A dengue voltou a avançar no País. De janeiro até 24 de agosto, foram registrados 1,4 milhão de casos, seis vezes mais do que o registrado no mesmo período do ano passado (205.791). Pelo menos 14 Estados estão em situação de epidemia. Em Minas Gerais, o índice é de 2,2 mil casos a cada 100 mil habitantes. Apenas Amazonas e Amapá apresentaram redução de registros em relação ao ano passado.
Desde 1º de janeiro e até 31 de agosto, Ribeirão Preto havia registrado 11.652 casos de dengue, 11.432 a mais do que os 220 dos oito primeiros meses de 2018, alta de 5.196%, cerca de 53 vezes superior em 243 dias de 2019. Os dados são Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), divulgados nesta quarta-feira, 4 de setembro.
A cidade também já tem três mortes por dengue hemorrágica confirmadas e luta para tentar conter o avanço da doença. O número de vítimas do Aedes aegypti no município em 243 dias deste ano já é 4.199% superior ao total do ano passado, quando Ribeirão Preto contabilizou 271 ocorrências – são 11.381 pacientes a mais em 2019, ou quase 43 vezes superior.
Zika e chikungunya, também doenças transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado, seguiram a mesma tendência. De acordo com Ministério da Saúde, casos de chikungunya subiram no período 44%, passando de 76.742 e para 110.627. A infecção por zika, por sua vez, passou no período de 6.669 para 9.813.
A explosão de casos foi acompanhada pela elevação expressiva de mortes. Somadas, as três doenças provocaram 650 óbitos (591 por dengue, 57 por chikungunya e dois por zika). É como se 2,7 pessoas morressem por dia em decorrência das infecções, todas evitáveis se o País tivesse boas condições de saneamento, abastecimento de água, coleta de lixo e sem reservatórios do mosquito transmissor nos domicílios.
A expansão de casos de dengue impressiona pelos números. Em Minas, foram 471.165 registros – 19 vezes mais do que o identificado em 2018. Em São Paulo, foram 437.047 notificações, 37 vezes mais do que no ano anterior. Já em Goiás, foram 108.079 registros, 47% a mais do que em 2018. No Distrito Federal, por sua vez, foram 35 531 infecções, com uma incidência de 1.194,4 casos a cada 100 mil habitantes.
Subtipos de vírus da dengue
Com o aumento de registros, o Ministério da Saúde antecipou a campanha de combate ao Aedes aegypti, que deve ser lançada nos próximos dias. O objetivo é mobilizar secretários, prefeitos e a população para medidas de prevenção contra o mosquito transmissor. A pasta atribui a alta nos casos a uma associação de fatores.
Entre eles está o aumento de chuvas neste ano na Região Sudeste, mas, sobretudo, a alterações no tipo de vírus causador da dengue. A doença pode ser provocada por quatro subtipos de vírus, que vão de 1 a 4. Nos últimos anos, a circulação maior ocorria com os subtipos 1 e 3. Avaliações da pasta indicam, porém, que nesta epidemia a circulação do subtipo 2 cresceu, aumentando o número de pessoas suscetíveis à contaminação.