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Cultura

Cartum – Afasia antecipa aposentadoria de Angeli

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Um ícone do cartum e dos quadrinhos no Brasil, Angeli, com 65 anos de idade, está en­cerrando sua carreira. O car­tunista foi diagnosticado com afasia, doença neurodegenera­tiva que com sua evolução im­pacta na comunicação, verbal e escrita. A notícia foi publicada nesta quarta-feira, 20 de abril, pelo jornal Folha de S. Paulo, do qual Angeli se aposenta.

O perfil oficial de Angeli nas redes sociais, o Galeria Angeli, divulgou um comu­nicado relatando motivos de saúde para divulgar sua aposentadoria. “Seguiremos celebrando a obra de Angeli em novas publicações e expo­sições”, diz o comunicado da Galeria Angeli.

Os 50 anos da obra de An­geli deverão ser celebrados em uma publicação da editora Companhia das Letras, previs­ta ainda para este ano, coman­dada por sua mulher, Carolina Guaycuru, e André Coti. A ideia é agregar cerca de mil trabalhos, com as tirinhas pu­blicadas em jornais e revistas, além das charges e ilustrações, em dois volumes.

Os personagens
O cartunista marcou uma geração com a turma do Chi­clete com Banana. O verde Bob Cuspe era o verdadeiro anarquista, punk de periferia, que lascava uma boa cuspida em quem o irritava. Era fã das bandas Ramones, The Clash e Sex Pistols e virou animação em “Bob Cuspe – Nós não gos­tamos de gente”.

Os Skrotinhos eram os baixinhos mais sem trava na língua da turma e não perdoa­vam ninguém em suas piadas, fazendo parte do politicamen­te incorreto. E a dupla Wood & Stock não era menos divertida ao fazer alusão aos hippies dos anos 60, perdidos no tempo.

Ainda tinha o machão Bibe­lô e a dupla política Meia Oito que tirava uma onda dos esquer­distas dessa geração. De todos os personagens, ícone mesmo era a Rebordosa, com sua banhei­ra memorável, copo de bebida na mão e um cigarro na boca.

A heroína de Angeli, sem­pre de ressaca e envolvida em algum amor passageiro, foi cria­da em 1984 e se tornou uma das personagens mais populares e queridas dos quadrinhos no país. Tanto é que quando An­geli resolveu “matá-la” causou comoção entre os fãs.

“Angeli é fundamental, um sujeito que fez uma caminha­da e uma trajetória únicas. Ele trouxe para a charge e para o cartum elementos dos quadri­nhos, onde trabalhava perso­nagens e cenas da vida cotidia­na – urbana, principalmente”, diz Laerte. “Ele fundou uma linguagem pessoal”, completa.

Adolescente prodígio, o cartunista publicou seu pri­meiro desenho aos 14 anos na extinta revista Senhor. Em 1973, começaram as tirinhas da turma Chiclete com Banana na Folha de S. Paulo. A doença que acomete Angeli é a mesma do ator de Hollywood, Bruce Willis, de 67 anos.

Em março passado, o ator anunciou também pausa em seu trabalho por justamente a afasia afetar as habilidades cognitivas. No caso de Angeli, ainda não se sabe o que desencadeou a do­ença, que pode ter como causa mais frequente os acidentes vas­culares cerebrais (AVCs), seja hemorrágico ou isquêmico.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, a afasia também pode ocorrer depois de um traumatismo cranioencefálico (TCE), um tumor cerebral, um aneuris­ma, infecções cerebrais ou al­guns tipos de demência. O tra­tamento abre a possibilidade de diminuição dos sintomas.

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