Os casos confirmados de febre chikungunya aumentaram 355,5% em Ribeirão Preto no ano passado, em comparação com 2016. Os dados são do Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), divulgado nesta segunda-feira, 15 de janeiro, e mostram que o total de vítimas do Aedes aegypti – também transmissor da dengue, do zika vírus e da febre amarela na área urbana – saltou de nove para 41, com 32 pacientes a mais em 2017.
Em todo o ano passado foram confirmados 41 casos, e em 2017, entre 1º de janeiro e 31 de julho, já são 35 ocorrências, um aumento de 288,9% – são mais 26 vítimas do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, da dengue, da zyka e da febre amarela na área urbana.
Lucia Márcia Romanholi Passos, diretora da Divisão de Vigilância e Saúde, já havia explicado ao Tribuna que, ao contrário da dengue, cujos casos no mesmo período despencaram 99,3%, de 35.043 para 222 – 34.821 a menos –, a chikungunya só chegou em Ribeirão Preto recentemente.
“Enquanto a cidade convive com surtos de dengue desde 1990, o que fez com que boa parte da população já tenha contraído o vírus e esteja hoje imunizada, o vírus da febre chikungunya só foi detectado aqui há dois anos, em 2015, quando registramos dois casos. Ou seja, praticamente toda a população está suscetível”, disse.
Os sintomas iniciais da dengue e da chikungunya são muito parecidos – febre, dor no corpo, dores nas articulações e manchas avermelhadas. No caso da chikungunya, em vez da dor “no fundo dos olhos”, característica da dengue, o mais comum é o aparecimento de conjuntivite. Por isso, qualquer morador que apresente esses sintomas deve procurar o posto de saúde mais próximo.
“Fazemos testes para as duas doenças. E quando confirmamos qualquer uma delas, iniciamos de imediato um bloqueio sanitário em um raio de 300 metros ao redor dos locais de moradia e trabalho do paciente, com nebulização para matar o mosquito alado e visitas casa a casa para eliminar os criadouros de larvas do mosquito Aedes aegypti, que transmite as duas doenças”, explica.
Apesar de não acarretar complicações mais sérias como a dengue (a dengue hemorrágica pode matar) ou o zika vírus (que em grávidas pode causar microcefalia nos bebês), a febre chikungunya precisa ser combatida com vigor. “Em uma parcela dos pacientes, a doença pode se tornar crônica, e após a fase aguda, de uma a duas semanas, as dores articulares podem durar até dois anos”, explica Luzia Márcia.
As nove ocorrências de 2016 foram no primeiro semestre. Em 2017, nove foram registrados na segunda metade do ano. O pico foi registrado no verão, em março, com 16 casos. Também foram notificados e investigados no ano passado 135 casos de zika vírus, contra 5.509 em 2016. Se comparado dezembro de 2017, foram notificados seis casos, contra 23 no período anterior. Casos de microcefalia ou outras alterações neurológicas, possivelmente relacionadas à infecção pelo zika vírus, não foram relatados em 2017 – no período anterior foram confirmados 16. Se comparado o mês de dezembro de 2017, nenhum caso também foi registrado, contra um caso confirmado no mesmo período de 2016.
De acordo com o levantamento, em 2017 não foi registrado nenhum caso de febre amarela em Ribeirão Preto. Em 2016, houve um caso. Os dados de dezembro são importantes porque indicam que Ribeirão Preto pode escapar de uma epidemia de dengue ou outras doenças causadas pelo vetor. Em relação à dengue, o levantamento mostra que em dezembro houve queda de 45% no número de casos, em relação ao mesmo mês de 2016. Foram onze registros, contra 20 no mesmo período, nove a menos. A redução acontece depois de quatro meses de pequeno crescimento no número de casos.
Mesmo assim, a população deve ficar atenta, já que Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) do Ministério da Saúde apontou que a cidade está entre as 65 paulistas em estado de alerta contra o mosquito. O Índice de Infestação Predial (IIP) no município está em 1,3% – inferior ao de 2016, de 1,6%. Já segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o IIP está em 1,56%, mas alguns bairros estão em situação de risco, com índice igual ou superior a 3,9%.
Luzia Márcia Romanholi Passos reafirma que, apesar de o ano passado ter registrado queda no número de pessoas infectadas pela dengue, não se pode baixar a guarda.“A população deve ficar cada vez mais alerta e continuar exercendo a principal forma de evitar a doença, com prevenção, ou seja, não deixar água parada nos ralos, olhar os vasos, tomar cuidado com as garrafas, onde o mosquito se desenvolve”, ressalta.