Tribuna Ribeirão
Política

CCJ do Senado rejeita parecer a favor dos jogos de azar

Por 13 votos a dois, a Comis­são de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou proposta de re­gulamentação dos jogos de azar e reabertura dos cassinos no Brasil. O texto, de autoria do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), foi rela­tado pelo senador Benedito de Lira (PP-AL). No lugar, foi aprovada, de maneira simbólica, manifestação contrária do senador Randolfe Ro­drigues (Rede-AP).

No voto em separado, Randol­fe considerou que a exploração de jogos de azar incentiva a lavagem de dinheiro, tem “nefasto” impac­to psíquico e sociofamiliar sobre o jogador, e não deverá produzir aumento de receita tributária nem fomentar o turismo no Brasil, como alegam os defensores da matéria.

“Acho que o Congresso Nacional, no dia de hoje, sepultou em definiti­vo esse absurdo. Num momento em que o Brasil debate problemas de segurança pública, aprovar pro­jeto que facilita ações do tráfico de drogas e de arma e que vulnerabili­za a saúde do cidadão seria o mes­mo que o Congresso dar um tiro na própria cabeça, ainda bem que esse absurdo não prosperou”, comentou Randolfe após o resultado.

O parlamentar avaliou que não há experiência concreta em outros países que prove que a legalização dos jogos traria melhorias para a arrecadação de impostos no Brasil. “Ao contrário, os danos na saúde pública e as despesas ampliadas no Sistema Único de Saúde (SUS) seriam muito maiores do que even­tuais arrecadações.”

Durante as discussões na CCJ, Ronaldo Caiado (DEM-GO) defen­deu que é preciso combater os res­ponsáveis por jogos clandestinos, e não regularizar a atividade. “É triste, chega a ser deprimente diante da crise que vivemos, priorizar um pro­jeto que, na minha opinião, é o mais permissivo já discutido no Congres­so. Ao invés de cuidarmos de saúde e segurança pública, estamos aqui cuidando de jogos de azar, é difícil acreditar”, declarou.

Relator – Antes da votação, o senador Benedito de Lira defendeu seu parecer favorável à legalização e destacou que jogos clandestinos são uma “realidade no Brasil”. Para ele, é preciso regulamentar a ativi­dade para combater crimes como lavagem de dinheiro. “Lavagem de dinheiro existe hoje, crime existe hoje, porque tudo é feito às escondi­das. Como se defende tese de não mostrar a cara para aquilo que está debaixo do tapete? Eu não posso entender isso. Visão ideológica é uma coisa, visão religiosa é outra, mas aqui estamos tentando regula­rizar uma atividade econômica.”

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