Tribuna Ribeirão
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Cérebro, Cognição e Comportamento (15)

Uma avaliação acurada da dor crônica, uma condição com alta incidência e associada a várias condições clínicas, é fundamental para a classificação de condições de dor crônica. Portanto, um processo de avaliação fidedigno e válido é um componente essencial inseri­do em diversos manuais de orientações (guidelines) veiculados por inúmeras sociedades científicas e∕ou profissionais que consideram importante o manejo, o controle e o trata­mento da dor e suas comorbidades. Para além do da importância de seu diagnóstico, a avaliação da dor serve a outras importantes funções. Primeiro, a avaliação da dor fornece informação considerando a severidade da condição, possibilitando usar esta informação para monitorar as decisões acerca do tratamento, medicamento ou não.

Também, a avaliação da dor permite aos clínicos e cientistas guiarem o curso longitu­dinal da desordem dolorosa e quantificar os efeitos do tratamento. Avaliação contínua e repetida da dor pode informar acerca do tratamento tanto quanto a mensuração repetida da pressão sanguínea informa acerca da hipertensão. Finalmente, a avaliação da dor pode fornecer indícios a respeito dos mecanismos patofisiológicos subjacentes à condição de dor, os quais podem nortear a escolha mais apropriada do tratamento.

A Figura que acompanha este texto apresenta um modelo heurístico para conceituar a avaliação da dor no contexto da classificação da dor baseada em evidências e para condu­zir avaliações de dor que podem ser fundamentais em fornecer informações considerando os mecanismos patofisiológicos. Importante, a avaliação de um paciente com dor crônica pode também incluir avaliação e mensuração de outros domínios clinicamente importan­tes, tais como funcionamento psicológico e físico, bem como, a qualidade de vida.

Como se pode constatar na Figura, vários métodos têm sido utilizados para mensurar a percepção/sensação de dor. Alguns métodos consideram a dor como uma qualidade simples, única e unidimensional que varia apenas em intensidade, mas outros a consideram como uma experiência multidimensional composta também por fatores afetivo-emocionais. Os instrumentos de avaliação que fornecem informação a respeito dos processos patofisiológicos contribuindo para a percepção de dor do paciente podem ser muito úteis em promover uma classificação de dor baseada em mecanismos. Para isso, ferramentais, tais como: Testes Quantitativos Sensoriais (QST), Imageamento Cerebral, Rastreio dos Nervos Periféricos, Fenotipagem Farmacológica e Genética Molecular e Compor­tamental (Multivariada) são freqüentemente empregados na prática clínica-hospitalar.

Finalmente, é importante que os clínicos, independente de sua formação básica, te­nham conhecimento do processo de mensuração e avaliação da dor em contextos clínicos e de pesquisa, e sejam treinados e educados para registrarem e comunicarem a dor, usando diferentes descritores em suas diferentes manifestações dolorosas.

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