade, a região Central foi a única a apresentar uma ligeira queda. Recuou de R$ 652,49 para R$ 650,73, desconto de R$ 1,76 e queda de 0,27%.
Dados do estudo – A cesta utilizada baseia-se no decreto lei nº 399, que regulamenta o salário mínimo brasileiro e apresenta o tipo e a quantidade de alimentos de acordo com a região administrativa brasileira. O custo médio total de uma cesta de consumo alimentar capaz de atender as necessidades energéticas e nutricionais de um indivíduo em idade representa para o índice da Acirp o marco da linha de indigência na cidade.
A lista inclui alcatra bovina (6 kg), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 quilos), arroz branco tipo 1 (3 quilos), farinha de trigo (1,5 quilo), batata inglesa (6 quilos), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).