Ribeirão Preto é polo avançado quando o assunto é saúde. Além da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), a cidade possui outras três instituições privadas que oferecem o curso: Centro Universitário Barão de Mauá, Universidade de Ribeirão Preto – Unaerp e Estácio Uniseb. Fora isso, a cidade tem 13 hospitais – cinco públicos e oito privados-, dezenas de clínicas especializadas e laboratórios, e corpo clínico em praticamente todas as áreas.
O Hospital das Clínicas da (FMRP-USP) é um dos centros de referência para o atendimento em saúde e de ensino e pesquisa da América Latina. O HC foi o primeiro hospital a realizar um transplante de rim com doador cadáver, é referência em transplantes de rim, fígado, pâncreas, medula óssea e de córnea. Também foi pioneiro em transplante de células- tronco no País, para o tratamento da esclerose múltipla e da diabetes mellitus tipo 1, e se destaca internacionalmente em cirurgia de epilepsia.
Covid
Quando o assunto é covid-19, os pesquisadores da cidade têm dado sua contribuição. Um imunizante contra a doença, o Versamune – produção do consórcio formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, com a Farmacore, startup brasileira responsável pelo desenvolvimento tecnológico, e a PDS Biotechnology, que licenciou para a Farmacore o sistema adjuvante/carreador da formulação vacinal – está sendo estudado.
O trabalho está sendo coordenado pelo professor Celio Lopes Silva do Departamento de Bioquímica e Imunologia da FMRP e conta com apoio e financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Na primeira fase do ensaio clínico, o imunizante será aplicado em 360 voluntários, e os pesquisadores estimam concluir as fases 1 e 2 entre três ou quatro meses com início em maio. Já a fase 3 deverá contar com 20 mil voluntários em diversos estados do Brasil.
A previsão é que todo o estudo clínico seja finalizado entre nove e 12 meses, ou seja, caso tudo dê certo, a vacina desenvolvida na USP em Ribeirão Preto pode estar disponível para a população no início de 2022.
Casos de repercussão
Outros casos recentes também ganharam destaque no cenário nacional e mundial. Um deles foi a cirurgia de separação das gêmeas siamesas em 2018. O procedimento, inédito no Brasil, foi realizado no HC em cinco etapas e em oito meses, com um final feliz para as irmãs Maria Ysabelle e Maria Ysadora, que nasceram unidas pelo topo da cabeça. A cirurgia foi considerada um marco histórico para a medicina.
Em 2019, outro procedimento foi notícia em todo o país. A jovem Débora Dantas de Oliveira perdeu o couro cabeludo em um acidente de kart no Recife (PE) e foi submetida a um transplante de pele e músculo no Hospital Especializado de Ribeirão Preto.
No mesmo ano, o Hospital São Lucas foi o primeiro hospital privado da região a realizar cirurgias robóticas, tornando-se o um dos poucos no país a realizar tais procedimentos. Em fevereiro deste ano, o robô denominado Da Vinci, realizou sua centésima cirurgia.
Cidade também registra casos negativos
Apesar das pesquisas e das referências em tratamentos e cirurgias, a ‘saúde’ de Ribeirão Preto registra e ganha repercussão por fatos não favoráveis. Um deles foi no início do mês quando a cirurgiã plástica Caren Trisoglio Garcia, que atende na cidade, utilizou as redes sociais para mostrar alguns procedimentos o que chamou de ‘troféus’: ela compartilhou vídeos na internet que mostram pedaços de pele e sacos plásticos com gordura humana. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) agiu e suspendeu temporariamente o registro profissional da médica, por desrespeito ao código de ética.
Não aplicação de vacina covid
Outro caso de repercussão nacional foi relacionado a uma enfermeira da rede municipal de saúde suspeita de fingir aplicar a vacina contra covid-19 em uma idosa da cidade. O caso é investigado Delegacia de Proteção ao Idoso de Ribeirão Preto e acompanhado pelo Ministério Público. A fraude teria ocorrido no dia 8 de março na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Juliana. O filho da idosa filmou e publicou o vídeo nas redes sociais.
Os casos Bullamah
Durante a década de 90, o médico ginecologista Vanderson Bullamah, afastado da profissão, também repercutiu muito. Ele foi condenado pela morte da faxineira Maria Inês Guerino, aos 39 anos. A Justiça o considerou culpado por realizar em 1996, sem habilitação, uma cirurgia de lipoaspiração que provocou a morte da paciente.
Em 2002, a jovem Helen Buratti, com 18 anos, morreu por complicações de uma lipoaspiração feita pelo médico. Ele foi condenado. Bullamah também foi acusado pela morte de Vera Lúcia Caressato, em Serrana. O caso não foi adiante pelo fato do médico se comprometer a cumprir imposições da Justiça alternativas à prisão.