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Casais separados, animais unidos

Dados do IBGE revelam que há mais cães de estimação do que crianças nos lares brasilei­ros. Pesquisa do Instituto, divul­gada em 2015, aponta que em 44,3% das casas do país há pelo menos um animal. Foram con­tados 52,2 milhões de cães, uma média de 1,8 animais em relação à presença de crianças.

Só na casa da jornalista Natá­lia Oranges são seis cães e mais dois gatos. Todos tratados como membros da família. “Eles são meus filhos. Faço tudo por eles. Eu e meu marido estamos até vendo novas casas porque pre­cisamos de mais espaço. É uma dedicação diária. Deixamos de viajar e de fazer muitas coisas porque não temos com quem deixá-los e sinceramente, não acho que cuidariam igual”.

Assim como a Natália, em muitos outros lares os animais são integrantes da família, alguns são até registrados. “Já existe re­gistro para estes animais, que é realizado em Cartório de Títulos e Documentos, onde constará nome, sobrenome, raça, data de nascimento, cor predominante e informações pessoais dos do­nos”, afirma a escrevente do 4º Tabelião de Notas de Ribeirão Preto, Camila Teixeira Machado.

Carlos H. Henrique Junior: “Os donos querem o melhor para seus amigos de patas e a raça é indiferente”

Diante da demanda por pro­dutos e serviços para cães, o setor PET registrou um grande avanço nos últimos anos. Atu­almente é possível encontrar de tudo para os amigos de patas, es­pecialmente para os cães.

Um exemplo disso em Ribei­rão Preto é um hotel construído especialmente para cachorros, com estrutura e serviços de pri­meira linha. “Oferecemos de hospedagem a creche. Os ca­chorros aqui podem nadar, cor­rer, brincar, fazer exercícios fí­sicos, ter um acompanhamento médico. Possuímos até materni­dade com isolamento acústico”, afirma o proprietário do Von Haus Henri Hotel para Cães, Carlos H. Henrique Junior, que ressalta que não importa a raça. “Os donos querem o melhor para seus amigos de patas e a raça é indiferente”.

Já que eles são considerados um membro da família, o que fazer quando acontece a disso­lução do casamento ou de uma união estável, com quem deve ficar o cachorro?

Para resolver casos onde não há o acordo de ambas as partes, tramita na Comissão de Consti­tuição e Justiça um projeto so­bre a guarda compartilhada de animais de estimação, que tem como objetivo resguardar a in­tegridade do animal, semelhante ao que acontece com casais com filhos menores de idade.

Camila Teixeira Machado ex­plica que o projeto prevê a ma­neira como os gastos com o ani­mal devem ser divididos entre os donos e inclui quatro hipóteses em que haverá a perda da pos­se e propriedade do animal, de forma definitiva e sem direito a indenização. “A perda pode ocorrer pelo descumprimento gratuito e repetido dos termos da custódia compartilhada, in­deferimento do compartilha­mento de custódia nos casos de risco ou histórico de violência doméstica ou familiar, renúncia ao compartilhamento da custó­dia por uma das partes ou por fim, comprovada ocorrência de maus tratos contra o animal de estimação”.

Se aprovado o projeto pode facilitar a vida de muita gente. O arquiteto Carlos Alberto Cor­deiro de Sá torce pela aprovação, já que passou por uma situação complicada há alguns anos.


Ele era casado e tinha dois cães quando ocorreu a separa­ção. “Dividimos terreno, carro, até Cd´s, tudo tranquilo, mas quando chegou a hora de de­cidir quem ficaria com os dois cães, começamos a brigar. Até que pensamos melhor e cada um ficou com um cachorro de acordo com o espaço que teria. O grande ficou comigo, já que eu mudei para uma casa e o cão pequeno foi com ela, que mudou para um apartamento”, relembra Sá admitindo que até chegarem a um acordo a situação causou um estresse.

Camila Teixeira Machado: “Já existe registro para estes animais, que é realizado em Cartório de Títulos e Documentos’

“O plano é instituir a vara de família para decidir sobre a custódia dos animais, regulando o dever de cuidado e contribui­ção das despesas, tais como ali­mentação e higiene, que serão de responsabilidade de quem ficar com a custódia. Gastos com consultas no veterinário, internações e remédios deverão ser partilhados”, explica a auxi­liar Maria Mariana Basso, do 4º Tabelião de Notas de Ribeirão Preto. “Tal projeto tem grande relevância social, visto que, o bi­chinho é considerado membro da família brasileira, ou seja, se trata de uma vida e deve ter seu bem-estar assegurado e respeita­do”, conclui.

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