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Cem dias à frente da Cultura

Há cem dias no comando da Secretaria da Cultura e do Turismo, o agente cultural, jor­nalista e ator Pedro Leão, afir­ma que está trocando o pneu do carro – pasta – com ele em movimento. Um de seus prin­cipais desafios neste período foi viabilizar a retomada das obras de reforma da Casa da Cultura no Morro do Mosteiro São Bento. O local abrigará o projeto Fábrica de Cultura 4.0 feito em parceria com o gover­no do Estado de São Paulo que atenderá mais de duas mil pes­soas com atividades culturais e de tecnologia da informação.

Por questionamentos téc­nicos feitos pelo Conselho de Preservação do Patrimô­nio Cultural (Conppac) de Ribeirão Preto as obras fo­ram interditadas e só reini­ciadas após acordo entre as partes. O secretário diz que a solução do impasse foi resul­tado da retomada pela Secre­taria da relação republicana com o Conselho.

Tribuna Ribeirão – O se­nhor já era secretário adjun­to de Cultura antes de assu­mir o comando da pasta. Em função disso, a transição foi mais fácil?
Pedro Leão – É preciso dizer que como adjunto, mui­tas coisas ficavam direciona­das para os diretores de cada área. O conhecimento da pas­ta como um todo passei a ter depois que assumi a Secretaria identificando a necessidade de fazer algumas trocas, como nós fizemos. O prefeito Duar­te Nogueira, quando me con­vidou, pediu celeridade nas ações e na mudança na forma de gerir a pasta. O que temos feito é trocar o pneu com o car­ro em movimento.

Tribuna Ribeirão – O or­çamento da pasta este ano é de R$ 17 milhões. Como geri-lo, já que não é peque­no diante do orçamento do município?
Pedro Leão – Estes recur­sos totalizam os disponíveis para a Cultura e o Turismo. Mas é preciso deixar claro que o que será feito com eles passa necessariamente pelos conse­lhos de cada setor. Retomamos a relação republicana com os conselhos ligados à pasta e jun­tos e em diálogo, apresentamos nossas propostas, ouvimos a opinião deles e a partir disso realizamos os projetos e ações em conjunto.

Tribuna Ribeirão – Tem-se a sensação que sob seu co­mando a pasta da Cultura ga­nhou mais visibilidade.
Pedro Leão – Acredito que isso é o retorno do serviço que estamos prestando à popula­ção. O prefeito me pediu que duas demandas fossem ime­diatamente atendidas: a cele­ridade das obras executadas pela pasta e os eventos. Visito obras todos os dias e é claro que ao fazer isso damos mais visibilidade e acabamos ocu­pando espaço e divulgando nossas ações para a imprensa. Também priorizamos os even­tos populares como a Folia de Reis, a Caminhada do Calvá­rio, e por fim, a retomada do Programa de Formação e For­talecimento para as crianças no contraturno escolar. Ele estava parado e em menos de 30 dias demos uma nova cara para ele e aumentamos o atendimento em 124%. De 900 vagas ofere­cidas aumentamos este núme­ro para mais de duas mil em 21 modalidades artísticas.

Tribuna Ribeirão – O pro­jeto Fábrica de Cultura 4.0 em implantação na antiga sede da Secretaria, no Morro São Bento, em parceria com o governo do Estado, enfrentou vários problemas. O que foi preciso fazer para agilizá-lo?
Pedro Leão – O primei­ro passo foi retomar a relação republicana com o Conppac. Respeitamos as instituições e sabemos o quão valoroso é o trabalho que ele faz e o zelo que nossos conselheiros têm para a preservação do patrimônio da cidade. Quando voltamos nossa atenção para o Conp­pac, ouvimos as demandas e realizamos o que era preciso, as coisas andaram, as obras foram retomadas e estão caminhando a todo vapor com prazo para entrega, pela construtora, para a empresa que irá gerir o pro­grama, para a segunda quin­zena de maio. A partir daí ela fará a compra dos equipamen­tos, contratação de pessoal e a inauguração do projeto. Com a Fábrica mais duas mil crianças e jovens terão atividades cultu­rais e de tecnologia.

Tribuna Ribeirão – Como está o projeto de restauro dos museus Histórico e do Café?
Pedro Leão – Recebemos a atualização do cronograma da empresa que está fazendo o projeto. O corpo técnico do Conselho de Cultura fez alguns questionamentos importantes e a empresa está preparando as repostas. Se após esta fase tudo estiver de acordo, inicia-se o processo de elaboração das planilhas de custo para poste­rior licitação. Acreditamos que devemos iniciar as obras no segundo semestre deste ano. A previsão é que elas estejam concluídas em três anos.

