Tribuna Ribeirão
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Celebrando a Diversidade Literária na 23ª FIL 

André Luiz da Silva *
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Gostaria de saber quem teve a ideia do tema da 23ª Feira Internacional do Livro: “Cotidianos Poéticos – Do Épico de Camões às Batalhas de Rua”. Além do elogio, através deste artigo, desejo lhe apresentar meus cumprimentos pessoais.

Minha relação com a FIL é antiga. Comecei como público consumidor e, ao longo dos anos, atuei como conselheiro, vereador, escritor, integrante de entidades culturais, jurado de concursos e até realizei reportagens para programas de televisão e rádio. Testemunhei seu crescimento, seus desafios e a sua consolidação.

Em 2024, o encontro entre o erudito Camões, que encanta há mais de cinco séculos, e as atuais Batalhas de Rua, produções marginais muitas vezes desconsideradas por críticos, mas que demonstraram seu valor e riqueza, é mais do que necessário. No Slam, nossos jovens falam de amor, dor, família e natureza, além de criticar questões políticas e sociais com uma autenticidade e velocidade impressionantes. Eles merecem um olhar mais atento, como ensinou o Mestre Marcelo Domingos no Sarau da UEI “Métrica, que abordou a antítese, o flow e o bit como um resgate dos elementos clássicos na poesia de rua”.

Entre as 400 atividades gratuitas, nesta FIL aconteceram encontros inusitados como o de Carlos de Assumpção com MV Bill, aliás, o advogado, professor e poeta, nascido em Tietê (SP), mas erradicado em Franca, distribuiu consciência com simpatia, sabedoria e contundência na medida certa. Idealizador do Sarau Protesto, Assumpção recentemente recebeu o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, a maior honraria concedida pelo Parlamento paulista a personalidades que contribuíram para a sociedade. Durante suas apresentações na Feira liderou centenas de pessoas entoando o refrão “todo mundo é meu irmão, todo mundo é meu irmão, mas o racista não!”

Em tempos em que setores da população estadunidense e europeia pregam o fechamento de fronteiras, nossa FIL se abre para o mundo e recebe convidados estrangeiros que, ao contrário daqueles que levaram nossas riquezas, vêm compartilhar as suas, lembrando que as artes e o conhecimento transcendem muros e barreiras. Grandes nomes da literatura nacional também repartiram seus talentos conosco.

A merecida homenagem ao autor ribeirão-pretano Perce Polegatto, conhecido por seu texto inteligente, sagaz e desafiador em poesias, contos e romances, incluindo “Os Últimos Dias de Agosto”, certamente tornou o mês de agosto de 2024 inesquecível. Falando nos Autores da Casa, nosso espaço está lindo, mas já pequeno diante da intensa produção literária de Ribeirão Preto. O Centro Cultural Palace também recebeu a belíssima exposição ALARP – Cem Anos de Surrealismo no Salão Verde, além de diversas apresentações, palestras e saraus no auditório Pedro Paulo da Silva.

A parceria com o SESC foi consolidada com suas atrações e a importante discussão sobre o papel do Serviço Social do Comércio na requalificação do Centro da Cidade de Ribeirão Preto e a aquisição do imóvel sede da Recreativa, que certamente dará um novo significado ao complexo tradicional da cidade.

Entre as inúmeras novidades, destaco a Rádio Nova Ribeirão Web que instalou um estúdio na feira e transmitiu sua programação ao vivo, como sempre destacando escritores e artistas em geral.

O sucesso da FIL deve-se à competente equipe da Fundação do Livro e Leitura, que se destaca pela organização e pela capacidade de aglutinar parcerias públicas e privadas.  O cuidado com o público, com os artistas convidados e com os talentos da terra, aliado a uma programação diversificada, plural e atual, é notável.

Essa expertise pode inspirar os postulantes aos cargos na Prefeitura Municipal e na Câmara de Vereadores a incluírem em seus planos de governos e plataformas políticas a priorização da cultura e das indústrias criativas, que compreendem atividades relacionadas à literatura, ao cinema, ao teatro, à música e às artes em geral.

* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista 

 

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