O vulcão Cumbre Vieja, que entrou em erupção em La Palma, nas Ilhas Canárias, já destruiu mais de 200 casas e milhares de pessoas tiverem de ser evacuadas. A lava continua a descer lentamente a caminho do mar, destruindo tudo por onde passa. Mas há uma pequena casa que escapou à força da natureza. A Casa do Milagre, como já é chamada nas redes sociais.
O jornalista Gonzalo Suárez conta, no El Mundo, que a holandesa Ada Monnikendam navegava pelas redes sociais quando viu uma das várias fotografias do vulcão e da lava em La Palma. Era uma imagem, escreveu o jornalista, “de uma idílica casa unifamiliar que escapou milagrosamente ao rio de lava do vulcão do Cumbre Vieja, numa minúscula ilha rodeada de rocha vulcânica”.
Ao ver a imagem, Ada disse que conhecia a casa. “Eu e o meu marido construímos”, afirmou. O casal construiu a casa para Inge e Rainer Cocq, dois dinamarqueses que não vão à ilha desde que começou a pandemia. São octogenários e, com a pandemia de covid-19, ficaram com receio de viajar. Ada Monnikendam informou que todos choraram como loucos quando ela lhes contou que “a casa estava intacta”.
A holandesa vive na ilha desde 1976. É representante de uma empresa de construção de casas. Foi ela quem tratou da construção da “casa milagre”, como agora é conhecida. A lava circulou em volta da pequena casa que fica em El Paraíso, onde mais da metade de todas as residências foram destruídas, assim como a escola da localidade.
Os donos continuam na Dinamarca e não pensam em viajar logo para a ilha. Segundo o jornalista, eles ficaram, obviamente, muito contentes porque a casa escapou à fúria da natureza. Dizem agora que talvez voltem, quando a situação se acalmar. Eles ou os filhos.
A erupção vulcânica do Cumbre Vieja pode durar entre 24 e 84 dias, com média geométrica de cerca de 55 dias, segundo cálculos do Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias (Involcan). A duração da erupção é uma das perguntas que os especialistas fazem frequentemente e, embora não seja fácil de responder, pode ser calculada utilizando os dados conhecidos sobre a duração das erupções históricas que ocorreram no local.
De acordo com esses dados, a última erupção vulcânica na ilha, a de Teneguía em 1971, durou 24 dias; a de San Juan em 1949, durou 47 dias, e a de Charco em 1712, outros 56 dias. A erupção do vulcão San Antonio, datada entre 1667 e 1678, durou 66 dias; a do Tigalate, em 1646, durou 82 dias e a de Tehuya, em 1585, levou 84 dias. Para o vulcão Tacande, que entrou em erupção entre 1430 e 1440, não há dados sobre quanto tempo durou o processo.
Com esses dados, o Involcan calcula que a erupção atual, que começou no domingo (19), poderia durar uma média de 55 dias, com um máximo de 84 dias e um mínimo de 24. O Invocan também informou que, segundo as suas medições, a erupção vulcânica em La Palma emitiu diariamente entre 6.140 e 11.500 toneladas de dióxido de enxofre (SO2) para a atmosfera.
O instituto diz que a área afetada pelos fluxos de lava, desde domingo, totaliza agora 153 hectares, com base em imagens de satélite do programa europeu Copernicus. A lava do vulcão Cumbre Vieja continua a arrastar tudo em seu caminho – menos a Casa do Milagre – e desce em direção à costa da ilha de La Palma. Há o receio de que, quando se der o contato com a água do Oceano Atlântico, possam ser emitidos ainda mais gases tóxicos.
A erupção já causou a retirada de 6.100 pessoas, incluindo 400 turistas “que foram afastados das zonas de risco” e instalados em Tenerife, a maior das ilhas do arquipélago, de acordo com declaração do governo regional das Ilhas Canárias, feita anteontem ao fim do dia. Apesar dessa situação na ilha de 85 mil habitantes, não houve mortos ou feridos, mas os danos são enormes, acima de 400 milhões de euros. Até agora, a lava destruiu 185 prédios, 63 dos quais podem ser casas, informa o governo regional.