Tribuna Ribeirão – Ha­via um descompasso entre a Secretaria da Cultura e o Conppac?
Pedro Leão – Não posso afirmar que era um descom­passo. Acredito que eram for­mas de gestão diferentes. Da mesma forma que houve mu­dança no comando da Cultura, também ouve na presidência do Conppac. Sendo muito sin­cero, acredito que em outros momentos, a questão não an­dou porque não havia dinheiro para os projetos. O prefeito se dedicou muito para o conse­guir o orçamento para o res­tauro dos museus e do Palácio Rio Branco. O que está sendo feito agora é afinar os projetos para que as obras e o restauro sejam perenes. Não adianta fa­zer esse projeto a toque de cai­xa. Estamos acompanhando estes projetos para que sejam de excelência e primorosos.

Tribuna Ribeirão – Existe previsibilidade de recursos para a manutenção e custeio de pessoal, para que após a reforma, não tenham proble­mas para funcionar?
Pedro Leão – Estamos mantendo contato com o Go­verno do Estado de São Paulo que tem uma forma de gestão muito boa para espaços como os museus, como é o caso da Fundação Museu do Café de Santos. Sou um defensor do trabalho em conjunto e até em função das características destas atividades – finais de semana, feriados -, acredito nas parcerias com organiza­ções sociais e consórcios para participarem da gestão. Para mim, o caminho é a união entre os servidores de carrei­ra e os técnicos terceirizados. Já iniciamos contatos com o Governo do Estado e estamos planejando uma visita a San­tos para verificar de perto este modelo de gestão.

Tribuna Ribeirão – Em relação ao restauro do Palá­cio Rio Branco, como está o projeto?
Pedro Leão – O proje­to está no cronograma, mas ainda não foi apresentado publicamente. O primeiro passo, após ajustes internos de alguns detalhes, é fazer a apresentação para o público e a partir daí, seguir os trâmites normais com o acompanha­mento do Conselho. Em ra­zão do orçamento precisamos iniciar os restauros este ano. Acredito que no segundo se­mestre ela deverá ser iniciada. Já fizemos um trabalho preli­minar que incluiu a higieniza­ção do mobiliário do Palácio.

Tribuna Ribeirão – O que o Palácio Rio Branco deverá abrigar após o restauro?
Pedro Leão – O planeja­mento é que no primeiro an­dar – térreo – continue como sede da Secretaria de Cultura, Turismo e de seus departa­mentos. O piso superior e os porões devem ser de preser­vação da memória política e administrativa da cidade. Com a exposição, por exemplo, do mobiliário do gabinete do pre­feito que durante muitos anos foi lá. Já os salões nobre, rosa e as salas do porão, devem ser usados para atividades cultu­rais. O objetivo é que o Palácio sirva para a preservação da memória administrativa da ci­dade. A previsão é que as obras de restauro dos museus e do Palácio Rio Branco devem ser concluídas em três anos.

Tribuna Ribeirão – Even­tos que ocupavam o morro do São Bento foram retirados de lá por questões como as ambientais. Já o Parque Per­manente de Exposições pre­cisa de obras de recuperação em função de suas precárias condições estruturais. Ribei­rão Preto precisa de novos es­paços multiuso para eventos?
Pedro Leão – Em relação ao Parque Permanente acredito que o prefeito vai decidir pelo que for melhor para a cidade. Acredito que o futuro para os grandes eventos são as arenas multiuso. Estive em São Paulo, num espaço multiuso chamado Genesis e ele se transforma e se adequa para eventos dos mais diferentes usos, de exposição de carro a espetáculos e musicais.

Tribuna Ribeirão – Quais são os outros projetos que a Secretaria está realizando?
Pedro Leão – Devemos lan­çar um edital para projeto de diversidade da cultura LGBT­QIA+ e outro para a preserva­ção e o impulsionamento das atividades do samba. Também devemos retomar, no aniver­sário da cidade o Chorinho na Praça Sete de Setembro. E esta­mos construindo pontes para re­alizarmos o projeto da Lei Aldir Blanc dois de incentivo à classe artística e a lei Paulo Gustavo de fomento ao setor audiovisual.

Tribuna Ribeirão – Como está o seu relacionamento com os governos Federal e Estadual no que diz respeito ao setor cultural?
Pedro Leão – Temos um excelente relacionamento com o governo do estado e com o go­verno federal. Em até um mês irei para Brasília onde devo me reunir com autoridades do setor, como a ministra Margarete Me­nezes. Existem muitos projetos em nível estadual e federal que queremos realizar juntos.
Em nível de nossa Região Metropolitana vamos realizar, em acordo com os agentes fa­zedores de cultura da região e as lideranças políticas do setor, o primeiro encontro metropoli­tano de cultura do país. A ideia é pensar a cultura de forma re­gional. Além de um plano de cultura metropolitana, cada ci­dade poderá construir seu pla­no municipal. Vamos realizá-lo no primeiro semestre – entre maio e junho. Na verdade, a Secretaria apoia, mas quem re­aliza são os fazedores de cultu­ra. Além do Palácio Rio Branco deveremos ter inserções em vá­rios locais da cidade.

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