Justiça determina que Tatiana Lozano e mais dois acusados vão a júri popular por morte de jovem em Cravinhos
Tatiana Ferreira Lozano Pereira, acusada de matar o filho de 17 anos porque ele era homossexual, vai a júri popular. A decisão é da Justiça de Cravinhos. O padrasto de Itaberli Lozano, morto a facadas no final de dezembro do ano passado – o corpo carbonizado foi encontrado em um canavial no início de janeiro –, o tratorista Alex Canteli Pereira, foi absolvido por falta de provas e já deixou o Centro de Detenção Provisória (CDP).
No entanto, os dois jovens que ajudaram Tatiana a matar o garoto também serão levados a júri popular. A sentença de pronúncia expedida na última quinta-feira, 30 de setembro, diz que a mulher, além de Victor Roberto da Silva e Miller da Silva Barissa, sejam julgados por homicídio triplamente qualificado –por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima – e corrupção de menor, pelo suposto envolvimento de uma adolescente de 16 anos no caso.
A data do júri popular ainda não foi confirmada. Tatiana Lozano também é acusada por ocultação de cadáver. A mãe e os dois jovens acusados de coautoria seguem presos. Advogado de defesa da acusada e do padrasto, Hamilton Paulino diz que ainda vai recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) em favor de Tatiana. Ele argumenta que não existe prova efetiva de quem cometeu o assassinato, há apenas indícios.
O advogado de Silva e Barissa, Flávio Tiepolo, não foi notificado da decisão, mas também deve vai recorrer. O promotor Wanderley Trindade, que atua na acusação, também vai recorrer, mas para pedir que o padrasto volte a ser preso. Itaberli Lozano foi encontrado carbonizado no dia 7 de janeiro, dez dias após ter sido morto. Dois dias depois e registrarem um boletim de ocorrência por desaparecimento, a mãe e o padrasto foram presos e confessaram o crime.
Em postagem nas redes sociais feita dois dias antes de ser morto, Itaberli diz ter sido agredido pela mãe por ser gay. Inicialmente, Tatiana disse que esfaqueou o filho na madrugada de 29 de dezembro. Com a ajuda do marido, queimou o corpo no canavial. Em um segundo depoimento, voltou atrás e contou que havia aliciado dois jovens – Victor Roberto da Silva, de 19 anos, e Miller Barissa, de 18 –, para darem um “corretivo” no filho, mas sem a intenção de matá-lo.
Um dos jovens confessou ter espancado Itaberli, enquanto o outro disse que apenas conversou com a vítima. Segundo a Polícia Civil, no entanto, ambos espancaram e enforcaram Itaberli, antes de a mãe esfaquear o próprio filho.A dupla foi presa no dia 13 de janeiro. Uma estudante de 16 anos que confessou ter presenciado o momento em que Tatiana matou o filho também foi apreendida, no dia 27 de janeiro.
Para o Ministério Público, a menor participou diretamente na morte de Itaberli. O Ministério Público considera que o crime foi motivado por homofobia. Já a Polícia Civil sustenta a tese de conflito familiar, alegando histórico de agressões entre ambos.
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Tatiana com o filho Itaberli Lozano em foto postada na rede social: Ministério Público acredita em crime motivado por homofobia