Tribuna Ribeirão
Política

CCJ arquiva denúncia contra Temer

A Comissão de Constituição e Justiça aprovou por 39 votos a favor e 26 contra o arquivamen­to da denúncia contra o presi­dente Michel Temer e os minis­tros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Ge­ral) por organização criminosa e obstrução à Justiça. Depois de mais de 13 horas de discussão entre terça-feira e esta quarta­-feira, a maioria acatou o voto do relator, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG). Ago­ra, o caso segue para o plenário da Câmara para ser votado na próxima semana. Para que a denúncia seja aceita e analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) são necessários os votos de 342 dos 513 deputados.

No total, 61 deputados dis­cursaram sobre as acusações feitas pelo ex-procurador Ro­drigo Janot, mas apenas 13 de­fenderam o governo. O princi­pal argumento dos aliados de Temer foi a recuperação econô­mica conquistada nos últimos meses. Poucos optaram por debater o mérito da denúncia, mas quem o fez preferiu atacar Janot e o Ministério Público.

Enquanto isso, a oposição acusou o Palácio do Planalto de “comprar votos” de aliados, com várias citações à recente mudança no conceito e fiscalização do tra­balho escravo, comemorada pela volumosa bancada ruralista.

“Está claro que essa denúncia é fruto de uma grande armação, uma cilada para derrubar o pre­sidente. Isso é uma grande irres­ponsabilidade. O país voltou aos trilhos, os juros caíram, a inflação despencou e o emprego voltou. Derrubar o governo agora é jogar tudo isso na lata do lixo e deixar o país à deriva”, discursou o líder do PMDB, Baleia Rossi.

Antes dele, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) resumiu a narra­tiva usada por vários colegas que defendem as investigações:

“O presidente não pode con­tinuar cometendo crimes, tem que ser processado pelo STF. Ele não tem dignidade para ser pre­sidente, cargo que ele comprou. O que o presidente Temer está fazendo com o Brasil é nos levar à idade da pedra. Ele revogou in­clusive a fiscalização do trabalho escravo,” pontuou.

O líder do PSOL, Ivan Va­lente (SP), irritou parlamentares, em especial o PSDB, ao dizer que hoje os deputados iriam “pagar a conta”, retribuindo a votação do Senado que beneficiou o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

“O Aécio foi salvo lá ontem, e o PSDB desmoralizado vai pagar a conta,” disse Ivan Valente.

Houve protestos de parla­mentares, e Ivan rebateu:

“Olha como eles estão nervo­sos. Está rolando tudo!

O vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Man­sur (PRB-SP), disse que o pre­sidente Michel Temer é uma pessoa séria e que ele tinha o direito de defender um ex-par­lamentar que hoje é presidente da República. Mansur disse que o governo Temer fez várias re­formas e listou propostas que a oposição votou contra ao longo dos anos, como o Plano Real.

— Isso aqui é um teatro! Esta­mos discutindo a saída de um pre­sidente que está regularmente no seu mandato. Não se troca presi­dente da República como se troca time de futebol! disse Mansur.

“E o golpe? — retrucou Ivan Valente.

Antes da votação, o relator voltou a repetir um dos argumen­tos principais do relatório apre­sentado por ele contra a admis­sibilidade da denúncia: a de que Temer não pode ser responsabili­zado por atos supostamente prati­cados antes de virar presidente da República. Temer assumiu o Palá­cio do Planalto em maio do ano passado, após o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

“A acusação contra o pre­sidente está regulamentada no parágrafo quarto do artigo 86 da Constituição, de que ele não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de sua função. Isso é o básico. O debate político não me cabe. É a minha obrigação como membro desta comissão concluir pela inadmis­sibilidade dessa denúncia,” disse. Bonifácio de Andrada.

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