Um possível caso de um acumulador está gerando incômodo e reclamação por parte de vizinhos e moradores do bairro Adelino Simioni. O caso já estaria ocorrendo há pelo menos uma década e, até o momento, a situação ainda não foi resolvida.
O problema chegou até o jornal Tribuna após vizinhos do suposto acumulador, que reside na avenida General Euclídes de Figueiredo, fazerem uma denúncia. De acordo com Angélica Ferreira, que também mora na avenida, a situação já está insustentável.
A moradora informou que a população daquela região não tem mais para quem recorrer. Segundo ela, já foi feito contato por várias vezes com a Vigilância Sanitária e com a assistência social.
“Já aconteceu da vigilância vir, dar uma olhada na casa e ir embora. Eu não sei o que acontece lá dentro, o que ele fala. E isso não aconteceu uma ou duas vezes, foram várias”, disse.
Durante o relato de Angélica, ela ressaltou que, além do desconforto de se viver nessa situação, esse acúmulo de materiais também acaba trazendo preocupação para o seu próprio lar.
“Meu filho brincava na varanda, mas está proibido, porque aparecem ratos e escorpiões.
Minha mãe já encontrou escorpião dentro da máquina de lavar roupa. Ela já perdeu o forno e o fogão por causa disso. Nós não podemos mais sentar para fora de casa, porque você não aguenta o cheiro de lavagem, o cheiro de lixo e os bichos que passam para lá e para cá. É muita nojeira”, informou.
Outra moradora do bairro, dessa vez uma vizinha do suposto acumulador, reforça a difícil situação na região. Aurea Cassiano Ferreira disse para a nossa reportagem que, há cerca de cinco anos, ela e os vizinhos estão apelando para as autoridades para que a situação seja resolvida.
“Eles vieram e fizeram uma visita nessa casa, mas não resolveram nada. Já vai fazer uns cinco anos que eu e os meus vizinhos estamos apelando para vigilância sanitária. Já cheguei a falar com a assistente social sobre a situação, mas ninguém resolveu nada”, completou.
Diante do relato desses moradores, o jornal Tribuna entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto que, por meio de nota, comunicou que “o Comitê Intersecretarial de Atenção às Pessoas em Situação de Acumulação informa que a residência já foi vistoriada e as ações no local estão sendo programadas”.
Acumuladores em Ribeirão Preto: 67 toneladas em 2020
Em 2020, a Prefeitura de Ribeirão Preto, por meio do Comitê Intersecretarial de Atenção às Pessoas em Situação de Acumulação, realizou 12 ações de limpeza e apoio a acumuladores em Ribeirão Preto. Foi realizada uma ação por mês, com a retirada total de 67 toneladas de resíduos e materiais recicláveis das residências.
Segundo Kelly Cristina da Silva, coordenadora do Comitê Intersecretarial, três das 12 ações foram realizadas por amigos e familiares de acumuladores, com apoio e orientação dos órgãos públicos.
“Há casos em que mesmo a pessoa sendo mais jovem precisa ser atendida com urgência, devido à situação de risco da casa”, complementa a coordenadora.
De acordo com informações da Prefeitura Municipal, os critérios adotados pelo Comitê para avaliar os casos e estabelecer prioridade de atendimento a acumuladores são o grau de risco à saúde, a idade da pessoa a ser atendida e a situação da residência.
Para 2021, a previsão é manter os atendimentos e também realizar uma ação por mês.
Acumuladores compulsivos: O que são, sintomas e tratamento
Os acumuladores compulsivos são pessoas que têm uma grande dificuldade em se descartar ou deixar seus pertences, mesmo que já não tenham qualquer utilidade. Por esse motivo, é comum que a casa e até o local de trabalho dessas pessoas tenha muitos objetos acumulados, impedindo a passagem e o uso de várias superfícies.
Normalmente os objetos acumulados são aleatórios e podem até ser encontrados no lixo, mas a pessoa os vê como podendo ser necessários no futuro ou podendo vir a ter valor monetário elevado.
