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Cerol dará cassação de alvará

O prefeito Duarte No­gueira (PSDB) sancionou a lei 14.795/2023, de autoria do vereador Lincoln Fernandes (PDT), aprovada na Câmara de Ribeirão Preto em 9 de feve­reiro, que determina a cassação do alvará de funcionamento dos estabelecimentos flagra­dos vendendo linha chilena ou com cerol. No estado de São Paulo, de acordo com a lei nú­mero 12.192, de 2006, é crime vender este tipo de produto.

Unanimidade
A proposta foi aprovada por unanimidade – 21 votos favorá­veis, apenas o presidente Franco Ferro (PRTB) não votou. O pro­jeto foi protocolado na Câmara em 30 de janeiro, um dia após a morte do motociclista José Ivanildo Correa, de 43 anos, na avenida Eduardo Andrea Mata­razzo, a Via Norte. O corpo foi encontrado no dia 29, um do­mingo, caído num matagal ao lado da pista Bairro-Centro. Ele ia almoçar na casa da mãe.

A Polícia Militar foi aciona­da e constatou que a vítima foi atingida no pescoço por uma linha de pipa com cerol. Segun­do informações da PM, ao ser atingido, o homem caiu com a moto e só foi parar cerca de 100 metros à frente. O pescoço estava com cortes profundos e apenas a coluna cervical evitou que a cabeça fosse decepada. Ao lado do corpo, havia mui­tos pedaços de linha com cerol. Nenhum suspeito de causar o acidente foi identificado.

Sanção
A “Lei do Cerol” foi publi­cada na edição de sexta-feira, 10 de março, do Diário Oficial do Município (DOM). Por condu­zirem eletricidade, em contato com a rede elétrica, esse tipo de produto aumenta o risco de choques. Por conta do seu po­der cortante, essas linhas podem romper os cabos da rede e pro­vocar curtos-circuitos, além de colocar em risco a vida de ciclis­tas e motociclistas.

É considerado cerol a mis­tura de pó de vidro ou qualquer material análogo cuja adição de cola de madeira ou outra subs­tância glutinosa resulte na po­tencial lesividade, se passada na linha de pipa ou papagaio, tor­nando-a aguda ou cortante. Já a linha chilena é a mistura de pó de aço ou material análogo com adição de cola passada na linha de pipa ou papagaio, tornando-a aguda ou cortante.

Pelo projeto, os estabeleci­mentos comerciais serão alvo de um procedimento administrati­vo e após a sua tramitação pelo poder municipal, se for consta­tado que houve infração previs­ta na nova lei, eles terão o alvará cassado. Ou então o caso será arquivado. Durante o tempo em que o proprietário apresentar sua defesa, o estabelecimento permanecerá fechado.

De acordo com Lincoln Fer­nandes, a lei tem o objetivo de cessar a venda indiscriminada de linhas chilenas ou com cerol em Ribeirão Preto. Ele afirma que existem legislações vigentes na cidade, porém, sem efetivida­de, uma vez que os vendedores saem impunemente, enquanto vidas são perdidas ou pessoas fi­cam seriamente feridas. A nova legislação não prevê multa, ape­nas a cassação de alvará.

Outra lei
Desde 2017, uma lei munici­pal de autoria do então vereador Luciano Mega (na época filiado ao PDT) proíbe a comercializa­ção, o armazenamento, o trans­porte, a distribuição e o manu­seio de cerol, linhas chilenas e similares. Os infratores da lei, além de terem os produtos apre­endidos, estão sujeitos a multa de 150 Unidades Fiscais do Es­tado de São Paulo (Ufesp).

Em caso de reincidência, a multa é dobrada. Este ano o va­lor da Ufesp é de R$ 34,26, o que resulta em multa inicial de R$ 5.139 e, em caso de reincidên­cia, de R$ 10.278. A lei estadual que proíbe a comercialização de linhas com cerol ou chilena prevê multa de 50 Ufesps para o usuário. O valor atual é de R$ 1.713. Para os estabelecimentos que negociam os produtos, a autuação chega a cinco mil uni­dades fiscais, o equivalente a R$ 171.300.

Com o relaxamento das me­didas restritivas mais severas, em função da pandemia, e a re­tomada das atividades, cresceu não só o número de crianças e adolescentes brincando nas ruas, mas o de ocorrências cau­sadas por pipas na rede elétrica.

Levantamento realizado pela CPFL Energia em suas quatro distribuidoras (CPFL Paulista, CPFL Piratininga, CPFL Santa Cruz e RGE) aponta que o ano passado apresentou número re­corde de ocorrências causadas por pipas na rede elétrica.

Em Ribeirão Preto, cidade atendida pela CPFL Paulista, a quantidade de ocorrências sal­tou de 441 em 2021 para 547 no ano passado, 106 a mais e alta de 24%. A média em 2022 foi de um caso a cada 16 horas. A concessionária paulista atende cerca de 325 mil consumidores ribeirão-pretanos.

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