Não aceitando de bom grado o reconhecimento papal do domínio dos reis católicos sobre as terras do Novo Mundo, os reis ingleses incentivaram navegantes a se aventurarem no oceano, bem como, buscaram atrair para solo inglês os melhores experts em navegação da época. Isso fez com que as atividades cartográficas nas ilhas britânicas, em especial em Bristol, fossem aceleradas já no século XV. Em 1497, com a viagem de John Caboto, navegador genovês a serviço de Henrique VII, iniciou-se a aventura inglesa transatlântica até o norte do continente americano.
Dando continuidade ao trabalho de Caboto, coube a seu filho, Sebástian, impulsionar a formação de uma poderosa frota britânica, a qual, com o tempo, posicionaria a Inglaterra como majoritária no domínio dos mares. De sua atuação nasceria a Company of Merchant Adventures, sociedade comercial que objetivava encontrar caminho para as Índias pelas regiões nórdicas do pólo. Relacionando-se comercialmente com os czares, monarcas do Império Russo entre 1546 e 1917, a Company se transformou na Companhia de Moscou, primeiro passo para se constituir numa instituição econômica que muito realizaria ao longo da época colonial.
Inspirada nos moldes da Casa de Contratação de Sevilha, contou com Richard Chancelor, explorador e navegador inglês, o primeiro a penetrar no Mar Branco e a estabelecer relações com a Rússia, e Stephen Burrough, navegador inglês, um dos primeiros exploradores do Ártico e do Mar Branco em 1553, também incentivador do comércio com a Rússia, como navegadores a capitanear os mares a partir de cartas náuticas hispano-lusitanistas, realizando relevantes levantamentos.
De acordo com o historiador Leo Bagrow, o primeiro mapa das Ilhas Britânicas impresso isoladamente, foi de autoria de Georgius Lilius Anglus, ou George Lily na forma latina, gravado em Roma, em 1546. A partir da segunda metade do século XVII, o sistema de medidas e a produção cartográfica inglesa ganharam grande impulso com o emprego dos fundamentos trigonométricos do conhecido matemático e agrimensor inglês Leonard Digges, presentes na obra Pantometria (1571). Dividida em três livros: Longimetra, Planimetra e Stereometria, esta obra continha regras para mensuração de todas as linhas, superficies e sólidos, tanto por instrumento quanto por fora, e também por óculos de perspectiva, para definir a verdadeira descrição ou exata planta de uma região inteira.
H. Lloyd, Christopher Saxton (cartógrafo inglês que produziu os primeiros mapas do condado da Inglaterra e do País de Gales), John Norden (cartógrafo, cronógrafo e antiquário inglês, planejou o Speculum Britanniae, série de mapas e histórias da Inglaterra, além de obras devocionais) e John Speed (cartógrafo e historiador inglês, desenhou mapas históricos em 1601 e 1627, descrevendo a invasão da Inglaterra e da Irlanda) são alguns dos autores ingleses que, com seus trabalhos cartográficos e descobertas, abrem caminho para a grande reforma cartográfica do século seguinte.
A criação de mapas, possibilitada pelos avanços na tecnologia de levantamento e impressão de chapas de cobre gravadas, tornou-se cada vez mais comum no reinado de Elizabeth. Os mapas de Londres e Westminster, no Speculum Britanniae, são as melhores representações conhecidas da metrópole inglesa sob os Tudors, assim como os de Middlesex, de Essex, de Hertfordshire e de Cornwall, este último com as estradas sendo indicadas pela primeira vez na cartografia inglesa.