Por: Adalberto Luque
A Polícia Civil de Franca está investigando a possível ação de uma rede de pedofilia e pornografia infantojuvenil na cidade. O caso foi revelado na tarde desta quinta-feira (11) pela delegada Juliana da Silva Paiva, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade.
O principal investigado é um homem de 38 anos que, no dia 2 de julho, passou a ser considerado suspeito no caso do adolescente Wesley Pires Alves Filho, desaparecido em 28 de agosto de 2020, quando tinha 13 anos. O homem foi denunciado pela ex-esposa, após a mulher ter descoberto que ele abusava sexualmente dos próprios filhos, um menino e uma menina.
A mulher denunciou o estupro dos filhos na DDM. Depois teria ouvido do filho que o ex-marido trouxe Wesley desacordado para sua casa. Em seguida, teria abusado sexualmente, mas Wesley teria acordado durante o abuso e o homem acabou matando o adolescente.
O filho relatou à mãe que viu o pai colocar o corpo do rapaz em um saco preto de lixo e sair. Ele teria desovado o corpo em uma área de mata na região do Jardim Aeroporto, em Franca. O menino só relatou o fato à mãe quando os estupros foram denunciados e ele reconheceu Wesley pelas fotos de cartazes colados em postes, à época do sumiço.
Durante depoimento no dia 3 de julho, o homem, que não teve o nome revelado, teria sido qualificado como garçom e negou qualquer envolvimento com o desaparecimento de Wesley. Teria afirmado que também não estuprou os próprios filhos, garantindo que isso não é de sua índole e alegou desconhecer os motivos que levaram sua ex-companheira a denunciá-lo.
Rede de Pedofilia
A delegada Juliana disse que as investigações do caso da rede de pedofilia foram iniciadas no começo de maio, quando a mãe das crianças relatou ter descoberto o abuso sexual do marido contra os dois filhos do casal.
“O inquérito policial apura o crime de estupro de vulnerável cometido mais de uma vez, pornografia infantil e até mesmo zoofilia. Estamos ainda em fase de angariar elementos de autoria, de materialidade. Até o momento, várias pessoas foram ouvidas. Pelo menos 10 pessoas, [foram] cinco crianças, que passaram por escuta especializada, que é o processo utilizado para colher a versão de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes”, explicou a delegada.
Os dois filhos da mulher foram abusados pelo pai. O filho mais velho, de outro relacionamento, não relatou ter sido estuprado, mas no dia do depoimento do pai, ele foi levado pelo Conselho Tutelar e o homem foi notificado de medida protetiva que o impedia de se aproximar dele também.
Juliana teria pedido a prisão do suspeito duas vezes. No primeiro a Justiça teria negado o pedido. Ela voltou a pedir novamente, acrescentando que o homem havia descumprido medida protetiva que o impedia de se aproximar da família.
O garçom teria apanhado os filhos na escola e cometido novo estupro. Novamente o pedido de prisão teria sido negado, segundo a delegada, que revelou estar com o inquérito em fase final de conclusão. O celular do suspeito está sendo periciado porque, de acordo com Juliana, a criança contou haver mais envolvidos, uma possível quadrilha especializada em pornografia infantil.
Além do relato das crianças, consta também no inquérito um laudo pericial emitido após exame de corpo de delito que constatou o rompimento do hímen da menina. Outras cinco pessoas estão sendo investigadas por participação nas orgias ou por compartilhar imagens e vídeos dos atos sexuais. Não foi informado sobre a defesa do investigado.
Caso Wesley
O adolescente desapareceu em 28 de agosto de 2020. Ele disse à família que iria a um varejão. Câmeras de segurança registraram o adolescente andando pelas ruas do bairro antes de desaparecer. As investigações começaram imediatamente.
Testemunhas afirmaram ter visto Wesley em Ribeirão Preto. Outras pessoas diziam estar com o rapaz e pediam resgate. Ele nunca foi encontrado. Após a denúncia contra o homem que supostamente teria estuprado, matado e ocultado o cadáver, a Polícia Civil realizou buscas na região indicada, mas nada foi encontrado.