Este transtorno pode ser fácil de identificar por familiares ou amigos, mas, geralmente, a própria pessoa não consegue identificar que tem um problema e, por isso, não procura por tratamento. Já em outros casos, o transtorno é leve e, como não afeta as atividades diárias não é notado, também não sendo tratado. No entanto, sempre que existe suspeita, é importante consultar um psicólogo para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado.
Principais sintomas do transtorno
Normalmente, os acumuladores compulsivos apresentam sinais como:
– Dificuldade para jogar objetos no lixo, mesmo quando não têm utilidade;
– Dificuldade para organizar seus pertences;
– Acumular objetos em todos os locais da casa;
– Ter medo excessivo de ficar sem um objeto;
– Sentir que não podem jogar um objeto no lixo, pois poderão necessitar dele no futuro;
– Procurar por novos objetos, mesmo quando já têm vários do mesmo.
– Além disso, pessoas que são acumuladores compulsivos também se tornam mais isoladas, especialmente em casos mais severos, pois têm vergonha da sua própria situação e do aspecto de sua casa. Por este motivo, estas pessoas têm maiores chances de desenvolver outras doenças psiquiátricas, como a depressão, por exemplo.
Estes sintomas podem surgir ainda durante a infância, mas têm tendência a piorar com a idade adulta, quando a pessoa começa a comprar seus próprios pertences.
Em alguns casos, a pessoa que faz acumulação excessiva pode até acumular animais, chegando a ter várias dezenas ou centenas de animais que podem viver dentro de casa e ter poucas condições.
Como distinguir um acumulador de um colecionador
Muitas vezes o acumulador pode ser confundido com um colecionador, ou pode até utilizar a desculpa de fazer coleção, apenas que os outros não o vejam de forma estranha.
Porém, uma forma fácil de distinguir ambas as situações é que, normalmente, o colecionador tem orgulho em mostrar e organizar a sua coleção, enquanto o acumulador prefere manter em segredo e esconder os objetos que acumula, além de ter muita dificuldade em se organizar.
O que causa este transtorno
Não se conhece a causa exata que leva uma pessoa a fazer acumulação excessiva de objetos, no entanto, é possível que esteja relacionado com fatores genéticos, com o funcionamento cerebral ou com eventos estressantes da vida da pessoa.
Como é feito o tratamento
O tratamento para acumuladores compulsivos pode ser feito através da terapia comportamental, sendo que o psicólogo procura descobrir a causa da ansiedade que está causando o desejo de guardar as coisas. No entanto, este tratamento pode demorar vários anos para fazer efeito pois requer muita dedicação da pessoa.
Os remédios antidepressivos podem, também, ser utilizados para complementar o tratamento, ajudando o paciente a evitar o desejo de acumulação compulsiva, mas, nesse caso, devem ser indicados por um psiquiatra.
Normalmente os acumuladores compulsivos não procuram tratamento porque não percebem que a sua situação é uma doença, pelo que os familiares e amigos tomam um papel muito importante em ajudar a pessoa a se curar.
Possíveis complicações
Embora a acumulação possa parecer um transtorno pouco preocupante, a verdade é que pode ter vários riscos para a saúde, especialmente relacionados com alergias e infecções frequentes, já que o excesso de objetos torna mais difícil a tarefa de limpar a casa, facilitando o acúmulo de bactérias, fungos e vírus.
Além disso, dependendo do grau de acúmulo de objetos, também pode haver o risco de quedas acidentais ou até de soterramento, já que os objetos podem cair por cima da pessoa.
Já a nível psicológico, acumuladores compulsivos também têm maior tendência a ficar isolados e podem desenvolver quadros de depressão graves, especialmente quando reconhecem o problema mas não desejam, ou não podem, fazer o tratamento. (Fonte: Claudia Faria/Psicóloga – tuasaude.com)