Desde 1º de janeiro e até esta segunda-feira, 1º de julho, Ribeirão Preto havia registrado 8.539 casos de dengue, 8.335 a mais do que os 204 do primeiro semestre de 2018, alta de 4.085%, cerca de 42 vezes superior em 181 dias de 2019. Os dados são Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). A cidade também já tem duas mortes por dengue hemorrágica confirmadas e luta para tentar conter o avanço da doença, mas os números indicam que o mosquito Aedes aegypti faz cada vez mais vítimas na cidade, um cenário típico de epidemia. A população deve ficar atenta porque em 80% dos casos o criadouro do vetor está dentro de casa.
Neste ano, dentre as já anunciadas vítimas do Aedes aegypti – mosquito transmissor dos vírus da doença e também do zika vírus e das febres chikungunya e amarela (na área urbana) –, 2.295 são da Zona Leste, mais 2.244 da Norte, 1.915 da Oeste, 1.155 da Central, 855 da Sul e 75 sem identificação de distrito. Há ainda 20.155 casos sob investigação. A média é de 47 novos pacientes por dia. Parte é do sorotipo 2, que é mais forte e contra o qual a população não está imune.
O número de vítimas do Aedes aegypti na cidade em 181 dias deste ano já é 3.050% superior ao total do ano passado, quando Ribeirão Preto contabilizou 271 ocorrências – são 8.268 pacientes a mais em 2019, ou quase 31 vezes superior. Neste ano, Ribeirão Preto registrou 242 casos de dengue em janeiro, 623 em fevereiro, 1.553 em março, 3.757 em abril, 2.063 em maio e 301 em junho. Em 2018, foram 45 ocorrências no primeiro mês, 37 no segundo, 28 no terceiro, 42 no quarto, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, cinco em novembro e 38 em dezembro.
No ano passado, das 271 pessoas picadas pelo vetor, 90 eram da Zona Leste, mais 73 na Oeste, 51 na Norte, 37 na Sul e 19 na Central, além de um caso sem identificação do distrito. Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179). O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317.
O secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Sandro Scarpelini, afirma que o trabalho de combate e prevenção à dengue na cidade está sendo feito sem trégua. São ações diárias, com equipes de agentes de combate a endemias nas ruas com campanhas de conscientização, treinamentos de equipes e nebulização frequente e os números estão dentro dos parâmetros aceitáveis, se comparado às demais cidades do Estado. Ele pede à população que colabore e elimine recipientes que possam acumular água, potenciais criadouros do Aedes aegypti.
Em 25 de abril, a secretaria confirmou duas mortes por dengue hemorrágica em Ribeirão Preto. Os pacientes são um homem de 73 anos, hospitalizado durante 16 dias, portador de cardiopatia e que evoluiu com pneumonia e morreu no dia 22, e uma mulher de 44 anos, também portadora de doenças associadas que estava internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Treze de Maio, no Jardim Paulista, e faleceu no mesmo dia, com diagnóstico definitivo do dia 23. Em um dos casos a sorologia já demonstrou ser do tipo 2. O homem morava na Zona Leste e a mulher, na região central. Ribeirão Preto também registrou um caso de febre chikungunya neste ano, em janeiro.
Em todo o estado de São Paulo, foram confirmados, até 17 de junho, 267.602 casos de dengue e 157 mortes – o recorde de infecções é de 2015, com 709.445 pacientes e 513 óbitos. Dez cidades concentram 47% das vítimas da doença e somam 126.364 casos – Ribeirão Preto estava em sexto lugar no ranking, com 7.263 ocorrências, atrás de São José do Rio Preto (25.107), Bauru (24.515), Campinas (22.355), Araraquara (12.863) e São Paulo (12.144) e à frente de Birigui (6.836), São Joaquim da Barra (5.410), Barretos (5.059) e Guarulhos (4.812).
Chikungunya
Já para a chikungunya, um caso foi confirmado em janeiro deste ano. Em 2018, Ribeirão Preto atendeu oito pessoas com a febre transmitida pelo Aedes aeghypti – uma em março, uma em abril, uma em maio, outra em junho, uma em agosto, uma em setembro e duas em outubro. No entanto, fechou 2017 com aumento de 344,4%. Os dados mostram que o total saltou de nove para 40, com 31 pacientes a mais em relação a 2016. Neste ano não há casos de zika vírus, microcefalia e febre amarela.