Após queda de 0,55% em junho e 7,7% em julho, o preço da cesta básica de alimentos essenciais voltou a registrar deflação em Ribeirão Preto, segundo o levantamento mensal do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Associação Comercial e Industrial (Acirp). O valor do kit recuou de R$ 633,86 em julho para R$ 622,47 em agosto, queda de 1,8% e desconto de R$ 11,39.
Porém, em comparação com o mesmo mês do ano passado, quando o pacote com 13 alimentos essências custava R$ 610,98, a alta chega a 1,88%, acréscimo de R$ 11,49. No acumulado do ano, entre janeiro e agosto, a deflação na cidade é de 2,86%, ante inflação de 1,08% até julho – era de 7,17% no primeiro semestre.
O acumulado em 2023 foi de 0,91% em oito meses. Terminou o segundo trimestre deste ano – abril a junho – em alta de 1,13%, cerca de 5 pontos percentuais abaixo do 1,18% de janeiro a março. Em junho, o valor médio do kit era de R$ 686,73.
O estudo aponta ainda que da região com menor custo (R$ 580,02) para a mais cara (R$ 695,90), o consumidor pode chegar a gastar até R$ 115,88 a mais pela compra dos mesmos 13 itens básicos. A variação chega a 19,98%, segundo a pesquisa do IMEB-Acirp.
O principal item responsável pela queda foi a batata inglesa, com uma redução de 21,25% nos preços, atribuída ao aumento na oferta decorrente da safra de inverno. Em contrapartida, a farinha de trigo registrou um aumento de 24,44%, refletindo a alta na cotação do trigo no mercado internacional.
“A escassez de grãos de qualidade superior, provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, aliada ao período de entressafra da produção brasileira, contribuiu para essa elevação”, destaca Lucas Ribeiro, analista do Instituto de Economia Maurílio Biagi da Acirp.
O preço do kit na cidade registrou dois meses seguidos de deflação, de 3,34% em março e 1,59% em abril, depois avançou 3,33% em maio. Subiu 3,89% em janeiro e 3,95% em fevereiro, quando o preço do pacote de itens essenciais superou a barreira de R$ 700 pela primeira vez desde o início da série histórica, atingindo R$ 702,46. O percentual também é o mais elevado até agora.
Os dados do Índice Mensal de Cesta Básica foram divulgados nesta quinta-feira, 28 de agosto. Os analistas da Acirp percorreram 14 estabelecimentos no dia 23: dez supermercados e hipermercados e quatro panificadoras distribuídas entre as cinco regiões da cidade. O levantamento não tem caráter fiscalizador.
O grupo alimentar que mais pesa sobre as despesas do ribeirão-pretano, com 36,34% do valor total da cesta, é o da carne, que em julho consumia 37,20%. Frutas e legumes absorvem 26,98% do orçamento (26,89% no mês anterior), seguidos dos farináceos (21,9%, ante 21,46% de julho), laticínios (7,28%, depois de 7,16% no mês anterior), leguminosas (3,9%, era de 3,82%), cereais (2,75%, ante 2,63%) e óleos (0,85%, após 0,84%).
Também caíram os preços do tomate italiano (-5,45%), margarina com sal (-5,25%), alcatra (-4,05%), café em pó (-2,19%), pão francês (-1,71%) e óleo de soja (-0,48%). As altas foram constatadas nos preços da banana nanica (19,64%), açúcar cristal (9,67%), arroz branco (2,94%), leite longa vida (0,95%) e feijão carioca (0,20%)
Em relação ao poder de compra, considerando uma remuneração de R$ 1.412 (salário mínimo), deduzidos 7,52% de descontos da Previdência Social, tem-se que o piso líquido é na ordem de R$ 1.305,82, de tal modo que um trabalhador de média idade comprometeria cerca de 47,67% de sua renda apenas com gastos alimentares em agosto.
A queda alta foi de 0,87 ponto percentual em um mês – era de 48,54% em julho. Em carga horária, equivale a trabalhar 104,87 horas das 220 previstas na jornada do assalariado só para comprar comida, 1,92 hora a menos do que em julho – era de 106,79 no mês anterior. O reajuste de 6,97%do salário-mínimo ajudou a minimizar o impacto.
Duas fotos Tom (GF-Pexels) e Bat (Lucas Diego/Seaf-MS)
Tomate italiano (-41,41%), batata inglesa (-23,49%), farinha de trigo (-17,87%) e arroz branco (-10,75%) foram os itens com maior queda de preços em julho
Centro tem a cesta básica mais cara
A região Central ainda tem o kit mensal básico de alimentos mais caro de Ribeirão Preto. Em agosto, aparece no topo da lista com R$ 695,90, ante R$ 690,28 de julho, alta de 0,81% e acréscimo de R$ 5,62. O aumento expressivo no preço da farinha de trigo (85,92%) foi o principal fator desse crescimento, enquanto o tomate italiano registrou queda significativa de 32,03% nesta área.
Na Zona Oeste, a cesta básica com 13 alimentos essenciais tem o menor custo. Caiu de R$ 632,28 para R$ 578,40, desconto de R$ 53,38 e queda de 8,52%, puxada pelo do tomate italiano (-25,8%) e batata inglesa (-31,7%), segundo a Acirp.
Na Zona Sul, saltou de R$ 628,06 em julho para R$ 682,22 em agosto, aporte de R$ 54,16 e aumento de 8,62%. Banana nanica (46,14%), tomate italiano (29,39%), açúcar (20%), farinha de trigo (10,83%) e arroz branco (10,50%) puxaram a alta.
Na Zona Leste, passou de R$ 685,78 em julho para R$ 581,03, desconto de R$ 104,75 e retração de 15,27% puxada por carne bovina (alcatra, -27,31%) e batata inglesa (-24,64%) apesar do aumento de 53,73% da farinha de trigo, segundo o IEMB-Acirp.
Por fim, na Zona Norte, a cesta básica com 13 alimentos saltou de R$ 557,13 em julho para R$ 580,02 em agosto, acréscimo de R$ 22,89 e aumento de 4,11%. A banana nanica subiu 52,09% na região. O leite longa vida avançou 11,36% e o quilo da alcatra registrou elevação de 8,13%.
Dados do estudo – A cesta da Acirp inclui alcatra bovina (6 kg), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 quilos), arroz branco tipo 1 (3 quilos), farinha de trigo (1,5 quilo), batata inglesa (6 quilos), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).