O Cineclube Cauim vai exibir, neste final de semana, o documentário “Cine São Paulo”, rodado em 2017 e dirigido por Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli. Serão duas sessões, a primeira neste sábado, 23 de novembro, e a outra no domingo (24), sempre às 19h30, com entrada gratuita. A sala fica na rua São Sebastião nº 920, no Centro de Ribeirão Preto. Mais informações pelo telefone (16) 3441-4341 ou no site www.cineclubecauim.ong.br.
O filme conta uma história semelhante a do Cine Bristol, inaugurado pelo cineasta Guilherme de Almeida Prado em 1969 onde hoje atende o Cauim, com capacidade para 800 pessoas, a maior sala da cidade e a única fora de shopping center, que em 2003 foi encampado pelo cineclube e passou por várias reformas.
“Cine São Paulo” levou o prêmio de melhor documentário no Biarritz Latin American Film Festival (França) e foi selecionado oficialmente para o É tudo verdade – Festival Internacional de Documentários, Festival de Brasília, AFI Docs Documentary Film Festival (Estados Unidos) e para o Fidba International Documentary Film Festival (Buenos Aires, Argentina), todos em 2017.
A produção é da Trilha Mídia, com coprodução da Input – Arte Sonora e Zumbi Post. Participam do documentário, Francisco Augusto Prado Telles (Seu Chico), Neusa Sangaletti Prado Telles e Daniele Soffner. A montagem é de Yuri Amaral, Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli, com direção de fotografia de Ricardo Martensen, som de Felipe Tomazelli, que também assina a trilha sonora e a produção executiva ao lado de Martensen e Dríades Carolina da Rosa.
Sinopse
Aquilo que um dia foi uma respeitável sala de cinema, agora está praticamente em ruínas. Seu Chico, o simpático e desastrado proprietário do cinema, inicia uma luta obstinada para salvar o prédio centenário na pequena cidade de Dois Córregos, no interior paulista. Uma declaração de amor ao cinema e um exemplo de luta pelo acesso à cultura.
“A cabine [de projeção] pra mim era como se fosse uma nave espacial, com todas aquelas chaves, com todos aqueles botões. Então eu, operando o projetor com o cinema lotado de 400 pessoas, me achava muito importante!”, diz Seu Chico no documentário.
Para muitos o cinema é praticamente uma religião, é em frente ao grande ecrã (tela) que o ritual se realiza, é na arte de fazer filmes que seus devotos oferecem suas vidas aos deuses cinematográficos e é também na arte de se projetar um filme, que o amor por essa expressão da alma humana alcança sua plenitude.
Seu Chico é mais um entre muitos devotos da arte cinematográfica. Ele que cresceu em uma sala de cinema, adquirida por sua família no ano de 1940, encarnou o desafio de manter o templo vivo até os dias de hoje, mas, mesmo com tanta devoção, o antigo Cine São Paulo estava capengando, interditado, sujo e esquecido.
O que houve com esse lugar que costumava encher todos os finais de semana, para alegria das pessoas da pequena cidade de Dois Córregos? Houve o progresso, a elitização dos espaços de fruição cultural, a violência dos meios de comunicação e os avanços tecnológicos, que tornaram uma sala de cinema, com quase quatrocentos lugares e um projetor de carvão, um espaço anacrônico, com equipamentos obsoletos. O antigo templo se tornou apenas mais um prédio antigo, esquecido no centro da cidade.
O documentário “Cine São Paulo” joga luz sobre essa história tão comum nas pequenas cidades do interior do Brasil. Os documentaristas Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli se unem a seu Seu Chico no desafio de restaurar e reativar as atividades do Cine São Paulo.
Essa relação, nem sempre isenta de conflitos de interesses, se expressa através das diferentes formas de se documentar um fato. Por hora os documentaristas são como uma mosca na parede, por hora os personagens encenam para a câmera e em alguns momentos os cineastas interferem diretamente no que estão testemunhando.
“Cine São Paulo” é uma jornada que nos leva a um universo particular, para tratar de questões comuns a todos os seres humanos. Questões como: batalhar por sua missão de vida, possibilitar o acesso do maior número de pessoas à fruição cultural, resgatar a memória e autoestima de uma comunidade, envolver a população em torno de algo que traga benefício mútuo e dar voz e luz para pessoas inspiradoras. Como diz Seu Chico durante o filme “nós somos finitos, mas a arte nos eterniza”.