Por João Pedro Malar
A Bienal do Livro de 2019 no Rio de Janeiro foi marcada pela tentativa do prefeito da cidade, Marcelo Crivella (Republicanos), de recolher uma história de quadrinhos que retratava um beijo gay. Pouco mais de um ano depois, os protagonistas da cena se casaram na história em quadrinhos.
Os heróis da Marvel, Wiccano e Hulkling, tinham se casado em segredo na quarta edição de Empyre. Os dois decidiram realizar uma nova cerimônia em Avengers Empyre: Aftermath, que contou com diversos heróis da editora, como a Capitã Marvel, o Homem de Ferro e o Quarteto Fantástico.
O casal foi introduzido na HQ Jovens Vingadores, de 2005, e os dois participaram de diversos eventos nos quadrinhos, incluindo em Vingadores – A Cruzada das Crianças, que motivou a polêmica na Bienal. Foi nela que um beijo entre os heróis foi mostrado pela primeira vez, em 2012.
O recolhimento dos quadrinhos, justificado com o argumento de que ele teria conteúdo impróprio para menores, não foi acatado pela Bienal, e eles esgotaram em 35 minutos no dia seguinte à determinação. O local também recebeu diversas manifestações – realizadas também nas redes sociais – contrárias à decisão, caracterizada como censura, que defenderam o respeito à diversidade.
O casamento é o primeiro entre dois super-heróis de mesmo sexo na Marvel, mas não é o primeiro casamento gay envolvendo personagens da editora. Em 2012, o herói Estrela Polar e o empresário Kyle Jinadu protagonizaram o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo na Marvel, na edição 51 de Astonishing X-Men.
O escritor Al Ewing, responsável pelas duas HQs com os “casamentos” de Wiccano e Hulkling, falou sobre a união quando a quarta edição de Empyre foi divulgada: “eu tenho muito amor pelo Wiccano e pelo Hulkling, tanto individualmente quanto como casal Foi uma boa sensação [mostrar o casamento]”.