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Catar 2022 – ‘Será a melhor Copa do Mundo de todas’

“Não tenho dúvidas, pode escrever, será a melhor Copa do Mundo de todos os tem­pos”. Assim o ribeirão-pretano Marcelo Costa Schroeder, que trabalhou no Catar de 2007 a 2016 como preparador de goleiros do Al Rayyan e da se­leção de base do país, resume suas expectativas sobre a Copa do Mundo de 2022. Durante os oito anos no mundo árabe, Schroeder acumulou e viven­ciou experiências do mundo do futebol árabe.

A certeza de Schroeder não está baseada apenas no campo de jogo. Em oito anos ele viu Doha, a capital e principal cida­de do Emirado do Catar, crescer de 350 mil habitantes para qua­se 1,5 milhão de moradores. “A estrutura da capital é fantástica. É uma cidade sensacional e eles estão preparados para o Mun­dial. Vão impressionar. Vi esse crescimento de maneira ordena­da e planejada”, aposta.

Em um bate-papo com o Tribuna Ribeirão, Schroeder conta um pouco de sua experiência. “Sempre fui muito respeitado. Me sentia muito querido. Nun­ca tive qualquer tipo de pro­blemas lá”, diz. “Se fosse para apontar um problema, seria o trânsito. Eles correm muito com os carros. Nos oito anos que estive lá perdi quatro joga­dores em acidentes automobi­lísticos”, emenda.

Mas a velocidade não está atrelada ao consumo de bebida alcóolica. No Catar a venda de álcool é proibida. “Só é vendida em hotéis e para estrangeiros. Quando eu queria beber uma cerveja, comprava e levava para casa. Tinha uma carteirinha com permissão para comprar”, conta. O preparador de golei­ros diz que no início foi difícil se adaptar. “Não falava inglês e a língua foi uma dificuldade, mas depois de um ano já havia me acostumado”, lembra.

Ele foi sozinho e depois de 18 meses a esposa, a profissio­nal de educação física Cristina Schroeder, se juntou a ele. “Aí ficou mais tranquilo. Fui conhecendo a cidade, os cos­tumes, as pessoas e foi uma grande experiência”, comple­ta. Engana-se quem pensa que o custo de vida da capital do Catar é alto. “É mais barato lá do que aqui. Combustível e produtos baratos. Eu também não tinha muitos gastos. Isso também foi bom”, revela.

 

A esposa Cristina ainda viaja para trabalhar no Catar. Ela é perso­nal trainer da esposa do sheik e das amigas da sheika. “Ela vai umas quatro vezes ao ano para dar aulas para elas, fica um mês lá. Criou um laço afetivo”, expli­ca Schroeder.

No futebol, Schroeder ex­plica que também teve que se adaptar aos costumes. Ele con­ta que, no período do Ramadã – quando o povo muçulmano coloca em prática um ritual de jejum, oração e devoção a Alá, praticado durante todos os dias do mês, começando no nascer do Sol e terminando quando ele se põe –, os treinos eram de madrugada. “A gente ia para o estádio às onze da noite e ficava lá de madrugada. Isso foi dife­rente. Durante o dia ficava em casa sem fazer nada”.

Ainda sobre esses costumes, Schroeder lembra um fato inu­sitado. “Estava no banco de re­servas, como auxiliar, quando o treinador, que era do Bahrein, me chamou. Ele falou assim: ‘Coach, coach, fica no meu lu­gar porque não deu tempo de rezar’. Desceu para o vestiá­rio e eu fiquei como treinador durante o jogo. Vinte minutos depois ele voltou. Imagina essa cena no Brasil”, sorri.

Outra curiosidade é que o povo do Catar gosta de fu­tebol, mas não gosta de ir aos estádios. “Eles preferem acom­panhar de camarotes ou em ca­sas tomando chá, mas gostam muito”. Sobre seu retorno ao Brasil, Schroeder disse que sen­tiu saudades.

“Eu percebi que no início eles investiram muito em jo­gadores e treinadores. Nos últimos anos, em estrutura para a Copa. Eu tive a opor­tunidade, de estando lá, fazer muitos cursos da Fifa e muitas atualizações. Aprendi muito, mas chega uma hora em que você quer voltar para a casa e foi isso que aconteceu. Sem­pre recebo convites para vol­tar e fazer visitas, isso mostra o tanto que eles gostam da gente”. “Quem sabe em breve eu não volte, pode ser”, finali­za Schroeder.

Marcelo Schroeder acumulou experiências de oito anos no Catar, trabalhando na seleção de base e no Al Rayyan

Schroeder já projeta mudança na carreira

Consolidado no mercado de treinador de goleiros, Marcelo Schroeder pensa em mudar a carreira no futebol. Sua meta é ser auxiliar técnico. “Os joelhos já doem”, brinca. Em sua trajetória, teve a oportunidade de revelar e trabalhar com bons jogadores e de nível de seleção brasileira, como Doni (ex-Corinthians, Roma, Liverpool) e Diego Alves (Almeria, Valência e hoje no Flamengo), ambos revelados no Botafogo Futebol Clube.

No Brasil, Schroeder trabalhou na base com goleiros consagrados, como Diego Alves

Em seu retorno ao Brasil, também participou na comissão técnica de Wagner Mancini no processo de reestruturação da Chapecoense, após a tragédia com o acidente de avião que provocou a morte de jogadores e comissão técnica, no final de 2016. Nesse processo, Jan­drei, uma das revelações do último Brasileirão, foi uma aposta dele.

Convidado por Wagner Mancini, Schroeder participou do processo de reconstrução da Chapecoense

“Agora estou fazendo cursos da CBF e Fifa para me qualificar nesse processo de mudança de treinador de goleiros para auxiliar. Tive o privilégio de trabalhar com excelentes profissionais e aprendi muito. Acredito que posso colaborar muito como auxiliar técnico”, diz Schroeder, que além da seleção de base do Catar e do Al Rayyan, trabalhou no Botafogo, Comercial, Caldense e Chapecoense.

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