Tribuna Ribeirão
Saúde

Casos de dengue em RP aumentam 4.424%

FABIO DI FELIPPO

Desde 1º de janeiro e até se­gunda-feira, 15 de julho, Ribeirão Preto havia registrado 9.727 casos de dengue, 9.512 a mais do que os 215 dos sete primeiros meses de 2018, alta de 4.424%, cerca de 45 vezes superior em 181 dias de 2019. Os dados são Boletim Epi­demiológico da Secretaria Muni­cipal da Saúde (SMS). A cidade também já tem duas mortes por dengue hemorrágica confirmadas e luta para tentar conter o avan­ço da doença. Com a chegada do inverno e a estiagem típica da estação, as autoridades sanitárias esperam frear a ação do mosquito Aedes aegypti, que já fez quase dez mil vítimas na cidade, um cenário típico de epidemia.

A população deve ficar aten­ta porque em 80% dos casos o criadouro do vetor está dentro de casa. Neste ano, dentre as já anun­ciadas vítimas do Aedes aegypti – mosquito transmissor dos vírus da doença e também do zika vírus e das febres chikungunya e ama­rela (na área urbana) –, 2.640 são da Zona Norte, 2.572 são da Zona Leste, mais 2.145 da Oeste, 1.381 da Central, 974 da Sul e 15 sem identificação de distrito. Há ain­da 20.909 casos sob investigação. A média é de 48 novos pacientes por dia. Parte é do sorotipo 2, que é mais forte e contra o qual a po­pulação não está imune.

O número de vítimas do Ae­des aegypti na cidade em 196 dias deste ano já é 3.489% superior ao total do ano passado, quando Ribeirão Preto contabilizou 271 ocorrências – são 9.456 pacientes a mais em 2019, ou quase 36 vezes superior. Em 15 dias deste mês, a cidade contabiliza 53 casos, contra 11 de julho de 2018 inteiro, 42 a mais e alta de 381,8%. A média di­ária está acima de três. Neste ano, Ribeirão Preto registrou 242 casos de dengue em janeiro, 624 em fevereiro, 1.551 em março, 3.990 em abril, 2.825 em maio, 442 em junho e 53 em julho.

Em 2018, foram 45 ocorrên­cias no primeiro mês, 37 no se­gundo, 28 no terceiro, 42 no quar­to, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, cinco em novembro e 38 em dezembro. No ano passado, das 271 pesso­as contaminadas pelo vetor, 90 eram da Zona Leste, mais 73 na Oeste, 51 na Norte, 37 na Sul e 19 na Central, além de um caso sem identificação do distrito.

Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil regis­tros, como em 2016 (de 35.043 casos), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179). O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317.

O secretário da Saúde de Ri­beirão Preto, Sandro Scarpelini, afirma que o trabalho de combate e prevenção à dengue na cidade está sendo feito sem trégua. São ações diárias, com equipes de agentes de combate a endemias nas ruas com campanhas de conscientização, treinamentos de equipes e nebulização frequente e os números estão dentro dos pa­râmetros aceitáveis, se comparado às demais cidades do Estado. Ele pede à população que colabore e elimine recipientes que possam acumular água, potenciais cria­douros do Aedes aegypti.

Em 25 de abril, a secretaria confirmou duas mortes por den­gue hemorrágica em Ribeirão Pre­to. Os pacientes são um homem de 73 anos, hospitalizado durante 16 dias, portador de cardiopatia e que evoluiu com pneumonia e morreu no dia 22, e uma mulher de 44 anos, também portadora de doenças associadas que estava internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Treze de Maio, no Jardim Paulis­ta, e faleceu no mesmo dia, com diagnóstico definitivo do dia 23. Em um dos casos a sorologia já demonstrou ser do tipo 2. O ho­mem morava na Zona Leste e a mulher, na região central. Ribei­rão Preto também registrou um caso de febre chikungunya neste ano, em janeiro.

Chikungunya
Já para a chikungunya, um caso foi confirmado em janeiro deste ano. Em 2018, Ribeirão Preto atendeu oito pessoas com a febre transmitida pelo Aedes aeghypti – uma em março, uma em abril, uma em maio, outra em junho, uma em agosto, uma em setembro e duas em outubro. No entanto, fechou 2017 com aumento de 344,4%. Os dados mostram que o total saltou de nove para 40, com 31 pacientes a mais em relação a 2016. Neste ano não há casos de zika vírus, microcefalia e febre amarela.

País tem 1,3 milhão de casos e 443 mortes
A dengue causou a morte de 443 pessoas este ano, até 30 de ju­nho, em todo o País, segundo da­dos divulgados pelo Ministério da Saúde. O número é 233% maior que os 133 óbitos registrados no mesmo período de 2018. Foram 1.281 759 casos da doença no Bra­sil, ante 183.829 em período igual do ano passado – alta de 584%, segundo a pasta.

A região Sudeste apresenta o maior índice epidêmico, com 1.040 casos por 100 mil habitan­tes, seguida pelo Centro-Oeste, com 1 038 casos a cada 100 mil pessoas. Os Estados de Minas Gerais (2 034 por 100 mil), Goiás (1.395/100 mil) e Mato Grosso do Sul (1 267/100 mil) destacam-se pela maior incidência de infec­tados. São Paulo tem 902 casos a cada 100 mil habitantes. A doença é transmitida pelo mosquito Ae­des aegypti.

Casos de dengue em Ribeirão Preto
2009 – 1.700 casos
2010 – 29.637 casos
2011 – 23.384 casos
2012 – 317 casos
2013 – 13.179 casos
2014 – 398 casos
2015 – 4.689 casos
2016 – 35.043 casos
2017 – 246 casos
2018 – 271 casos
2019 – 9.727 casos *
* Balanço de 196 dias de 2019
Total desde 2009: 118.591, mas estudo da SMS aponta
que o número seja quatro vezes superior, de 474.364

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