Tribuna Ribeirão
Política

Caso Lucas – Câmara quer oitiva e visita ainda este mês

ALFREDO RISK

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as circunstâncias da morte do estu­dante Lucas da Costa Souza, 13 anos, em 30 de novembro, no interior do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Pro­fessor Eduardo Romualdo de Souza, na Vila Virgínia, no últi­mo dia de aula, quer promover a primeira audiência de depoi­mentos antes do fim do recesso legislativo, que termina em 5 de fevereiro. A ideia do presidente da CPI, Isaac Antunes (PR), é conversar com os demais vere­adores da comissão para definir a data em que eles ouvirão a tes­temunha que afirma que o local onde o estudante foi encontrado morto sofreu alteração antes da realização da perícia.

O parlamentar também quer definir a data para nova visita à escola junto com o eletricista que fez a vistoria no local para a perícia da Polícia Civil. “Vou conversar com os outros mem­bros para podermos realizar estas ações”, diz Isaac Antunes. Também integram a comissão Mauricio Vila Abranches (PTB), João Batista (PP) e Gláucia Bere­nice (PSDB), que será a relatora.

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Ribeirão Preto não confirma se a morte do es­tudante foi provocada por uma descarga elétrica provocada por um curto-circuito, mas também não descarta essa possibilidade. Apesar de ser inconclusivo, o promotor Naul Felca – atende a área da Educação –, do Ministé­rio Público Estadual (MPE), en­tende que o documento, assim como o relatório apresentado pelo Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil têm infor­mações suficientes para respon­sabilizar a Secretaria Municipal da Educação e apontam que houve negligência.

O representante do MPE diz que vai entrar com pedido de indenização no valor de mil salários mínimos (R$ 998 mil), valor que será revertido para a manutenção das 109 escolas da rede municipal de ensino de Ri­beirão Preto, caso a Justiça acate a denúncia. Já o advogado Le­onardo Pontes, que defende os pais do estudante, Sílvia Helena da Costa e Luiz de Souza, tam­bém vai pedir na esfera judicial que o município indenize a fa­mília, mas ele ainda não definiu o montante.

O laudo do IML, assim como o do IC, foram enviados enviado ao MPE e à CPI da Câmara. Já a Secretaria Municipal da Educa­ção não teve acesso ao laudo do Instituto Médico Legal e só vai se pronunciar depois de conhecer o teor do documento. O laudo do Instituto de Criminalística apon­tou que o local onde o adolescente foi encontrado morto era propício a curtos-circuitos e, consequente­mente, à descarga elétrica. O garo­to morreu de parada cardiorrespi­ratória, mas existe a suspeita de que ele tenha caído de um muro após levar um choque.

No laudo, a perícia do IC apontou a existência de fios de­sencapados no local em que o estudante foi encontrado cerca de 30 minutos após sofrer a que­da. O adolescente teria recebido um choque elétrico ao subir em uma grade com mais de dois metros de altura para tentar pe­gar uma bola. Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu dentro da escola, mes­mo depois de uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizar procedimentos de reanimação por quase uma hora.

O laudo, assinado pelo peri­to criminal Tiago Domingos da Costa Marques, tem onze pági­nas e revela que no teto do cor­redor do Cemei Professor Edu­ardo Romualdo de Souza havia fios elétricos em curto circuito, além de pontas de fios encosta­dos em estruturas metálicas e na laje onde o estudante subiu. Em suas considerações finais, o pro­fissional afirma que “foram en­contrados fios energizados sem isolamento no local de interesse pericial, com base na presença de fios energizados na laje supe­rior do corredor”.

“Nos resultados positivos para condução de corrente elé­trica no rufo metálico e no piso molhado, é possível inferir que havia risco de choque elétrico na laje superior do corredor localizado na porção direita do Cemei Professor Eduardo Ro­mualdo de Souza”, diz o texto. Também foi relatado que, por motivo da remoção do corpo de sua posição inicial, não foi possível obter elementos técni­cos-periciais para determinar a sua posição bem como a altura exata de sua queda.

As imagens das câmeras de monitoramento da escola mos­tram que, após a queda, o me­nino ficou 34 minutos estirado no chão, sem atendimento. O local onde ele foi encontrado é pouco freqüentado por alunos e funcionários. A CPI já vistoriou o local e tem 90 dias para entre­gar o relatório final, mas o prazo é prorrogável. O laudo técnico coincide com o depoimento do professor Luis Lopes.

Ao Ministério Público Esta­dual, ele disse que no dia seguin­te ao acidente com o adolescen­te, homens que possivelmente seriam eletricistas, removeram fios e cabos que estavam à mos­tra. Em nota, a Secretaria Mu­nicipal de Educação diz que aguarda o laudo do IML com a causa oficial da morte e afirma que não fez reparos na fiação com a intervenção de mudar a cena do acidente.

“A pasta esclarece que está colaborando com a investigação e que aguarda a conclusão do laudo do IML. No dia do ocor­rido, a secretaria esclarece que acionou o Samu, imediatamente após o aluno da Cemei Eduardo Romualdo de Souza sofrer uma queda ao subir em um portão de dois metros de altura. Ao chegar na escola, cinco minutos após o chamado, a equipe do Samu encontrou a vítima em parada cardíaca. Foi realizado, por qua­se uma hora, o procedimento de ressuscitação, porém não hou­ve reversão”, completa o texto.

O promotor da Infância e Juventude, Naul Felca, instau­rou inquérito civil para apurar as circunstâncias do óbito. Na esfera criminal, um boletim de ocorrência foi registrado e a Polícia Civil investiga o caso. A Promotoria da Educação também organizou uma for­ça-tarefa para vistoriar todas as 109 escolas municipais e ve­rificar as condições estruturais das unidades, como parte elé­trica, hidráulica, instalação dos botijões de gás e elas possuem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).

A Promotoria identificou que 98 dos 109 colégios não pos­suem o AVCB e o Cemei Profes­sor Eduardo Romualdo de Sou­za é um desses locais. As blitze serão realizadas por profissio­nais ligados ao Conselho Regio­nal de Engenharia e Arquitetura de Ribeirão Preto (Crea), que preencherão um questionário sobre a situação de cada prédio da rede municipal de ensino. A previsão é que o trabalho de campo e a tabulação do ques­tionário estejam concluídos até o final de fevereiro, depois do início do ano letivo.

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