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Cérebro, Cognição e Comportamento (1)

Inteligência Coletiva na Medicina – De modo geral, diagnósticos são centrais na prática médica. Contudo, inúmeros estudos sugerem que diagnósticos inadequados têm sido freqüentes mesmo em condições clínicas comuns, com elevado potencial mortalidade e morbidade. Ao longo dos últimos séculos, o modelo prevalecente de diagnóstico tem sido um clínico individual avaliar o paciente e chegar, por si próprio, a um diagnóstico do mesmo. Todavia, uma exceção ocorre em hospitais nos quais uma equipe clínica multidisciplinar discute cada caso, elaborando, posteriormente, um diagnóstico. Supõe-se que um diagnóstico baseado numa equipe colaborativa seja superior a um diagnóstico baseado exclusi­vamente em decisões clínicas individuais.

A despeito da idéia favorável de que o diagnóstico baseado numa equipe seja mais acurado, há pouca evidência sobre as abordagens dos benefícios basea­dos em decisões coletivas. A habilidade da inteligência coletiva, grupo de indivíduos atuando independente ou coletivamente, sobrepuja indivíduos atuando isoladamente em diferentes arenas da vida, tais como, política, administração e economia, mas o papel da inteligência em ambientes clínicos pouco tem sido investigado. Assim sendo, diag­nósticos originados de uma equipe de médicos ( inteligência coletiva) está se tornando uma abordagem promissora para se reduzir os diagnósticos inadequados.

Recentemente, em um estudo publicado em JAMA Network 2019, pesquisadores pro­curaram avaliar a acurácia diagnóstica de grupos de médicos quando comparada a acurácia diagnóstica de médicos efetuada individualmente por estes. Para isso, a acurácia diagnóstica de três condições clínicas consideradas muito complexas foi submetida a avaliações diagnós­ticas individuais, bem como, a avaliações diagnósticas efetuadas por grupos de 2 a 9 médicos. Os resultados revelaram que a inteligência coletiva, refletida na acurácia diagnóstica, aumen­tou de 62,5% para os médicos que atuaram individualmente até 85,6% para os médicos que atuaram em grupos de 9 especialistas.

A amplitude de melhoramento variou de acordo com as especificações diagnósticas en­contradas a cada grupo de médicos. Entretanto, o importante foi a revelação de que médicos agrupados avaliaram de forma muito mais correta que médicos fornecendo diagnósticos iso­ladamente, independentemente da abordagem efetuada por cada um dos médicos. A acurácia absoluta do melhoramento de indivíduos para grupos de 9 médicos variando em função dos sintomas apresentados, ou seja, desde um aumento de17, 3% para dor abdominal à 29,8% para condições febris. Por sua vez, grupos compostos por 2 médicos (77,7% de acurácia) a grupos de 9 médicos (85,5% de acurácia) sobrepujaram especialistas individuais em suas subespeciali­dades (66,3%).

Tomados em conjunto, uma abordagem de inteligência coletiva, isto é, diagnósticos feitos por grupos de médicos, foi associada a uma acurácia diagnóstica mais elevada quando comparada com aquelas feitas individualmente por especialistas clínicos, cujas especialidades emparelhavam-se aos casos em estudo, independente das condições clínicas analisadas. Em outras palavras, a combinação de diagnósticos de múltiplos clínicos, independente da experti­se destes, pode ser uma abordagem mais eficaz para o melhoramento da acurácia diagnóstica, eliminando vieses. Ninguém sendo mais forte de todos nós juntos.

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