Quem não se lembra dos filmes de faroeste em que os índios norte-americanos lançavam flechas sobre aquilo que se transformaria na principal ferramenta do desenvolvimento “moderno” do oeste americano e de muitas cidades do novo mundo?
É inegável a importância da estrada de ferro no desenvolvimento das nações e nas cidades. Em Ribeirão Preto não foi diferente. Todo o desenvolvimento do final do século retrasado e até meados do último, passou pelo transporte ferroviário.
Historiadores descrevem a relevância das Marias-Fumaça no transporte de imigrantes e no escoamento da produção cafeeira de nossa região. Até mesmo o pai do pai da aviação, Dr. Henrique Dumont, se utilizou desse meio de transporte para levar sacas de café para São Paulo.
Se formos relembrar, inúmeros descendentes ainda se recordam com saudosismo, dos apitos, do ruído das rodas em contato com os trilhos e do sacolejar das composições.
Muitos destes descentes, almejam um dia, ver as Marias-Fumaça circulando pela nossa cidade. Isso não está longe de acontecer, mesmo porque, nos últimos 30 anos, cresceu a necessidade de se resgatar a memória de nossa história ferroviária.
O próprio Ministério do Turismo, em 2003, criou um grupo de trabalho para orientar o restauro da rica e memorável história. A partir de então, muitas cidades do Brasil, iniciaram a catalogação e busca de seu acervo. De sorte que, atualmente, existem mais de 15 cidades que já tem a sua história recuperada. Isso, somente com Marias-Fumaça. Existem outras tantas locomotivas, não menos históricas, movidas a diesel, em funcionamento.
A propósito, os restauros desses tipos de equipamentos, não são nenhuma novidade, tampouco privilégio de algum iluminado. Há mais de 80 anos, são objeto de desejo mundial, principalmente, daqueles que prezam pela cultura e pelo respeito aos enormes desafios perpetrados por nossos valorosos antepassados.
Ribeirão Preto também pode prestar uma justa homenagem a seus ilustres desbravadores, pois temos aqui, equipamentos em plenas condições de serem restaurados. As duas Marias-Fumaça, a Estação Barracão e os trilhos já foram objeto de análise e em condições de restauro. Recursos já foram captados.
Essa possibilidade real, faz muitos descendentes se regozijarem de felicidade, assim como, os profissionais de cultura e turismo. Sem dúvida, para Ribeirão Preto, o Trem Turístico seria uma nova e cobiçada atração turística e cultural. Com isso, agregaríamos um novo momento de nossa história e sairíamos do “monopólio” da Capital do Chopp, pois um destino concorrido que se preza, se consolida com vários produtos em sua prateleira.
O restauro destes equipamentos é uma obrigação de todos que respeitam a nossa história. Falta muito pouco para que tudo isso aconteça, exceto se tivermos ainda alguns índios lançando suas flechas.