Das 7.085 empresas cadastradas em Ribeirão Preto, 984 estão localizadas na região central da cidade, ou seja, em torno de 14% do comércio local. Os dados são referentes ao cadastro do Sincovarp – O Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região. Em se tratando de empregos, a estimativa é de mais de cinco mil trabalhadores no Centro.
O sindicato monitora, por meio de pesquisas, o comércio na área central. Os números de acordo com a Pesquisa Movimento do Comércio são de queda. A última alta nas vendas foi em agosto de 2018.
Apesar do bom desempenho em agosto, 2018 não foi um ano para ficar na memória dos comerciantes. O balanço anual do comércio de Ribeirão Preto ficou negativo, apresentando uma redução média nas vendas de 1,74% quando comparado a 2017 (1,13%).
No entanto, a entidade mostra-se otimista em relação ao segundo semestre deste ano. “Somos sempre otimistas com as datas sazonais, pois elas sempre trazem esperança e movimento. Apesar das quedas, alguns setores do varejo apresentam crescimento, como, por exemplo, vestuário. A expectativa de crescimento está no segundo semestre, principalmente no Natal para encerrar 2019 com elevação nas vendas,” diz Paulo César Garcia Lopes, presidente do Sincovarp.
Todos os setores tiveram queda em 2018
Segundo a Pesquisa Movimento do Comércio, entre os nove setores pesquisados, todos apresentaram queda. O pior resultado foi Livraria/ Papelaria (2,91%), seguido por Cine/Foto (2,60%), Tecidos/Enxoval (2,41%), Ótica (2,40%), Presentes (1,71%), Eletrodomésticos (1,61%), Vestuário (1,16%), Calçados (0,67%) e Móveis (0,23%).
Somente em janeiro e agosto os resultados foram positivos, nos demais meses as quedas estiveram presentes, com destaque para maio, outubro e novembro, com índices negativos que superaram os 3%.
Empregos mantiveram estabilidade
No que se refere ao emprego, o resultado foi de uma leve queda de 0,17% nos postos de trabalho em 2018. Entre os setores, embora as movimentações oscilem entre positivas e negativas, a maioria se mantém perto da estabilidade, com variações menores que um ponto percentual para cima ou para baixo. Apenas Cine/Foto teve redução dos quadros funcionais durante o ano de 1,04%.
Os problemas e os atrativos do Centro
O economista da ACIRP – Associação Comercial de Industrial de Ribeirão Preto, Gabriel Couto, elenca alguns problemas que afastam os comerciantes do Centro da cidade. No entanto, aponta atrativos que equilibram essa relação.
Segundo Couto, os problemas de segurança podem atuar como um fator de afastamento dos consumidores. Eles buscam por alternativas em outras regiões da cidade ou outras modalidades de comércio, como os shoppings, por exemplo.
“A informalidade também se mostra como um fator de preocupação, pois é praticamente impossível que o empresário que paga todos os encargos legais concorra com o comércio informal,” aponta o economista.
A dificuldade de acesso à região central é outro problema citado pelo economista. De acordo com Couto, os percalços são relacionados ao trânsito, dificuldade de estacionamento e falta de alternativas viáveis de deslocamento.
“O transporte coletivo por muitas vezes é insuficiente e meios alternativos ainda são escassos. Algumas grandes metrópoles brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, já vivenciaram uma debandada de suas regiões centrais por conta de fatores similares a esses, e agora lutam para investir em processos de revitalização,” indica.
Mas se segurança, informalidade e mobilidade são apontadas como fatores negativos, o preço e a diversidade de produtos são atrativos.
Couto aponta um ciclo virtuoso e positivo. Ele explica que o Centro é um polo de comércio popular reconhecido pelos consumidores da região. “O fato de haver grande concentração de lojas e prestadores de serviços atrai os mais variados tipos de compradores, que sabem que têm grandes possibilidades de encontrar o produto que buscam com bons preços. Ao mesmo tempo, a grande movimentação de pessoas atrai novos empresários e leva a abertura de novos negócios no local,” explica.
O economista diz que esse ciclo é positivo para a economia da cidade, gerando empregos, renda, e atraindo consumidores de cidades próximas.
“Este fato é ainda mais relevante quando consideramos que 84% dos empregos formais de Ribeirão estão concentrados nos setores de comércio e serviços, segmentos que têm no Centro uma das maiores concentrações de empresas na cidade,” finaliza.