Tribuna Ribeirão
DestaqueGeral

Centro de Reabilitação de RP atende 256 animais silvestres em quatro meses 

De janeiro a abril de 2024 a média do ano passado de dois atendimentos diários está mantida; polícia ambiental, concessionárias de rodovias e voluntários fazem parte de rede de apoio para socorro e reinserção

O Bosque Zoológico Fábio Barreto, possui 533 animais no plantel. Cada atributo das espécies é considerado para fins de manejo, nutrição e clínica. (Guilherme Sircili)

Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão 

Os “pets” silvestres e exóticos caíram no gosto dos tutores de Ribeirão Preto. É o que a reportagem do Tribuna Ribeirão mostrou no último domingo, na edição do dia 28 de abril. Amor que exige atendimento veterinários especializado, produtos específicos e espaço adequado, além de autorização legal em alguns casos.  

Enquanto nas casas o número desses bichos cresce, a média de atendimentos a exemplares abandonados ou machucados está mantida entre o ano passado e os primeiros meses de 2024. Foram 800 casos em todo ano de 2023 e 256 no primeiro quadrimestre. A estatística é do Centro de Triagem e Reabilitação (CETRAS) Morro de São Bento, localizado no Bosque Zoológico Fábio Barreto.  

O empreendimento está apto a receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar espécimes da fauna silvestre e exótica. Logo na recepção os animais são identificados e marcados por meio de anilhas ou microchips pelo setor de Biologia. Em seguida, o setor de Veterinária realiza exames aferindo parâmetros fisiológicos que são passados aos demais setores do CETRAS/Bosque e determinam outras condutas clínicas a depender do diagnóstico, como cirurgias, por exemplo.  

A partir dos dados gerados pelos setores de biologia e veterinária, a equipe da Zootecnia/Nutrição formula uma dieta personalizada, considerando também a idade do animal e os requisitos biológicos de cada espécie. Por fim, após reabilitação, os animais são destinados: ou para soltura em ambiente natural ou para instituições conservacionistas quando não há possibilidade comportamental e física que justifique a soltura do animal. 

Rede de apoio 

Chegam ao centro animais atropelados em rodovias, resgatados pela Polícia Ambiental ou por outras instituições (Corpo de Bombeiros e Guarda Civil Metropolitana), bichos vitimados ou abandonados que são entregues de forma voluntária por munícipes. Desde 2023 foram realizadas 272 solturas de animais reabilitados em áreas específicas, locais públicos e no próprio Parque Municipal Morro do São Bento com autorização outorgada pelo Departamento de Fauna do Estado de São Paulo (DEFAU). 

Segundo o biólogo Otávio Guilherme Gonçalves de Almeida, os animais silvestres requerem veterinários especializados em fauna silvestre, bem como apoio permanente de profissionais biólogos e zootecnistas com expertise em manejo, biologia, comportamento e nutrição, que são essenciais para garantir o bem-estar e saúde desses animais.  

“Vale destacar que os cuidados com animais silvestres são muito diferentes daqueles destinados aos animais domésticos, dada a grande variabilidade de moléstias e requisitos nutricionais específicos que obrigam a interdisciplinaridade e integração dos profissionais para promover a manutenção em condições adequadas. Desafios maiores em todos os aspectos exigem conhecimento especializado, autorizações legais e manejo cuidadoso para garantir o bem-estar animal”, explica.  

O zootecnista Alexandre Gouvêa, também da equipe do centro, confirma que entende-se por fauna silvestre: espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.  

“É proibido manter animais silvestres em cativeiro sem autorização do órgão ambiental competente, sob pena de multa e até mesmo prisão. Para ter um animal silvestre como animal de estimação, é necessário obter uma licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) ou órgão ambiental competente”, relata.  

“A licença só é concedida em casos específicos, como para fins científicos, conservacionistas, educativos ou de reabilitação. Contudo, licença para criação amadora de passeriformes pode ser outorgada pelo órgão ambiental com a finalidade de participação em torneios e manutenção sob cuidados humanos”, completa.  

Rodovias e venda ilegal 

De acordo com a Polícia Militar Ambiental em 2023 foram 1238 ações, com 8475 (aves silvestres apreendidas) e 824 (animais silvestres apreendidos). Este ano, até abril, mais 271 aves e 16 animais.  

De acordo com dados da Arteris Via Paulista em todo ano de 2023 foram 193 ocorrências de animais silvestres atropelados na região de Ribeirão Preto e Franca. 

Para casos de animais silvestres localizados feridos, a empresa mantém parcerias com universidades e institutos para os quais os direciona, após realizar o resgate e manejo adequado. Também mantém passagens de fauna em rodovias ao longo do trecho sob concessão. 

No caso de se deparar com um animal na rodovia, independentemente de ser doméstico ou silvestre, o usuário deve avisar a concessionária. Ele pode entrar em contato pelo 0800 001 1255, pela rede Wi-fi (SOS Via Paulista) ou pelos totens localizados nos SAUs. 

 Mais sobre o Bosque 

O Bosque Zoológico Fábio Barreto, possui 533 animais no plantel. Cada atributo das espécies é considerado para fins de manejo, nutrição e clínica. A vigilância em saúde animal é semestral, na qual os animais são avaliados por meio de exames de rotina para avaliação da condição física, mental e nutricional. Além disso, os animais são vermifugados caso positivados para endoparasitas e ectoparasitas.  

Segundo o biólogo Otávio Guilherme Gonçalves de Almeida, quanto ao status mental, o ambiente dos recintos é constantemente avaliado por uma equipe de enriquecimento ambiental, que avalia a segurança dos poleiros, realiza a troca de adornos envelhecidos e desgastados, atua na promoção do bem-estar animal por meio de estratégias de enriquecimento que reduzam a monotonia do ambiente em cativeiro e estimulem o animal a expressar o comportamento natural.  

Para Alexandre Gouvêa, outro modo de avaliar os animais dá-se pelo monitoramento do escore fecal (consistência e quantidade das fezes), pois este indica a qualidade da digestão. Dessa forma, de modo multidisciplinar os animais são monitorados para garantir o bem-estar.   

 

 

 

 

Postagens relacionadas

Operação contra pirataria digital cumpre mandados em Ribeirão Preto

William Teodoro

Estradas da região já contam com wi-fi

Redação 1

PUBLICIDADE: Doar sangue é um ato nobre

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com